Guerra convencional


Cenários de média ou alta intensidade não são a função principal de um navio de apoio de combate, mas eventualmente podem ter que operar nesta situação. Podem operar sozinhos, como parte de um grupo tarefa (frota ou comboio) ou juntos com outros navios de apoio de combate. Em uma guerra convencional um navio de apoio de combate poderia atuar como escolta auxiliar em apoio a comboios ou em grupos de ação de superfície. O mais provável seria atuar como figurativo inimigo em tempo de paz, ou agressor, simulando navios de guerra inimigos em treinamentos de guerra convencional. O conceito da classe Absalon já cita que é uma mistura de navio logístico, anfíbio e escolta (fragata).

As escoltas têm funções primárias como a proteção de unidades pesadas contra ameaças aéreas e submarinas, escolta de comboio, e atacar unidades de superfície inimigas. Também tem funções secundárias como apoio de fogo naval, direção de caça limitada, reconhecimento e operações independentes. Em uma guerra limitada, podem apoiar forças em terra, realizar defesa aérea ou de superfície, ou fazer mostra de força.

A princípio, um navio de apoio de combate seria relativamente pouco armado para diminuir os custos. Se o cenário exige defesas melhores, a primeira reação é adicionar uma escolta com a capacidade necessária.

Na Segunda Guerra Mundial, os contratorpedeiros de escolta eram as os navios mais simples usados para defender os comboios de navios mercantes. Operavam no lado oeste e no meio do Atlântico onde a ameaça de aeronaves e submarinos era bem menor. Depois passavam o comboio para as escoltas mais capazes que dariam cobertura nas áreas com maior ameaça próximos da Europa. Os contratorpedeiros de escolta não precisavam de alta velocidade ou de armas sofisticadas e tinham capacidade limitada em todas as áreas. Os contratorpedeiros que operavam no mar Mediterrâneo estavam mais ameaçados por aeronaves baseadas em terra e lanchas torpedeira e por isso tiveram seus torpedos trocados por artilharia antiaérea.

Durante a Guerra Fria, os contratorpedeiros mais sofisticados eram usados para proteção de Grupos Tarefa com porta-aviões. Eram necessários de três ou quatro navios mais capazes com boa capacidade de defesa aérea e o resto das escoltas seriam navios mais simples.

As operações de rotina de uma escolta em um Grupo Tarefa são manter a posição na cobertura interna ou externa, ser destacada como parte de um Grupo de Ação de Superfície, ou ir para a retaguarda para reabastecer e rearmar. Durante a guerra das Malvinas, as escoltas faziam reconhecimento costeiro, infiltravam de forças especiais e faziam até varredura de minas. Os Grupo de Ação de Superfície eram destacados para missões de busca de superfície, apoio de fogo naval, busca de submarinos e até superioridade aérea. As buscas antisubmarino eram realizadas nas áreas suspeitas de presença dos submarinos argentinos. As missões de superioridade aérea eram próximas ao aeroporto de Port Stanley com fragatas Type 42 apoiadas pelas Type 22 usando seus mísseis Sea Dart para bloquear aeronaves de transporte levando cargas para a ilha. As fragatas também eram usadas para receber cargas especiais lançadas de aeronaves Hercules e distribuir para outros navios da frota.

Gráfico descrevendo as missões que um navio de apoio de combate poderia realizar e a probabilidade de ocorrer. A grande maioria das missões, de média e baixa intensidade, podem ser realizadas por um navio de apoio de combate.

 

Guerra Antissubmarino

Um navio escolta com capacidade de guerra convencional precisa considerar quatro capacidades principais: guerra antiaérea, guerra de superfície, guerra anti-submarino e apoio de fogo naval.

Uma questão importante na guerra antissubmarino é exigir muitos recursos e um navio de apoio de combate pode ter que ajudar e vai precisar ter alguma capacidade de atuar contra submarinos. Na batalha do atlântico, os Aliados usaram cerca de 25 navios e 100 aeronaves para contrapor cada submarino alemão. Nas Malvinas, foram 20 helicópteros e 10 escoltas cobrindo o local de operação do submarino San Luis. Um navio de apoio de combate pode ser necessário para apoiar as escoltas nas missões antisubmarino.

O primeiro recurso a se pensar para transformar um navio de apoio de combate em uma arma antissubmarino é equipar o navio com helicópteros antissubmarino. O navio pode ser planejado para levar pelo menos dois helicópteros MH-16. O Reino Unido projetou os navios de reabastecimento da classe Fort Victoria com a capacidade de operar com cinco helicópteros antissubmarino Sea King. O navio apoiaria um comboio e poderia aproveitar o espaço para levar helicópteros maiores sem precisar de um porta-aviões dedicado.

A MB tinha sua capacidade de guerra antissubmarino centrada no NAe Minas Gerais e depois no NAe São Paulo para operar os helicópteros Sea King na missão. Se o navio estivesse inoperável, os helicópteros teriam que operar a partir de navios anfíbios com limitação no número de aeronaves.

O ideal é manter dois helicópteros com sonar cobrindo o trajeto de um Grupo Tarefa ou Comboio em busca de submarinos inimigos em locais de grande ameaça. Enquanto um helicóptero faz busca com o sonar o outro está se posicionando. A regra é ter seis helicópteros para poder manter dois no ar por longos períodos. Então três navios de apoio de combate, com cada um capaz de levar dois MH-16, poderiam realizar a missão que antes era realizada pelo porta-aviões Minas Gerais. A capacidade das escoltas de levar o MH-16 deve ser considerada, mas a MB ainda não opera nenhuma escolta com esta capacidade. Um navio de apoio de combate seria uma forma de suprir esta limitação sem ter que deslocar um navio para apoiar helicópteros como um navio de desembarque ou caso o NAM Atlântico esteja indisponível.

As estações de cobertura ao redor de GT pode incluir dois de helicópteros que atuam como navios adicionais, com mais um em prontidão. Fazer busca com o sonar do helicóptero em posições fixas na cobertura do GT ficam previsíveis e um submarino tenta contornar ou evitar, então o helicóptero não pode ter estação fixa na formatura. Geralmente operam entre os navios onde os submarinos tentam penetrar, mas fazem a busca de forma randômica, estressando possíveis submarinos. A emissão do sonar deixa de ser um navio previsível. Também fazem busca em locais possíveis de lançamento de torpedo dentro da cobertura do GT, assumindo que o submarino já deve ter penetrado. Outra estação de busaca é atrás do comboio procurando submarinos tentando perseguir, mas é usada menos frequentemente.

Os helicópteros fazem guerra anti-submarino realizando busca e ataque a submarinos de forma independente ou vetorado. Durante uma patrulha ASW, um helicóptero fica sempre de prontidão no convôo para identificar contatos detectados pelos sonares dos navios. É um meio de reação mais rápido disponível para detecção e identificação de longo alcance. A US Navy projetou as fragatas da classe FFG-7 com a capacidade de levar dois helicópteros já considerando a possibilidade de manter sempre um operacional. Os helicópteros poderiam conferir contatos com os sonares de longo alcance e poderia atacar a uma distância superior aos torpedos disparados pelo lança-foguete ASROC.

Os alarmes falsos são sempre altos e tem que avaliar todos os contatos. Geralmente são cardumes e aparecem por curto período nos sonares. Os helicópteros são ideais para avaliar contatos e atacar devido a grande mobilidade. Geralmente respondem em menos de 5 minutos até iniciarem a busca com o sonar. Para exemplificar, durante a guerra das Malvinas, nos 30 dias em que o submarino San Luis operou no local, os 33 helicópteros com capacidade antissubmarino britânicos realizaram 2.253 saídas com uma média de 75 por dia. Foram 6.847 horas de voo com uma média de 3 horas por saída. Foram 235 incidentes e 314 contatos submarinos (média de 10 por dia). Foram disparados 50 torpedos Mk46 e sete Mk44, além de 39 cargas de profundidade e 15 salvas de morteiros contra contados suspeitos.

Todos os sensores de um navio podem ser usados para guerra antissubmarino como o sonar passivo, sonar ativo, radar, MAGE, sensores FLIR e vigilância visual. Ainda na Primeira Guerra testaram a escuta de rádio para detectar submarinos e permitiu fugir dos locais onde havia submarinos. A análise das rotas dos submarinos levou ao uso de campos minados que foi a maior causa de baixas. Na Segunda Guerra, a escuta de rádio permitia detectar um submarino a até 50km. Os U-Boat usavam táticas de ataque em matilha e tinham que coordenar com o rádio. O kurier fazia transmissões em rajadas curtas que dificultou a triangulação. Os MAGE passaram a detectar os radares dos periscópios dos submarinos procurando alvos a noite. Os radares passaram a ser usados para detecção e os postos de vigilância visual era importante para detectar periscópios e trilhas de torpedos. O aparecimento do snorkel permitiu que o submarino operasse submerso com boa velocidade e dificultou a busca visual e radar.

Para um avio de apoio de combate ter capacidade dedicada de guerra antissubmarino o navio precisa de sensores (sonares) e armas (torpedos). Os lançadores de torpedos são relativamente fácies de instalar. Um sonar vai ocupar espaço e vai exigir pessoal dedicado e treinamento o que aumenta o custo. Os sonares podem ser modulares, sendo instalados nas aberturas na popa. Um sonar rebocado (Towed Array) é mais simples e barato, mas é usado mais em alto mar. Um sonar de casco pode ser de média frequência, ideal para operar no litoral, ou de baixa frequência, mais indicado para operar em alto mar. Um navio operando como picket é um alvo fácil operando isolado, mas grupos de dois ou três navios são mais difíceis para os submarinos. Os navios com sonar Towed Array costumam operar em posição bem avançada, cerca de duas zonas de convergência, e estão mais vulneráveis. O alcance de um sonar rebocado pode chegar a 180km. Um navio com sonar rebocado precisa ser silencioso pois o barulho do navio pode refletir no fundo do mar até os sensores. Geralmente o navio faz corridas entre períodos de escuta a baixa velocidade (para ficar bem silencioso) e poder acompanhar um GT ou comboio.

Já na Segunda Guerra perceberam que a guerra antissubmarino era muito difícil e 90% dos contatos era falso e a maioria dos ataques era contra cardumes, navios naufragados e correnteza. Mesmo no caso de contatos reais era difícil ter sucesso e precisava de muita persistência.

Em 1915, a Royal Navy iniciou o uso de hidrofones para detectar submarinos, mas eram de curto alcance e só eram usados na fase de ataque. Em 1920 era possível acompanhar um navio a 20km de distância. O primeiro sonar foi testado em 1927, mas só era usado para ataque igual a um farol de busca. Funcionavam mais para dissuadir ataques pois eram pouco eficientes. Contra um submarino, primeiro precisavam de uma indicação que havia um submarino na área. Para aumentar a área coberta os navios faziam escolta em linha para cobrir uma faixa maior. Os sonares com capacidade de busca só apareceram depois da Segunda Guerra.

Os sonares busca de baixa frequência permitem fazer busca a cerca de 18km e exigiu armas longo alcance como o torpedo de longo alcance, torpedos lançados por foguetes (como o ASROC) e torpedos lançados de helicópteros. Já os sonares de profundidade variável (VDS) são necessários pois dobram a probabilidade de detectar um submarino tentando penetrar a cobertura de um GT.

Os sonares de casco passaram a ter feixe pré-formado por computador permitindo criar vários feixes para acompanhar vários alvos. A tecnologia digital também passou a simplificar o trabalho do operador e diminuir o número de tripulantes. Sonares analógicos nem podiam ter toda sua capacidade aproveitada por serem complicados de operar. O alcance e a probabilidade de detecção aumentaram. Uma antena adicional no lado do casco permite aumentar o alcance em alto mar para cerca 50km. Sem ela ficam limitados a cerca de 18km. O alcance maior permite diminuir o número de escoltas para cobrir um GT.

Durante a Guerra Fria, a US Navy estudou equipar alguns navios mercantes com o sonar SQS-26. O calado maior era ideal para um sonar. A US Navy escolheu a força bruta dos sonares SQS-26 e SQS-53 que usa um arranjo de 4,8 metros de diâmetro e pesa 30 toneladas. Outra opção são os sonares rebocado passivo (Towed Array) que são mais baratos que o sonar de casco e não sofrem interferência de um navio barulhento. O sonar rebocado britânico Type 2031 tem 1.839 metros de cabo e 663 metros no arranjo de sensores. A profundidade é determinada pela velocidade e tamanho do cabo.

Na Primeira Guerra Mundial, a primeira arma usada para atacar os submarinos era abalroar pois ainda não existia carga de profundidade. Os submarinos eram navios que podiam submergir para se esconderem. Operavam na superfície e desciam se um inimigo se aproxima, ou para preparar um ataque ou após disparar os torpedos. As táticas de guerra antissubmarino era forçar a operarem submersos. A assinatura visual era mais importante como detectar o periscópio, a trilha do torpedo e até a sombra do submarino em pouca profundidade. Até a cortina de fumaça era uma arma antissubmarino pois os sensores dos submarinos era apenas visual com periscópio. Os comboios desencorajavam os ataques ou ficavam menos efetivos pois concentrava as defesas ao invés de dispersar caçando submarinos. As cargas de profundidade mostraram serem eficientes ao disparar em local suspeito. A Royal Navy iniciou o uso em 1916. Em 1917, as escoltas levavam até 80 cargas de profundidade.

Os comboios deixaram poucos alvos para os submarinos, mas mesmo assim eram usados apenas nos dois diais finais até o porto pois os submarinos tinham limitação de alcance. A reação Alemanha foi atacar a noite na superfície quando os submarinos navegam mais rápido. Eram até mais rápidos que os comboios e não ficavam limitados a ataques no setor frontal. A reação foi adicionar mais escoltas em cada comboio e adicionar escoltas na traseira do comboio. A solução só apareceu com o radar.

Evadir um submarino com velocidade é efetivo e a velocidade pode ser considerado uma arma. Em área com ameaça submarina os navios navegam fazendo evasivas em zig-zag para complicar o disparo de torpedos. Os comboios eram divididos pela velocidade dos navios com os comboios rápidos e os lentos. Os submarinos navegavam entre 10 nós e os navios navegando a 15 nós estavam protegidos a não ser no setor frontal. Os submarinos ficaram mais rápidos depois da Segunda Guerra Mundial e forçou o uso de navios capazes de navegar a 20 nós em cruzeiro.

Os submarinos nucleares são capazes de atingir uma velocidade de 30 nós, mas não poderiam detectar alvos com o sonar passivo. Fazem busca a 15 nós e navegam mais próximo da superfície para disparar torpedos. Depois de detectados que aceleram na velocidade máxima para evadir. As escoltas não conseguem alcançar e a reação tem que ser uma arma de longo alcance ou helicópteros. A velocidade ficou mais importante para evadir os torpedos.

Contra submarinos convencionais mais lentos, a tática era formar unidades de busca e ataque (Search Attack Unit - SAU) capazes de cobrir "linhas limitadas de aproximação submersa ((Limiting Lines of Submerged Approach - LLSA) que são setores na frente do comboio onde os submarinos convencionais conseguem se posicionar e atacar. Os primeiros submarinos nucleares podiam usar a velocidade para se aproximar de qualquer direção do corpo principal da frota ou de um comboio, incluindo diretamente por trás.

A doutrina indica afundar o submarino antes que ele consiga disparar suas armas. São usadas várias zonas de defesa, desde o porto inimigo, atacando os submarinos no porto com mísseis de cruzeiro, vigilância a longa distância com aeronaves de patrulha marítima, cobertura externa e cobertura interna de um Grupo Tarefa e a cobertura na zona de risco de torpedo. Os helicópteros costumam cobrir a primeira linha de convergência a cerca de 50km do grupo tarefa e ficam metade do tempo operando o sonar e a outra metade se deslocando entre as posições ou navios.

Se não for possível evitar um ataque de torpedos de um submarino, tem que conter com engodos. O engodo mais comum é rebocar um gerador de ruído atrás do navio. Um torpedo do submarino San Luis atingiu um gerador de ruído Nixie da fragata britânica Alacrit, mas não explodiu. Os britânicos nem perceberam o que causou a pane no Nixie. Em caso de detecção de um ataque de torpedo, a sonorização da água com explosivos atrapalha os sonares, mas ninguém consegue ouvir nada. Os navios atacados têm a chance de evadir, mas os submarinos também. Sistemas de defesa ativo, como um torpedo anti-torpedo, são muito difíceis de desenvolver e os alarmes falsos são muito comuns.

A US Navy usa o sistema Prairie-Masker para gerar bolhas no casco e nas hélices para abafar o barulho gerado pelo navio e esconder a assinatura. Ao invés de ouvirem o maquinário dos navios, os sonares passivos irão escutar um barulho similar ao da chuva. O sistema diminui o alcance dos sonares inimigos ao mesmo tempo que torna os próprios sonares mais eficientes. O Prairie é instalado ao redor da sala de máquinas enquanto o Masker é instalado nas hélices. Os submarinos também podem usar o Pririe-Masker enquanto estão usando o Snorkel e precisam de muito ar para gerar as bolhas.

Outras contramedidas passivas são navegar em zig-zag, cerca de 20 graus para cada lado da rota, e variar a frequência entre as hélices em cerca de 20 RPM continuamente para atrapalhar a contagem da rotação. Navegar em zig-zag com uma perna curta e outra longa é suficiente para atrapalhar a determinação de distância por sonares passivos.



A classe Absalon tem um compartimento interno onde ficam os tubos de torpedos. O paiol dos torpedos serve os tubos e os helicópteros. O padrão da US Navy é levar nove torpedos para cada um dos seus helicópteros de guerra antisubmarina. Instalar os tubos dentro do navio ajuda a preservar contra as intempéries e evita panes.

Detalhes do sonar rebocado na popa da Crossover. O sonar rebocado seria um módulo de missão opcional. O sonar rebocado não é adequado em águas rasas pois pode prender em obstáculos no fundo e ser perdido (custando alguns milhões de dólares).

 

Guerra de Superfície

Até meados do século XIX, a arma naval dominante era o canhão. Eram necessários vários acertos diretos para destruir ou afundar um navio blindado. A competição entre o canhão e a blindagem levou aos grandes encouraçados e poucos países eram capazes de operar navios tão caros. A Royal Navy planejava destruir a frota inimiga nos portos ou próximo, tomando a base ou realizando bloqueio naval. A proteção do comércio marítimo só seria viável se a frota inimiga não ameaçasse as forças mais fracas protegendo o comércio. As grandes batalhas navais eram realizadas nos portos ou estreitos como Tsushima. Antes do rádio, era mais fácil encontrar o inimigo nos portos e a batalha da Jutlândia só ocorreu em alto mar após a interceptação de comunicações de rádio dos alemães.

A invenção do torpedo criou um novo paradigma pois bastava apenas um acerto para afundar um navio grande e era uma arma que podia ser disparada por embarcações bem pequenas. Uma marinha costeira passou a ser capaz de se defender de uma grande marinha fazendo bloqueio. A tática era usar ataques furtivos a noite com os torpedeiros. A própria Royal Navy usava porta torpedeiros para levar os torpedeiros até os portos inimigos.

As lanchas torpedeiras precisavam ser contrapostas por um interceptador que foi o contratorpedeiro assim como as aeronaves torpedeiras eram contrapostas pelos caças interceptadores. O interceptador tinha que ser mais rápido que o alvo para alcançar ou cobrir uma grande área ao redor do encouraçado.

Os contratorpedeiros foram criados para proteger os couraçados contra os ataques das lanchas torpedeira, mas também podiam ser usados como torpedeiros aproveitando a grande velocidade e por isso foram armados com torpedos. Os torpedos eram a principal arma ofensiva dos contratorpedeiros e depois os porta-aviões passaram a ser a arma ofensiva principal com os contratorpedeiros atuando mais como escoltas.

Um engajamento frota contra frota ficou pouco provável após a Segunda Guerra. As ameaças na rota de um comboio seria o mais comum nas missões de proteção do comércio. Os contratorpedeiros seriam usados mais para cobertura com a capacidade de ataque com torpedos mantido devido a ameaça de cruzadores Soviéticos da classe Sverdlov ameaçando os comboios. Os torpedos permitiam que as escoltas confrontassem incursores de superfície. Era uma missão dos cruzadores, mas eram poucos e a outra opção era usar os contratorpedeiros.

Os incursores de superfície foram uma grande ameaça contra os comboios indo para a Rússia. Os ataques, e até mesmo a ameaça de ataques, levou Stalin a investir em cruzadores após a Segunda Guerra Mundial. Um ataque de torpedo era eficiente mesmo se não fosse realizado. O inimigo pode fugir como ocorreu na batalha da Jutlândia devido a simples ameaça dos torpedos. Forças menores conseguiram superar forças superiores com ataques de torpedos em pelo menos três combates na Segunda Guerra Mundial.

Na Segunda Guerra Mundial, para cada engajamento contra outro navio, ocorria cerca de 20 engajamentos contra aeronaves. Os combates navais com canhões foram poucos depois da Segunda Guerra e geralmente passaram a usar mísseis anti-navio como nos combates entre Índia e o Paquistão. Durante a Guerra das Malvinas ocorreu apenas um engajamento navio contra navio. A fragata HMS Alacrity detectou o navio Isla de Los Estados a 10km enquanto patrulhava o estreito entre as ilhas. Primeiro disparou tiros de iluminação e tiros de advertência antes de atacar. Os outros ataques dos britânicos contra navios foram feitos com os Sea Harrier ou helicópteros Lynx armados com os mísseis Sea Skua ou os Wessex armados com os mísseis SS-12. A batalha de Latakia em 1973 e a Praying Mantis em 1988 (11 mísseis Harpoon e cinco Standard) são outros exemplos, dos poucos, de batalhas com engajamento entre navios de superfície. Durante a Guerra do Vietnã, em maio de 1972, ocorreu um engajamento entre navios da US Navy atacando alvos na costa  próximo ao porto de Haifong que foram atacados por lanchas torpedeiras do Vietnã do Norte.

Os mísseis anti-navio deram novamente capacidade ofensiva para as escoltas com os helicópteros equipados com mísseis sendo o componente aéreo. Os mísseis anti-navio viraram a opção barata para marinhas que não podiam operar com aeronaves de caça embarcados. A ameaça dos mísseis anti-navio Styx exigiu um interceptador que viraram os helicópteros armados com mísseis para detectar e atacar a plataforma lançadora antes que disparassem os mísseis. Na MB, o interceptador foi o Lynx com o míssil Sea Skua copiando o conceito da Royal Navy.

A Royal Navy iniciou estudos para armar seus navios com mísseis anti-navio em 1966 como reação as primeiras escoltas Soviéticas armadas com mísseis. Primeiro armou os helicópteros com mísseis mais leves contra lanchas rápidas. Seria comum seus navios operando sozinhos no início de um conflito e poderia ter navios inimigos próximos (os "fofoqueiros" que denunciariam a posição). Foi planejado equipar quatro mísseis por navio, mas queriam armar com oito mísseis mais leves e com maior alcance que virou o Harpoon. Na vigilância da falha GIUK, os navios britânicos iriam seguir (marcar) os navios soviéticos. Era chamado de batalha do primeiro disparo. Também teriam que evitar ser seguidos (contra marcação). Tinham que ser rápidos para manter a posição contra navios mais rápidos e poder fugir se necessário.

Os mísseis anti-navio atuais permitem que as escoltas atuais tenham um poder ofensivo muito maior que os navios armados apenas com canhões, seja em alcance, precisão ou poder destrutivo. O engajamento mais distante da Segunda Guerra ocorreu a 24km de distância quando, em 1940, o HMS Warspite atingiu o Giulio Geesare com um projétil de 380mm. Esta distância pode ser facilmente superada pelos mísseis anti-navio.

Na batalha da ilha Komandorski, dois cruzadores e quatro contratorpedeiros da US Navy enfrentaram quatro cruzadores e quatro contratorpedeiros japoneses. Foi a última grande batalha entre navios sem a participação da aviação. O cruzador americano USS Salt Lake City foi atingido cinco vezes em um combate de 3,5 horas. Outros 200 tiros explodiram a menos de 200 metros do navio. O navio tinha um estoque de 1.500 tiros de 203mm e disparou mais da metade. O míssil Harpoon tem uma ogiva de 220kg sendo equivalente a um projétil de canhão de 10 polegadas (254mm) dos encouraçados. O alcance do míssil é várias vezes maior que os canhões pesados e pode armar navios bem menores. Uma fragata com quatro mísseis poderia fazer mais estrago no USS Salt Lake City, citado anteriormente, que toda a força japonesa, em um tempo bem menor. A razão de acerto seria mais importante que a razão de disparo. Os incêndios desabilitam um navio bem antes de afundar.

A regra é considerar a raiz cúbica de um milésimo do deslocamento do navio para calcular o número de mísseis para afundar o navio. Na prática parece ser bem menor como os dois mísseis Neptune que afundaram o cruzador Moskva enquanto a fórmula padronizada indica que seria necessário cinco mísseis. Aumentar o peso da cabeça de guerra gera pouca vantagem. Os danos posteriores a explosão como incêndios e fumaça tóxica pode facilitar o trabalho dos mísseis. Os navios atuais são bem mais densos em termos de explosivos e material inflamável. Levar mais mísseis com menor poder de destruição e maior alcance pode ser compensador, com o combustível extra sendo usado para aumentar os danos da ogiva.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos navios afundados ou seriamente danificados foi por bombas lançadas por aeronaves seguido pelos torpedo e depois pelos canhões navais e minas. Os projéteis de canhões tinham precisão de 1 a 2% a longa distância. A maior parte do peso do projétil era a carcaça projetada para suportar a pressão do disparo e apenas 10% do peso era composta de explosivo e chegava a 2% nas munições perfurantes. Com pouca potência só causavam danos sérios se atingissem pontos vitais.

Já uma bomba disparada pelas aeronaves chegava a ter 70 a 80% do peso composto por explosivos, mas era mais fácil ser danificada no impacto. A explosão causava danos pelo calor, incêndios, estilhados incendiários e furava a estrutura facilitando espalhar inundações. Esperavam que o bombardeiro de mergulho equipado com bombas com espoleta de atraso pudesse causar efeito similar a torpedo, mas era pouco preciso e difícil de implementar. As bombas pesadas explodindo na superestrutura causam menos danos que as bombas menores penetrando bem dentro do navio e causando danos estruturais graves, inundações e incêndios. O hangar blindado do porta-aviões Illustrious mostrou não ter valor. Acertos muito próximos não causavam muito dano adicional.

As estatística da Royal Navy da Segunda Guerra mostram que metade dos contratorpedeiros atingido por apenas um torpedo afundou. Dos 15 contratorpedeiros atingidos por 2 torpedos, 13 afundara. Dos três atingidos por três torpedos, dois afundaram. Os cruzadores eram obviamente bem mais resistentes com 21 atingidos por um torpedo e apenas dois cruzadores leves afundados. Dos cinco cruzadores atingidos por dois torpedos apenas dois afundaram.

A mina de contato causa um buraco no caso semelhante ao torpedo. Geralmente danificava a proa e facilitava voltar para o porto. A mina de fundeio causava dano com o choque, efeito chicote e inundação.

Os navios da classe Absalon foram armados com 16 mísseis Harpoon para apoiar missões anti-navio. É o padrão atual já considerando que seria necessário um grande número de mísseis para saturar as defesas modernas. A capacidade anti-navio "modular" também pode vir na forma dos helicópteros. Os UH-15 da MB podem levar dois mísseis Exocet com alcance de 70km. Se for disparado de um helicóptero, o alcance aumenta em pelo menos 250 km. Em um combate navio contra navio significa que um navio de apoio de combate pode disparar bem antes que uma escolta. A capacidade do UH-15 pode ser adicionada aos MH-16 com os mísseis Penguin e os Lynx com os mísseis Spike.

As novas fragatas da US Navy da classe Constellation serão equipadas com 16 mísseis anti-navio NSM para ter capacidade de saturação. Quando o míssil Harpoon entrou em operação os requisitos eram dois mísseis nos lançadores ASROC mais duas recargas no paiol. A US Navy estimava que o míssil Harpoon poderia garantir pelo menos um acerto a cada quatro disparos e virou a quantidade mínima necessária. O ASROC também podia ser equipado com o míssil anti-radar Standard-ARM que podia ser disparado contra emissores de radar no mar e em terra.

Os canhões de médio calibre passaram a ter capacidade anti-navio secundária, principalmente contra embarcações leves, com a função principal sendo o apoio de fogo naval. Para exemplificar, a torre de Mk 42 de 127mm tinha uma probabilidade de acerto de 6% contra um navio a 17 km de distância ou cerca de 2,5 acertos por minuto. Os mísseis superfície-ar Terrier e Tartar, os primeiros a equipar as escoltas da US Navy, tinham capacidade anti-navio podendo causar mais danos e a maiores distâncias em um menor tempo. Continuaram usando canhões para evitar disparar um míssil muito caro contra um navio e seriam necessários vários disparos pois a ogiva dos mísseis era inadequada. Um contratorpedeiro da Segunda Guerra precisava ser atingido 20 a 30 vezes por tiros de outros navios semelhantes para ser totalmente posto fora de ação ou afundado. Alguns contratorpedeiros sobreviviam a contatos a curta distância com cruzadores pois a munição perfurante atravessava o navio sem explodir, perfurar o fundo do casco, e sem atingir pontos vitais como os motores ou o paiol.

Realizar tiro de advertência seria o uso mais provável dos canhões contra navios que não cooperam, mas pode ser feito até com canhões automáticos leves de 20mm ou 40mm. Geralmente fazem graduação de força com uma peça menos potente até uma peça mais potente. Na Segunda Guerra Mundial, os canhões de 40mm mostraram ser o ser ideal contra as lanchas torpedeiras tentando se aproximar para disparar torpedos. A US Navy considera o principal ameaça de superfície atual os ataques de saturação de pequenas embarcações suicidas e para isso está equipando suas escoltas com canhões automáticos de 57mm.

Contra embarcações, os canhões de 40mm podiam fazer um buraco de cerca de 30cm. Eram mais efetivos disparados em tiro único, um por segundo, para facilitar a pontaria. Um estudo britânico de 1955 indicou que o calibre de 40mm era o mínimo necessário para causar danos sérios em um barco de patrulha inimigo. O canhão de 20mm era valorizado por ser fácil de instalar em um convés resistente, bastando apenas aparafusar o pedestal.

A capacidade anti-navio de um navio de superfície tem limitações quanto aos tipos de alvos que podem engajar. Se for uma força tarefa inimiga com porta-aviões é melhor se esconder e chamar os submarinos e a aviação de ataque baseada em terra. Já um grupo de ação de superfície sem apoio aéreo pode ser contraposto por helicópteros equipados com mísseis anti-navio de longo alcance como o Caracal equipado com o Exocet. O helicóptero adiciona algumas centenas de km de alcance nos sensores e nos mísseis anti-navio (cerca de 300km) e permite atacar sem o risco de um contra-ataque.

Em 1967, lanchas lança-mísseis do Egito afundaram o contratorpedeiro Eliat israelense com um míssil Styx. Equipar os helicópteros embarcados com um radar de busca e mísseis anti-navio foi uma reação. Ao invés de instalar um míssil de longo alcance em um navio para disparar contra os navios inimigos antes que fosse atacado, outra solução seria usar um helicóptero para encontrar e atacar os navios inimigos. O míssil poderia até ser bem menor no caso da ameaça serem as lanchas lança-mísseis como no caso do ataque contra o Eliat. A outra opção é usar o helicóptero para indicar alvos além do horizonte para os mísseis dos navios, realizando guerra de superfície ofensiva. Os contratorpedeiros concentravam os canhões na proa, pelo menos quatro canhões médios, para perseguir a ameaça. Agora ficou mais fácil com os helicópteros e mísseis e nem adianta ser rápido para tentar fugir.

A Royal Navy usava o helicóptero Lynx para esclarecimento. O radar Seaspray tinha alcance de 80km contra alvos no mar e era necessário fazer várias varreduras ao redor do navio para cobrir toda área de interesse. A versão mais atual AW159 Wildcat com radar Seaspray 7400E tem alcance de 180km. O helicóptero decola, sobe até 3 mil pés (cerca de mil metros) e já tem as informações ao redor do navio após poucas varreduras com o radar. Dados do MAGE e do FLIR podem ajudar a identificar os contatos.

Uma Força Tarefa pode destacar um grupo de ação de superfície (SAG) com 2 ou 3 navios para investigar contatos superfície enquanto a FT vira na direção contrária. A princípio seria enviado um helicóptero, mas o mau tempo pode impedir. A noite a ameaça de superfície é maior enquanto de dia a ameaça aérea é maior. Se o contato é sabidamente inimigo, pode ser enviado um Grupo de ataque de helicópteros (Helicopter Attack Group - HAG).

A US Navy usa o helicóptero SH-60 equipado com um radar e um datalink para passar os contados direto para os navios para auxiliar o disparo dos mísseis Harpoon contra alvos além do horizonte. Sem este apoio só poderiam disparar contra alvos visíveis pelos radares dos navios e ficariam limitados a 26km. Os russos usaram uma técnica diferente na forma do sistema Mineral/Band Stand que era secreto até o fim da Guerra Fria. O sistema usava radares com técnicas de dispersão troposférica e ducto de superfície para detectar alvos além do horizonte. O ocidente usa a dispersão troposférica geralmente para comunicações pois a maior parte da energia é perdia. O duto de superfície usa outra antena para aproveitar a propagação anômala do radar que vai além do horizonte. Os russos usam uma antena operando na banda L para a dispersão troposférica e uma na banda X para o ducto de superfície para permitir o uso simultâneo. Os russos citam que o Mineral pode atingir um alcance de 180km no moto ativo e até 450 km no modo passivo nos sistemas mais modernos como o Mineral-ME que inclui um datalink para troca de dados entre vários navios.

O uso de aeronaves em navios de escolta foi testado ainda na década de 1920 com hidroaviões sendo lançado de contratorpedeiros sem muito sucesso. A US Navy operou cinco contratorpedeiros classe Fletcher com catapulta para um hidroavião para realizar reconhecimento para um grupo de contratorpedeiros (esquadrão ou divisão). O navio levava 7 mil litros de combustível de aviação. A Holanda operava com hidroaviões em alguns contratorpedeiros. O Japão construiu o navio de apoio de hidroaviões Nisshin pois os tratados limitavam a construção de cruzadores, mas não de navios tender (navio-mãe) de hidroaviões. O navio foi equipado com seis canhões de 14 polegadas que era equivalente a um cruzador leve. Os hidroaviões operavam nos cruzadores em missões de reconhecimento, ajuste de artilharia, busca e salvamente e ligação geral. Já a classe Chitose também podia levar minisubmarinos no lugar dos hidroaviões. Os cruzadores da classe Tone foram criados para levar até seis hidroaviões de reconhecimento visto que os porta-aviões japoneses levavam apenas aeronaves de ataque.

O uso de hidroaviões embarcados em cruzadores e couraçados era necessário para corrigir tiros a longa distância, substituindo os diretores de tiro em mastros altos. As aeronaves precisavam de superioridade aérea local, bons rádios e bom desempenho. A US Navy usava apenas para regulação de tiro enquanto a Royal Navy usava também como reconhecimento. A US Navy operou com hidroaviões até 1948 quando foram todos substituídos por helicópteros.

Na Primeira Guerra, os balões rebocados eram um meio de levar observadores a grande altitude para melhorar a linha de visada ao redor das escoltas. Só eram usados em combate, mas para escolta anti-submarina eram usados continuamente.

Em alguns cenários pode ocorrer dos alvos surgirem a distâncias relativamente curtas e dentro da linha de visada, como nos cenários no litoral, quando os helicópteros não podem decolar devido ao mau tempo para fazer vigilância ao redor. Outra situação é não poder usar os mísseis anti-navio por panes ou falta de munição, ou os canhões também estão inoperantes. Nestes cenários, os mísseis superfície-ar passam a ser uma opção para engajamento de emergência contra alvos dentro da linha de visada assim como os canhões automáticos de menor calibre. A principio o custo é proibitivo, mas evitar um contra-ataque inimigo pode sair barato. Danificar os sensores e armas inimigos pode facilitar os ataques posteriores com mísseis anti-navio.

O poder de destruição de um míssil superfície-ar pode não ser adequado, mas os danos causados podem atingir sensores e armas e colocar o navio fora de ação. O tempo de reação de um míssil superfície-ar pode ser bem menor que o disparo um míssil anti-navio até por serem bem mais rápido (supersônicos) e pode ser disparado em salva. Disparar um míssil MM38 demorava cerca de 96 segundos e após apertar o botão de disparo ainda demorava de 2 a 5 segundos para o motor foguete ligar. A US Navy testou os seus novos mísseis de longo alcance SM-6 contra navios com capacidade além do alcance visual (até 250km).

Alguns episódios de fogo amigo mostram esta capacidade dos mísseis superfície-ar contra navios. Em 1968, o contratorpedeiro australiano HMAS Hobart foi atingido por três mísseis Sparrow disparados pelso F-4 Phantom da USAF que pensavam estar atacando helicópteros do Vietnã do Norte. O USS Worden foi colocado fora de ação por 30 minutos em 1972 após ser atingido por um míssil Shrike (derivado do Sparrow) no Golfo de Tonkin. O míssil explodiu 30 metros acima do navio e estilhaços foram espalhados pelo navio que ficou sem energia, luz e comunicações. Voltou a operar com 60% da efetividade e precisou de longos reparos. Em 1992, o contratorpedeiro turco Muavenet foi atingido por dois mísseis Sparrow disparado pelo US Saratoga. Um um atingiu a ponte e o CIC enquanto o segundo atingiu um paiol, mas não explodiu. A blindagem não protege os sistemas externos sem blindagem e são muitos e fáceis de serem colocados fora de ação

 


O UH-15B Caracal da MB pode ser armado com dois mísseis Exocet AM39 B2M2 para missões anti-navio.

Um UH-15B disaprando um míssil Exocet durantes testes em 2021.


O convés de armas da classe Absalon pode receber até 16 mísseis Harpoon em quatro lançadores quádruplos. Em tempo de paz costumam operar com capacidade bem reduzida.


Convés de armas da fragata classe Formidable de Cingapura. Os mísseis foram retirados e no local foram instalados um guincho em uma base modular para operação com embarcações RHIB em operações de baixa intensidade.

A MB mostrou fotos do projeto MANSUP com opções de melhorias como várias opções de guiamento, cabeças de guerra, propulsão e asa. O modelo mais barato usaria guiamento por GPS, laser e até mesmo sensores de imagem usados por drones letais podem ser possíveis devido ao baixo custo com o operador controlando a partir de um helicóptero em posição avançada.
 

Apoio de Fogo Naval

A capacidade de atacar alvos em terra pode ser feita com um canhão de médio calibre. Os canhões de médio calibre eram armas multifuncionais para atacar alvos em terra, mar e no ar, mas passaram a ter como função principal atacar alvos em terra para apoio de fogo naval (NGFS) ou interdição.

Nas operações anfíbias com oposição, o apoio de fogo naval é crucial nas primeiras horas e dias de operações até a artilharia orgânica se fixar na praia. O alcance dos canhões navais é a maior limitação e complica ainda mais no caso de assalto aéreo que desembarca tropas bem dentro da praia. Os mísseis com capacidade de ataque terrestre tem longo alcance, mas são limitados para fogo sustentado. Um canhão naval apoiando operações anfíbias pode ser usado para apoiar pequenas incursões anfíbias, desembarques anfíbios antes da artilharia desembarcar, apoiar retirada anfíbia após a artilharia reembarcar, reforçar a artilharia baseada em terra, e realizar ataques punitivos.

Os primeiros transportes de tropas eram armados para com canhões de 127mm ou 155mm para dar apoio de fogo durante o desembarque. Os canhões podiam ser retirados dos navios e levados para a terra para defesa de bases. Os canhões também eram usados para autodefesa se o navio navegasse sem escolta por isso eram instalados prioritariamente na popa para fugir e atirar ao mesmo tempo. Com a ameaça aérea aumentando começaram a receber mais canhões antiaéreos que substituíram a maioria das peças de maior calibre.

Os calibres menores como os canhões de 76mm podem ser usados para manter o inimigo de cabeça baixa para permitir que as tropas amigas avancem. Um canhão automático de 57mm ou 76mm equivale a uma bateria de morteiros de 60mm e 81mm respectivamente e podem ser usados para apoiar uma companhia de fuzileiros ou incursões de comandos anfíbios.

Para destruir defesas pesadas como casamatas é necessário um calibre maior, de pelo menos 155mm, ou vai ter que usar espoleta airburst para causar baixas. Para incomodação, os calibres maiores de 155mm também são melhores, mas o efeito costuma durar pouco tempo pois as tropas acabam se acostumando.

Durante o desembarque, a maior ameaça são as casamatas na praia e tem que ser atacadas por um canhão de maior calibre de pelo menos 76mm. Um canhão estabilizado é necessário para disparar em mar agitado. Geralmente é uma missão das escoltas que protegem o desembarque contra alvos em terra, no mar e no ar. Na Segunda Guerra usaram pequenos canhoneiras LCS para se aproximar a cerca de 2 km da costa para apoiar as primeiras fazes do desembarque. Os LCS controlavam as vagas de embarcações de desembarque, lançavam cortina de fumaça e atacavam alvos na praia acerca de 2km. Eram equipados com lança-foguetes, morteiros, canhões de 76mm e armas antiaéreas. Contra as defesas pesadas dos japoneses os canhões de 76mm não foram muito eficientes e precisavam de peças mais potentes de 127mm dos contratorpedeiros. Blindados anfíbios LVT também foram armados com peças de 37mm e 76mm para atacar posições defensivas mesmo antes de chegarem na praia.

Foi a Royal Navy que queria uma embarcação com capacidade de tiro direto para apoiar as embarcações de desembarque. Seria equipado com canhões de 40mm e 20mm e deveria ser levado em navios. Os carros de combate demora a desembarcar nas primeiras levas e ou são poucos para apoiar as tropas e por isso precisam de um canhoneiro próximo para realizar a mesma função.

Durante a Segunda Guerra, as missões de apoio de fogo naval na Europa eram ataques intensos e curtos para paralisar e desmoralizar o inimigo. A maioria dos desembarques na África, Sicília e Itália eram praias grandes e poucos defendidas.O apoio de fogo naval foi usado mais como reação aos contra-ataques alemães. A surpresa era mais importante para evitar concentrar forças no local. Desembarcavam a noite sem fogo de preparação.

Já no cenário do Pacífico, as missões eram mais extensas para destruir as defesas antes de um assalto anfíbio. Nas pequenas ilhas do Pacífico seria impossível ter surpresa e as defesas eram sempre bem preparadas. Desembarcavam de dia pois não tinha sentido tentar surpresa. A experiência da Guerra no Pacífico mostrou que sempre sobra defesas na praia sobrevivendo aos ataques de artilharia inicial e precisam de navios para apoio de fogo direto de curto alcance. O navio tinha que ter blindagem leve e uma arma potente para atacar as casamatas.

Na Segunda Guerra, cada batalhão de fuzileiros era apoiado por um contratorpedeiro que dava apoio de fogo. O comandante do batalhão tinha comunicação direta com o navio e levava 2 a 3 minutos para responder ao pedido de apoio. Um cruzador cobria uma brigada/regimento e um couraçado cobria uma divisão, mas os pedidos demoravam de 10 a 15 minutos. Os alemães comparavam o poder de fogo de um contratorpedeiro a uma bateria de artilharia enquanto um cruzador era equivalente a um regimento de artilharia. Um radar anti-morteiro mostrou ser necessário nos navios fazendo apoio de fogo pois os morteiros eram a maior ameaça durante o desembarque. As novas corvetas classe Tamandaré equipadas com um canhão automático de 76mm teriam capacidade equivalente a uma bateria de morteiros de 81mm para operações de apoio de fogo naval.

Os foguetes de curto alcance eram usados em ataques pouco antes do desembarque para saturação de área. Demoravam a recarregar e por isso não eram adequados para as fases posteriores para tiro sustentado. Os navios de desembarque LSM(R) adaptados com lançadores de foguetes tinha o poder de fogo de dois encouraçados classe Iowa a curta distância. Versões menores eram os Mk 51 com doze foguetes de 127mm que foram testados em submarinos para atacar pequenas embarcações leves e alvos em terra. Os japoneses testaram um lança-foguetes de 120mm contra alvos aéreos.

Durante a guerra da Coréia, o apoio de fogo naval foi muito usado para interdição de estradas. Os norte coreanos usavam muito as estradas na costa para transporte para evitar as montanhas. A US Navy disparou cerca de 4 milhões tiros contra as estradas enquanto a Royal Navy disparou cerca de 161 mil tiros de 105mm, 114mm e 155mm.

Devido a geografia do Vietnã, 80% dos alvos estavam no alcance dos canhões de 406mm dos couraçados classe Iowa (cerca de 32km). O uso de canhões de longo alcance poderia diminuir as baixas nos caças causadas pela artilharia antiaérea e mísseis SAM e o cenário foi considerado no projeto dos novos canhões pesados assim como o uso de munição guiada e mísseis. O alcance passou a ser necessário depois para poder disparar além do horizonte fora do alcance de mísseis baseados na costa. Apoiar assalto de helicóptero dentro da costa era outro motivo para investir na artilharia de longo alcance. O apoio aéreo acabou realizando a maioria dessas missões.

O morteiro Mark 2 de 81 mm foi testado com sucesso no Vietnã contra alvos no mar e principalmente em terra. A peça tinha um sistema de diminuição de recuo e podia ser disparado por gatilho em tiro direto, além do método convencional de soltar a munição no cano. Era instalado coaxial a uma metralhadora 12,7mm. O alcance era de quase 4km e podia disparar até 10 tiros por minuto no modo gatilho ou 18 no modo convencional. Por ser leve, podia ser instalado em lanchas patrulhas e patrulhas fluviais.

Os britânicos usaram muito o apoio de fogo naval para atacar alvos ao redor de Port Stanley durante a Guerra das Malvinas. Eram ações realizadas quase todas as noites. Inicialmente operavam de dia, mas depois de um ataque aéreo contra a HMS Glasgow em 12 de maio, passaram a operar apenas a noite. A noite usavam muita munição iluminativa. As Brigadas combatiam a noite e a retirada de navios de dia não prejudicava.

A falta de apoio aéreo aproximado teve que ser compensado pelo apoio de fogo naval e nas fazes finais tiveram que compensar a falta de artilharia pesada em terra. A artilharia do exército disparou 17.500 tiros de artilharia de 105mm mais 8 mil tiros de 114mm da artilharia naval. Os britânicos gastaram muita munição de 114mm no inicio e chegou a faltou no final. O GT britânico tinha sempre um navio em alerta para apoiar pedidos das tropas. O HMS Plymouth não respondeu a um chamado pois foi atacado por aeronaves no caminho. A artilharia precisava ser transportada por helicópteros enquanto navio era móvel.

Os canhões de 105mm e 114mm não eram potentes o suficiente para destruir as defesas estáticas. A munição de 114mm pesa 25kg contra 45kg de um projétil de 155mm. Podiam matar, ferir ou desmoralizar as tropas, mas apenas mantinham de cabeça baixa ou apenas neutralizava. Atacavam alvos de artilharia, comunicações, casamatas e trincheiras. Até um radar foi atacado. A espoleta de proximidade da munição de 114mm era bem efetiva pois não afundava na terra fofa que absorvia a maior parte da explosão. Ao explodir 3 metros acima do alvo causava mais estragos.

O apoio de fogo foi usado para apoiar assaltos e incursões anfíbias, despistamento e ações psicológicas. No inicio fizeram muitas missões de incomodação e interdição. Um dos objetivos era induzir os argentinos a pensar que o assalto anfíbio seria outro lugar, direto ou próximo a Port Stanley. No início eram mais missões de interdição e no fim da campanha deram apoio direto para as tropas avançando.

As posições de artilharia argentinas eram alvos prioritários e os argentinos logo responderam ao detectar o local de operação dos navios britânicos. Outros alvos eram o aeroporto local, posições de artilharia antiaérea e radares. As peças em terra ficam enterradas para se proteger enquanto a proteção dos navios era manobrar e fugir rápido. Nos treinos, as corridas de tiro são lentas e em linha reta. Em combate, as missões eram realizadas em uma velocidade de 20 nós e em evasivas em zig-zag se existe ameaça de contra-bateria em terra. Mudavam sempre a direção e a posição dos disparos para dificultar a contra-bateria. Os radares dos navios detectavam contatos muito rápidos indo para o centro do radar. Alguns chegavam a 200 metros e raramente bem próximo. Os canhões de 155mm dos argentinos tinham um alcance maior e os navios demoravam alguns minutos para sair do alcance durante a fuga.

A moral das tropas argentinas baixou e percebiam que seriam derrotados pois não podiam revidar adequadamente. Na Georgia do Sul, os argentinos se renderam após o ataque duas fragatas e reconheceram que foi devido ao bombardeiro. A longo prazo as tropas se acostumam, mas não curto prazo. As missões de incomodação também são mais efetivas com artilharia pesada.

O GT britânico destacava um grupo, geralmente um navio de comando e duas Type 21. Cada navio disparava entre 50 a 150 tiros por missão com média de cerca de 10 tiros por alvo. A precisão era de cerca de 180 metros. Uma missão com 150 tiros descarregava quase quatro toneladas de explosivos, ou a carga de explosivos de cerca de 5 a 8 mísseis de cruzeiro Tomahawk por navio. Os helicópteros embarcados Wessex ou Lynx podiam fazer correção dos disparos.

Uma missão foi a operação Tornado como parte da distração do desembarque em San Carlos. As missões de tiros foram combinadas com transmissões de rádio e lançamento de flares enquanto o helicóptero fazia barulho, lançava cargas de profundidade, transmissões de rádio, radar e sonar. O objetivo era simular um desembarque no sul de Port Stanley. Missões de 100 a 200 tiros eram disparados em intervalos irregulares e padrão assimétrico para criar confusão.

O apoio de fogo naval precisa de uma unidade de observadores avançado em terra. Os observadores também designam alvos para a artilharia e o apoio aéreo aproximado. A bateria 148 forneceu cinco equipes de tropas liderada por um Capitão que deslocava com as forças em terra. As vezes tinham que se dividir em duas equipes como nas incursões do SAS de curta duração. Uma sexta equipe chegou a ser improvisada. Os observadores se comunicavam com código morse inicialmente até mudar para voz se necessário. Iniciavam os disparos contra alvos longe de habitações e iam aproximando os fogos. Um binóculos especial permitia determinar as distancias. A noite usavam sensores termais e óculos de visão noturna.

O canhão Mk8, em uso nas fragatas da MB, era menos confiável que os Mk6 duplos, mas o Mk8 era mais preciso e concentrava mais os tiros enquanto o Mk6 era melhor para atacar uma área. O Mk8 tinha alcance de alcance 19km contra 16,5km do Mk6. O canhão Mk8 é totalmente automático e precisa de menos tripulantes. Foi projetado para realizar missões de apoio de fogo naval, anti-navio, lançar munição de iluminação ou Chaff e policiamento na Guerra Fria. O Mk8 custava metade do concorrente que na época era o 127/54 americano.

Os navios britânicos não tinham mísseis de cruzeiro, mas dispararam o míssil Seaslug guiado por método beam riding contra alvos na costa. O alcance do míssil era de 36km, mas era disparado a 15km para ser seguido logo depois dos disparos dos canhões. Foram seis disparos no total e um atingiu uma base de helicópteros com seis aeronaves destruídas.

As lanchas de ataque israelenses usaram os canhões de 76mm para atacar uma refinaria síria em Latakia durante a guerra de 1973, mas era uma missão de interdição. Também dispararam mísseis Gabriel contra prédios usados por terroristas na década de 1980.

A Royal Navy enviou três fragatas para realizar apoio de fogo naval contra alvos na Líbia em 2011. Foram disparados 240 tiros de 114mm contra alvos entre Zlitan e Misrata. Os alvos eram postos de segurança, veículos armados e lança-foguetes BM-21. As granadas iluminativas eram usadas em situações onde as tropas leais a Kadafi colocavam os lança foguetes próximos a prédios. Os flares caindo de pára-quedas na posição servia para demonstrar que suas posições eram conhecidas pela OTAN. Já os navios franceses dispararam um total de três mil projéteis de 100mm e 76mm. Os observadores avançados da bateria 148 controlaram mais de 500 tiros em 50 missões dos franceses e britânicos.

Na invasão do Iraque em 2003, as fragatas HMAS Anzac australiana e as HMS Chatham, Marlborough e Richmond da Royal Navy atacaram a península de Al Fawa com 155 tiros em 17 missões entre 20 e 21 de março.

Um navio da classe Absalon disparando o canhão de 127mm. O navio está navegando lentamente, mas em combate disparam acelerado e em zig-zag.

Os canhões navais atuais podem disparar armas guiadas como a Vulcano italiana no calibre 127mm com alcance de 100km. Até um canhão de 76 mm pode disparar uma Vulcano a até 40 km de distância. Bastaria dois projéteis guiados para bater um alvo que precisaria de pelo menos 15 disparos com munição convencional e com um alcance bem menor. As funções das tropas em terra passaria a fazer reconhecimento e indicar alvos para a munição guiada ao invés de fazer ação direta com maior risco de baixas. Até drones aéreos poderiam fazer a busca e indicação de alvos sem arriscar tropas.

 

Foguetes guiados

As lanchas torpedeiras da US Navy receberam foguetes de 107mm e 127mm para atacar alvos em terra durante a Segunda Guerra Mundial. No Pacífico, as lanchas patrulha eram bem efetivas pois as defesas na costa eram fracas. Os foguetes de 70mm também foram testados em embarcações leves após a Segunda Guerra. Um lançador semi-automático foi testado e tinham a vantagem de não causar recuo no convés e eram bem leves. O projeto não foi adiante pois não eram adequados contra alvos aéreos a jato e preferiram os canhões de 76mm.

A Coréia do Sul equipou suas lanchas patrulha com o foguete guiado PKX-B de 130mm. Pesa 80kg, usa uma ogiva de 8kg, e o alcance chega a até 20km. O guiamento terminal é por infravermelho.

Uma versão navalizada do lança-foguetes Armadillo TA-2 poderia ser uma opção para armar um navio de apoio de combate. O lança-foguetes SCLAR-H ODLS da Leonardo pesa 2,4 toneladas carregado e serve para exemplificar como seria um Armadillo naval. O peso já permite levar dois lançadores no lugar de um canhão de 76mm que pesa 7,5 toneladas. Para comparação, um canhão Mk45 de 127mm pesa 21 toneladas e leva até 600 tiros no paiol (padrão por cano na US Navy), mas também seriam usadas contra alvos no mar e no ar. A Royal Navy usa um estoque menor por cano para diminuir o tamanho dos navios. Um canhão para apoio de fogo naval precisa ter capacidade de destruição de área e de fogo contínuo para neutralizar alvos. As duas opções consomem muita munição e o segundo precisa de pouca precisão e poderia ser realizada por um foguete.

Um lança-foguetes pode ter vários calibres como 70mm e 127mm, podendo chegar a potência de um canhão de 127mm, mas com um peso quase dez vezes menor. Os lança-foguetes não causavam recuo e por isso não precisam de reforço na estrutura. O foguete SS-30 de 127mm da Avibrás tem alcance de até 40km. O lança-foguetes terrestre LAU-97 com 40 foguetes de 70mm tinha alcance de até 8 km cobrindo uma área de 200x300 metros no alcance máximo.

Uma vantagem do lança-foguete é poder disparar foguetes com kit de guiamento a laser. O Zuni Laser de 127mm e o APKWS de 70mm seriam bons exemplos. Um canhão de 127mm tem baixa probabilidade de acertar um navio a grande distância enquanto um foguete guiado teria alta probabilidade com um designador em um drone ou helicóptero. Os foguetes guiados seriam os mesmos que poderiam ser levados por um helicóptero embarcado permitindo a padronização da munição. Para comparação, um morteiro de 120mm tem CEP de 120 metros que cai para 10 metros com guiamento por GPS e 5 metros com guiamento a laser. A capacidade anti-navio também deve ser considerada.

Nas missões de apoio de fogo naval pode ser necessário atacar defesas na praia e um foguete guiado de 127mm seria o mais indicado contra posições bem protegidas como casamatas. Durante a Segunda Guerra, os lança-foguetes mostraram serem ideais para fogo de saturação durante um desembarque anfíbio, mas demoravam para carregar, tinham pouca precisão (cerca de 400 metros) e não eram adequados para fogo contínuo.

O USMC testou o lançador de foguetes HIMARS com foguetes guiados por GPS no navio anfíbio USS Anchorange em 2017. A munição GMRLS tem alcance de até 70km. O sistema Astros da Avibrás tem capacidade semelhantes com foguetes AV-SS-40G guiado por GPS e alcance de até 40km. O lançador poderia ser guardado no hangar de helicópteros e movido para o convoo para disparo. Se equipado com o míssil Matador seriam quatro mísseis por escolta.

O SCLAR-H foi citado, mas a função principal é disparar foguetes de Chaff e flares. O Armadilho naval também poderia ter esta função se o cenário exigir mais sistemas defensivos. Os primeiros lançadores de Chaff eram foguetes e lançadores de foguete de aeronaves com ogiva de Chaff como o foguete Zuni de 127mm. Foram usados para equipar escoltas atuando no Vietnã onde havia o risco de mísseis Styx lançados de baterias de mísseis na costa.

Um lança-foguetes é bem mais simples que um canhão automático e pode ser mais simples e barato de manter e operar. Os canhões Mk42 que equipavam os contratorpedeiros da US Navy foram usadas para atacar alvos na costa do Vietnã do Norte. O Mk42 tinha uma falha em média a cada 20 tiros e levava entre 2 a 30 minutos para consertar. As peças de reposição demoravam 2 a 3 semanas para chegarem. O procedimento era disparar apenas um canhão e se falhasse mudavam para a outra peça enquanto o canhão com defeito era consertado. O cano durava em média cinco dias de operações contínuas, mas usavam 200% da vida útil. Os navios remuniciavam a cada dois dias (600 tiros por peça) e demorava 3 horas para transferir a carga de munição dos navios de suprimentos.

A US Navy estuda o uso de armas guiadas para apoio de fogo naval desde a década de 1960 quando previam que os cruzadores da segunda guerra precisariam de um substituto para a missão. A princípio seria um míssil que seria disparado nos lançadores de mísseis Terrier. Foi estudado o uso de projéteis de 127mm guiado a laser sem sucesso e até estudado o uso da Copperhead em uso no US Army. O lança-foguetes MRLS do US Army foi estudado para operar embarcado com um estoque de 1.200 foguetes de pequeno calibre, 300 de médio calibre e 300 mísseis ATACAMS. Na década de 1980, o requerimento inicial do USMC era ter um navio para cobrir um setor, mas com poucos meios especializados aceitaram cobrir um número de alvos e nível de destruição. A efetividade seria o número de alvos em terra para neutralizar e atuaria na moral inimiga, como manter o inimigo de cabeça baixa durante um assalto, ou forçaria a mudar de táticas.

O assalto aéreo com helicópteros passou a priorizar o alcance das armas e concentraram mais na quantidade de canhões de 127mm e 203mm por assalto. A quantidade de canhões estava diminuindo com retirada dos cruzadores da Segunda Guerra e estavam investindo mais em mísseis. Os projetos para substituir os cruzadores nas missões de apoio de fogo incluía a capacidade de missão destruição de alvo de ponto com canhão e a neutralização com foguetes (manter a cabeça baixa durante o desembarque). Os projetos de 1968 incluíam a substituição dos APD para levar mergulhadores de combate e virou o projeto LSF(R). O projeto DX da década de 1970 tomou o lugar e virou o contratorpedeiro Spruance com previsão de receber um canhão de 175mm.

Na década de 1980, o USMC estudava comprar dois navios especializados em apoio de fogo naval para cada uma dos sete Grupos Anfíbios (ARG - Amphibious Ready Group) que apóia um batalhão reforçado (MEU). O navio seria equipado com canhões de 203mm e lança-foguetes. Os navios substituiriam os cruzadores da Segunda Guerra que estavam saindo de serviço, mas a capacidade foi passada para os contratorpedeiros equipados com canhões de 127mm.

O navio especializado em apoio de fogo naval da US Navy se tornou o contratorpedeiro Zumwalt que priorizava o apoio de fogo naval no projeto Maritime Fire Support Ship (navio arsenal) e no DD-21 Land-attack Destroyer que virou o Zumwalt. O Zumwalt foi equipado com dois dois canhões de 155mm Advanced Gun System com um estoque de 920 tiros de 155mm além de 70 a 100 projéteis guiados LRLAP. Os dois canhões AGS tem a cadência de tiro de uma bateria de seis obuseiros de 155mm. A US Navy planejada comprar 32 para substituir os Spruance. Deveria ser mais barato que os DDG-51, mas acabou ficando bem mais caro. A ameaça mudou de pequenas nações no litoral para ameaça Anti-Access/Area-Denial’ (A2/AD) como a China e a Rússia. Os três navios da classe Zumwalt terão os canhões de 155mm retirados para serem substituídos por lançadores de mísseis verticais.

No caso de um navio de apoio de combate, o convés flexível permite levar contêineres de munição com foguetes de 127mm e 180mm em quantidade equivalente a munição de 155mm, guiadas ou não. Substituir a munição não guiada por munição guiada diminuiria o estoque de munição em 5 a 10 vezes, mas não poderia substituir todas as munições de canhão pois ainda existe a necessidade de usar munição de fumaça, iluminativa, saturação de área e realizar tiros de advertência. Um lançador de foguetes conteirável seria necessário para disparar munição não guiada enquanto a munição guiada pode ser disparada em contêineres fixos que podem ser disparados apontando o navio para a direção geral do alvo.

A Elbit comercializa o TRIGON Naval Rocket Launcher. São lançadores de foguetes fixos instalados em embarcações. Os foguetes Acullar no calibre 160mm tem alcance de 40km e ogiva de 35kg com precisão de 10 metros com guiamento por GPS. A AVIBRAS disponibiliza uma versão guiada do SS-40 com guiamento por GPS que também poderia ser lançado em um contêiner fixo. A versão SS-80 com alcance de 90km também poderia receber kit de guiamento por GPS e laser com a opção de ser usado contra navios com a designação do alvo sendo feita por um drone ou helicóptero.

As fragatas F-125 alemãs foram equipadas com um canhão Otobreda 127mm com munição guiada Vulcano com alcance de 100km e futuramente receberá mísseis RBS-15 Mk4 com capacidade de ataque terrestre. Inicialmente planejavam equipar com uma versão naval do lança-foguetes MRLS e uma peça de artilharia navalizada Monarc de 155mm. Na MB, a prioridade seria armar as escoltas com armas sofisticadas enquanto um navio de apoio de combate teria a vantagem de ter muito espaço disponível para levar munição ou lançadores de mísseis em container.

O lança-foguetes SCLAR é um exemplo de como seria um Armadillo TA2 navalizado. Os modelos mais atuais tem formato mais furtivo. O modelo mais simples do Armadillo naval poderia ser rebocado para o convoo para uso em missões de apoio de fogo naval.

A Avibras fabrica foguetes de 127mm, 180mm e 300mm que poderiam armar navios de superfície. Os foguetes de 127mm custam menos de US$ 8 mil, os de 180mm custam cerca de US$ 25 mil e os de 300mm cerca de US$ 75 a 100 mil. O kit de guiamento aumentaria os custos.



Canhão Bofor 57mm/70 Mark 1 com lançadores de foguetes de flares de 51mm nas laterais. Os lançadores eram fixos, mas um lançador móvel alinhado em elevação com o canhão permitiria disparar foguetes contra alvo na superfície e em terra. Equipado com dois lançadores de quatro foguetes de 127mm, o total de explosivos seria equivalente ao de um míssil Exocet (160kg), mas com um custo várias vezes menor. Alguns contratorpedeiros britânicos da Segunda Guerra tinham lança-foguetes de iluminação (snowflake) nas laterais das torres de canhão na proa.



Uma torreta de blindado Cockerill com casulos lança-foguetes de 70mm integrados nas laterais para ilustrar como seria uma torreta de canhão naval automático com lança-foguete.Os foguetes guiados a laser tem muita limitação no alcance mínimo, mas que pode ser coberto pelo canhão de 30mm. A torreta de sensor operando independente da torre permite usar de forma separada só para busca sem acionar o canhão.

Imagem de um lançador de mísseis Iron Dome em uma corveta Saar 5 israelense. O container serve para ilustrar como seria um lançador de foguetes modular instalado no convoo. Uma carreta capaz de ser rebocada para o hangar permitiria manter a capacidade de operações aéreas limitada. O míssil Iron dome tem calibre de 160mm, pesa 90kg e tem alcance de 70km.

Drones Letais

Com os canhões de médio calibre tendo como uso principal o apoio de fogo naval, uma opção bem mais leve e modular seriam os drones letais (munição vagante). Um exemplo é o Switchblade 600 com alcance de 80 km e raio de ação de 40km. A munição pesa 15kg (23kg no container) e tem uma ogiva capaz de destruir veículos blindados. O Switchblade 600 foi citado pois foi comprado pelas forças especiais americanas (SOCOM) no MPE (maritime precision engagement) para equipar embarcações de infiltração como o Combatant Craft Medium (CCM) e Combatant Craft Heavy (CCH). Isso significa que um navio de apoio de combate poderia atuar como navio mãe de outras embarcações menores que irão atacar os alvos com drones letais, podendo ficar ainda mais distante e protegido de ameaças em terra.

Os drones letais disponíveis no mercado variam de 2kg a 200kg de peso e autonomia de 15 minutos a 9 horas. O custo varia de US$ 6 mil para um drone mais simples como o Switchblade 300 até US$ 850 mil para um drone sofisticado como o HAROP equipado com FLIR e radar passivo para atacar defesas aéreas inimigas. O custo é favorável comparado com várias munições de precisão com o míssil Hellfire (US$ 150 mil), o Spike NLOS (US$ 210 mil), o RIM-116 RAM (US$ 1 milhão) e o NSM anti-navio (US$ 2 milhões). Os Houtis no Iêmem usaram drones de longo alcance para atacar refinarias sauditas com sucesso e poderia ser uma função substituindo os mísseis de cruzeiro que são bem mais caros.

Um cenário que permite exemplificar o uso dos drones letais seriam os bombardeios navais feitos pelos navios britânicos contra as forças argentinas durante a guerra das Malvinas. Os navios britânicos disparavam entre 15-18km de distância dos alvos. Um drone letal permite aumentar a distância para até 40km com o navio operando além da linha do horizonte e fora do alcance da artilharia em terra e até dos mísseis Exocet. Eram usados cerca de 10 a 20 tiros contra cada alvo, ou cerca de 10 alvos por navio (150 tiros) por missão. Eram realizados bombardeiros quase todas as noites por três navios. No caso do uso de drones letais, seria necessário apenas um drone, ou talvez dois, para cada alvo com grande probabilidade de acerto, com opção de um drone avaliar os danos causados por outro drone e mudar de alvo caso não encontre o alvo original.

Outra opção para evitar e exposição de navios maiores é usar uma embarcação leve como plataforma para se aproximar e lançar os drones letais para evitar que os navios se exponham ou poderia desembarcar as equipes em terra para disparar os mísseis e depois fugir.

Antes de atingir um alvo, o drone pode procurar outros alvos ao redor e atacar alvos de oportunidade mais valiosos. As imagens gravadas no caminho até o alvo podem ser aproveitadas para reconhecimento e serem analisadas após o ataque. Lançando os drones sequencialmente é possível manter uma área sob vigilância contínua por longos períodos. O local poderia até ser mantido sob vigilância constante inibindo os movimentos inimigos. As missões de reconhecimento com os Harrier voando a baixa altitude eram muito perigosas devido as defesas no local.

Existe o risco dos drones serem atacado pelas defesas em terra, mas pode ser até um dos objetivo para forçar o inimigo a gastar os mísseis SAM e ao mesmo se expor para depois serem atacado pelos drones kamikase. As missões de supressão de defesas implica nas aeronaves se expondo para provocar das defesas inimigas.

O ponto fraco do uso de drones é a possibilidade do inimigo interferir nas comunicações e tornar o uso inviável. O uso dos drones letais só pode ser garantido em cenários de baixa intensidade ou caso o local não seja protegido por bloqueadores eletrônicos e sem com o risco do navio de controle ter a posição triangulada. Nos combates entre ucranianos e russos, os drones da Ucrânia eram facilmente interferidos a não ser que tivessem datalink digital.

Um drone letal também pode ter capacidade secundária contra embarcações leves e talvez até contra helicópteros voando lento. Contatos de superfície e aéreos próximos da linha do horizonte poderiam ser avaliados de perto por um drone e até serem atacados. Uma torreta FLIR de longo alcance seria o sensor primário para identificação de longo alcance, mas o mau tempo pode atrapalhar. Já um helicóptero pode ter um tempo de reação inferior a um drone. Um contato em terra poderia ser um radar detectado pelo MAGE. Outra capacidade dos drones letais é poder fazer apenas missões de reconhecimento, sendo lançado no lugar do helicóptero por ser bem mais barato de operar.

Na função ar-ar, um drone letal pode atacar um helicóptero, mas também pode segui-lo, próximo ou a distância, dependendo das condições meteorológicas, com o objetivo de detectar a posição do navio mãe ou até mesmo o grupo tarefa de onde opera.

Contra alvos navais, uma função simples é usar um quadricóptero para lançar granadas como tiros de advertência no lugar de canhões. Uma vantagem é poder "disparar" a uma distância maior como no caso de contatos distantes fugindo.

Uma questão é se a operação dos drones letais deve ser integrada com os consoles e comunicações do navio e/ou usar um controle próprio sem nenhuma integração que pode até ser levado para terra durante um desembarque ou ser operado em embarcações menores.



Os drones HAROP foram usados com sucesso em conflitos recentes entre a Armênia e o Azerbaijão. A versão lançada de navios já foi comprado por um país na Ásia.

O drone Green Dragon da IAI pesa 15kg, tem autonomia de 1,5 horas, alcance de 50km e uma ogiva de 3kg. O tamanho viabiliza o uso até por embarcações leves como mostra o desenho. O lançador de drones no convés mostrado na foto indica que é necessário um convés de armas para o disparo dos drones. O lançador pode ser conteirável como o da foto ou um container fixo. O Mini Harpy é uma versão do Green Dragon equipado com um receptor de radar para detectar e atacar defesas aéreas.
 

Projeção de Força

Antes da Segunda Guerra Mundial, as forças navais davam pouca importância aos ataques contra alvos em terra. Por exemplo, os contratorpedeiros britânicos bombardeavam os portos franceses durante a noite onde a frota alemã ficava baseada durante a Segunda Guerra. Atacavam instalações de combustível e de reparos. Esta situação mudou depois com os porta-aviões tendo capacidade de atacar alvos bem dentro do território inimigo. Os alvos principais deixaram de ser os navios e passaram a ficar em terra, incluindo com operações anfíbias e bombardeio de artilharia.

As missões de projeção de força consistem na ameaça ou ataque direto longe da costa e por períodos sustentados. São necessários uma grande quantidade de armas guiadas de longo alcance para realizar estas missões. Os meios mais indicados são os grandes porta-aviões. A US Navy usava três porta-aviões para realizar ataques sustentados por grandes períodos contra o Vietnã do Norte. No caso de um navio de apoio de combate seria o equivalente a manter sempre um em posição avançada para lançar mísseis de cruzeiro com pelo menos dois se revezando na base para rearmar, mas seriam incursões de curta duração com os mísseis de cruzeiro. Até mesmo os helicópteros embarcados poderiam ser considerados como plataformas de mísseis de cruzeiro.

Um exemplo equivalente ao uso de mísseis de cruzeiro contra alvos terrestre pode ser a incursão de retaliação dos EUA contra o Japão após o ataque a Pearl Harbour quando um porta-aviões americano lançou 16 bombardeiros B-25 contra ao Japão. Uma missão equivalente atual poderia ser feita com mísseis de cruzeiro. A precisão dos mísseis atuais permite que os danos sejam até bem maiores que os bombardeiros da época que tiveram mais efeito psicológico do que estratégico.

Na época, os porta-aviões eram bem rápidos para fazer incursões contra alvos em terra se aproximando a noite e fugindo após o ataque. Um navio navegando por 6 horas a 40 km/h pode se aproximar 250km e depois fugir a mesma distância durante a noite. O primeiro ataque "hit-and-run" foi da TF-11 com o porta-aviões Enterprise contra as ilhas Kwajalei e Roi no arquipélago das Marshals. A tática já tinha sido testado na década de 1930 para atacar bases aéreas inimigas. Os porta-aviões eram considerados muito vulneráveis aos ataques de aeronaves em terra e teriam que lançar incursões de surpresa antes da sua presença ser determinada. Aproximava do alvo a noite para chegar no ponto de lançamento a primeira luz para atacar pela manhã com aeronaves inimigas ainda em terra. Primeiro faziam uma corrida de 8 a 10 horas a 40-50 km/h para se aproximar do objetivo. Iniciava com um reabastecimento pela manhã e tinham que reabastecer novamente pois ficavam com os tanques vazios após navegar em alta velocidade por muito tempo. Foi a tática usada pelos japoneses durante o ataque em Pearl Harbour e foi usada depois pela US Navy no inicio da campanha do Pacífico até poderem concentrar muitos porta-aviões.

Cerca de 75% da população mundial vive a menos de 500 km do mar e 80% da produção industrial está localizada a menos de 200km da costa. Uma força naval capaz de operar próximo da costa com mísseis de cruzeiro é um meio de lançar ataques contra alvos estratégicos bem dentro do território inimigo. A cidade do Amapá ficou sem energia elétrica por 22 dias depois de um incêndio em um transformador em novembro de 2020. A população ficou sem água, telefone, internet e acesso a caixas eletrônicos. Os transformadores são um exemplo de alvo de mísseis cruise que poderia deixar um pais de joelho.

Os couraçados da classe Iowa, e outros cruzadores da US Navy, foram propostos para serem modernizados para atuar em Grupos de Ação de Superfície e com a capacidade de disparar mísseis cruise Tomahawk. Poderiam até realizar incursões sozinhos contra alvos em terra. No fim da Segunda Guerra, os couraçados da US Navy já tinham realizado o bombardeio de alvos industriais no Japão. A missão passou para os submarinos equipados com mísseis de cruzeiro. Os submarinos equipados com mísseis de cruzeiro atacariam alvos industriais fora do alcance dos bombardeiros. Foi estimado que a adição de mísseis de cruzeiro Regulus na década de 1950 permitiria multiplicar o poder de fogo em 15 vezes. As bombas atômicas permitiriam que o disparo de um ou dois mísseis por um submarino causasse grandes danos. Ainda em 1945, a US Navy já pensava em armar seus submarinos com mísseis com ogivas nucleares. Seriam equivalentes aos mísseis V1 e V2 alemães da Segunda Guerra.

Foram os mísseis de cruzeiro Tomahawk que deram capacidade ofensiva para os navios de guerra. Esta capacidade tinha sido perdida para os aviões embarcados. Os mísseis Tomahawk foram uma resposta as grandes perdas de caças durante a Guerra no Vietnã. Os mísseis Harpoon também foram outra arma ofensiva das escoltas. Um Grupo Tarefa com navios equipados com mísseis de cruzeiro de longo alcance forçaria o inimigo a dispersar as defesas em terra ao invés de concentrar contra um Grupo Tarefa com porta-aviões. Os lançadores quádruplos de mísseis Tomahawk (Armored Box Launchers - ABL) foram instalados inicialmente nos quatro couraçados classe Iowa e depois em oito contratorpedeiros Spruance e quatro cruzadores classe Virginia, além do cruzador Long Beach. Depois passaram a ser levados em lançadores verticais VLS que equipava um número muito maior de navios.

Os ARG (Amphibious Ready Group) eram um Grupo Tarefa de navios anfíbios capazes de transportar um batalhão de fuzileiros reforçados (MEU). Inicialmente era composto por cinco navios (um LPH, um LPD, dois LSD e dois LST) e agora são apenas um LHA, um LSD e um LPD. Com três navios de escoltas e um submarino passou a se chamar Expeditionary Strike Group (ESG) e podia substituir um grupo de ataque com porta-aviões (Carrier Strike Group) em cenários com ameaças mais limitadas. A capacidade ofensiva é fornecida pelos mísseis Tomahawk levado pelas escoltas.

Os 16 mísseis NSM das novas fragatas Constellation da US Navy também tem capacidade de atacar alvos em terra. Com o míssil NSM ou outro equivalente, seria possível atingir alvos bem fora do alcance das defesas em terra. Como exemplo, durante a Guerra das Malvinas, a Royal Navy fazia muitos ataques de incomodação contra as tropas argentinas, mas sem causar muitos danos. Os navios ficavam expostos por muito tempo a ataques da aviação argentina e o contratorpedeiro HMS Coventry foi atingido por um míssil Exocet disparado da costa.

Uma forma da aviação de ataque contrapor alvos bem defendidos é disparando armas de longo alcance. As armas guiadas são classificadas em SOPD (Stand-off Point Defence) e SOAD (Stand-off Area Defence) considerando se o local tem defesas de curto ou longo alcance. Os mísseis de cruzeiro lançados de submarinos e escoltas é um recurso para realizar missões de ataque de longo alcance sem preocupar em investir em superioridade aérea e supressão de defesas.

Uma missão de ataque terrestre pode ser estratégica (inclui nuclear), operacional ou tático dependendo das forças envolvidas e o objetivo atingido. O ataque pode ser massivo, em grupo ou realizada por uma única plataforma. O objetivo é causar 60 a 70% dano no alvo para colocar fora de combate (nível de destruição). No caso de um navio de apoio de combate seria usado para realizar ataques contra alvos pouco protegidos onde um ou dois navios pode se aproximar do litoral.

Durante a operação Frankton em 1942, 12 comandos britânicos foram lançados em seis canoas pelo submarino HMS Tuna para colocar minas e afundar navios mercantes no porto de Bordeaux. O porto ficava no rio Girond a cerca de 80km da costa. Apenas duas canoas chegaram no alvo e afundaram ou danificaram seriamente seis navios. A missão poderia ser realizada atualmente sem muitos riscos com um submarino lançando mísseis de cruzeiro. Se o cenário permitisse, poderia ser usado navios de superfície para disparar os mísseis.

Durante a Guerra das Malvinas, o SBS britânico planejou uma incursão contra a base aérea argentina de onde operavam os caças Super Etendard que eram a maior ameaça contra a frota britânica com seus mísseis Exocet. Este ataque seria uma forma de defesa aérea ofensiva, atacando a ameaça ainda na base. É uma missão que poderia ter sido realizada por mísseis de cruzeiro lançadas de escoltas e submarinos se estivessem disponíveis na época. Um míssil que causasse uma perfuração na pista de pouso com uma ogiva poderia deixar a base fora de operação por dezenas de horas até ser reparada. Seriam necessários vários disparos em sequência durante vários dias para manter a pista fora de operação por longos períodos como apoiar um desembarque anfíbio.

Testes do sistema HIMARS com foguetes guiados em um navio anfíbio da US Navy durante o exercício Dawn Blitz em 2017 a partir do navio anfíbio USS Anchorange. O objetivo seria apoiar operações pré dia D como saturação das forças inimigas e para apoio de fogo em profundidade. Sem um lançador estabilizado para disparo no mar, um sistema de lança-foguetes fica limitado ao disparo de foguetes guiados capazes de corrigir a trajetória. Em 2016, a França estudou o uso de lança-foguetes MLRS nos seus porta-helicóptero da classe Mistral para o disparo de foguetes guiados.

Um Contêiner com mísseis de cruzeiro KLUB pode ser instalado em navios mercantes para uso contra alvos em terra. O míssil Matador da Avibrás também poderia ser instalado em contêineres semelhantes para equipar um navio de apoio de combate.

Durante a década de 1980, a US Navy estudou várias modernizações para os couraçados da classe Iowa e dos cruzadores da classe Des Moines como a instalação de mísseis Harpoon e Tomahawk, além de novos sistemas defensivos como o Phalanx. Os Iowas foram modernizados, mas os cruzadores não. imagem é de uma possível configuração de modernização do Des Moines equipado com oito lançadores quádruplos de mísseis Tomahawk e quatro lançadores quádruplos de mísseis Harpoon. Esta mesma capacidade de levar 32 mísseis Tomahawk passou a estar disponíveis nas novas escoltas da US Navy com os lançadores verticais MK41.

Uma proposta para permitir o disparar de mísseis de cruzeiro pela US Navy foi o uso de contêiner apontados por um guindaste ou levar lançadores terrestres em caminhões em navios anfíbios. As duas opções viabilizariam o disparo dos mísseis AV-TM Matador da Avibras por navios.
 

A MB teria capacidade de projeção de poder bem limitada com os AF-1M e um porta-aviões como o São Paulo. Estaria limitado a realizar ataques "hit-and-run" contra países com pequenas forças aéreas sem precisar se preocupar com a superioridade aérea. A outra opção seria usar navios ou submarinos equipados com mísseis de cruzeiro (ou mísseis balísticos). No caso de navios de superfície, também teriam que realizar ataques do tipo "hit-and-run". Um cenário poderia ser atacar uma base aérea na costa oeste da África de algum país que esteja usando a aviação para ameaçar o tráfego marítimo no Atlântico Sul. Outros alvos seriam navios de guerra em portos ou ataques de decapitação. Contra alvos muito bem defendidos, um ataque de mísseis só seria possível com um submarino (ou mergulhadores de combate).

A Avibras está desenvolvendo o Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM 300 Matador com alcance de 300km. Lançadores em contêiner poderiam ser instalados em um navio de apoio de combate para ataques contra alvos pouco defendidos na costa. Já os alvos bem defendidos precisariam de um submarino equipado com mísseis de cruzeiro pois teria capacidade de se aproximar e atacar sem risco de ser detectado. Os cenários seriam alvos fora do alcance da aviação baseada em terra como países na costa da África.

Os EUA está desenvolvendo uma versão de disparo terrestres da bomba planadora SDB (Ground-Launched Small Diameter Bomb - GLSDB). A GLSDB usa o propulsor do foguete MRLS para atingir distâncias de até 150km. O míssil pesa cerca de 270kg com o booster. Tem 4 metros de comprimento e diâmetro de 24cm. Para comparação, o míssil Tochka usado no conflito da Ucrânia tem alcance de 70 a 185kg, pesa 2 toneladas e tem uma ogiva de 480kg. Um projeto nacional para ser disparado do ASTROS poderia ser uma bomba aérea Mk81 de 120kg (ou a BFG-120 nacional) com um kit de guiamento por GPS e kit de asa de planeio. Usaria o mesmo motor foguete do SS-80 de 300mm do ASTROS. Seria usado em missões de interdição contra concentrações de tropas, postos de comando, artilharia e defesas aéreas. A grande vantagem comparada com um míssil de cruzeiro seria o baixo custo e a maioria dos alvos estariam em uma distância menor.

A MB está equipando os helicópteros Wild Lynx com os mísseis Spike capazes de atacar alvos no mar e em terra. Outros helicópteros podem receber os Spike como os H-145, MH-16 e UH-15. Foguetes guiados a laser de 70mm são outra opção de arma guiada mais barata que os mísseis Spike. Para realizar missões próximo da costa seria ideal que a aeronave esteja equipada com sistemas defensivos como um alerta radar e alerta de aproximação de mísseis (MAWS). Os UH-15 são os únicos helicópteros da MB equipados com o MAWS.

A capacidade de ataque terrestre de um navio tem que incluir a capacidade dos meios aéreos embarcados. A Royal Navy usou o HMS Ocean, atual NAM Atlântico, como base de helicópteros de ataque Apache do Exército britânico contra a Líbia em 2011. Os Apaches realizaram 48 saídas e dispararam 99 mísseis Hellfire, 4.800 tiros de canhão de 30mm e 16 foguetes de 70mm contra 116 alvos. Realizaram apenas 1,5% das saídas da OTAN, mas atingiram 18% dos alvos. Os alvos eram blindados T-72, Shilka, lançadores de foguetes BM-21, prédios e veículos 4x4 armados. Os Apaches operavam apenas a noite para evitar a ameaça principal que eram armas guiadas visualmente como a artilharia antiaérea e mísseis portáteis. Operavam sempre atrás das linhas para evitar fogo amigo. Eram lançados e recolhidos entre 30 a 50km da costa.

Durante as operações na Líbia em 2011, o navio anfíbio Tonnerre francês operou com um destacamento da ALAT com 18 helicópteros sendo oito Gazelle equipados com mísseis HOT, dois Gazelle com canhão de 20mm, dois Gazelle com mísseis Mistral, dois Tigre com foguetes de 70mm, dois Puma posto de comando e dois Puma IMEX (para CSAR).

As incursões francesas eram realizadas com 8 a 10 helicópteros que realizaram um total 316 saídas em 41 raids. Foram disparados 425 mísseis HOT, 1.618 foguetes e 13.500 tiros de canhão de 20 e 30mm. Foram atingidos cerca de 600 alvos sendo 400 veículos com uma média de 2 alvos por saída. O pacote típico era formado por 4 Gazelle HOT, um Gazelle canhão, um Gazelle Mistral, um Tigre, um Puma PC e um PUMA IMEX. Os Gazelle com o Mistral e canhão davam proteção contra a ameaça dos Mi-25. Os franceses se concentraram na região de Breda contra alvos na costa.

A MB pode realizar uma operação semelhante com o NAM Atlântico e com os helicópteros Esquilos equipados com foguetes de 70mm e os Lynx com os novos mísseis Spike. Os Caracal realizariam as missões dos Puma.

Como a maioria dos alvos estavam bem próximos da costa, as novas fragatas da classe Tamandaré poderiam realizar parte das missões se o canhão de 76mm for equipado com a munição guiada Vulcano (GPS ou Laser) e usando os novos drones ScanEagle para designar os alvos. O alcance da Vulcano chega a 40km com guiamento por GPS, o dobro do alcance normal. Outra opção é usar um drone maior capaz de disparar armas guiadas.

Foto do HMS Ocean equipado com helicópteros Apache durante ações na Líbia em 2011. A FAB poderia fornecer os AH-2 Sabre para equipar o NCAM Atlântico para realizar missões semelhantes aos Apaches britânicos. Os helicópteros HH-60 da USAF estão no convés em alerta CSAR.

Helicóptero Lynx coreano equipado com mísseis Spike NLOS com capacidade de ataque contra alvos terrestres e marítimos. O US Army está equipando parte da frota de helicópteros AH-64 Apache com os Spike NLOS para atacar defesas aéreas.
 

Guerra Antiaérea

A configuração das defesas antiaéreas de uma escolta dependem da ameaça esperada. Geralmente a defesa antiaérea é uma missão dedicada de escoltas especializadas. Os navios de guerra geralmente só tem capacidade de auto-defesa de curto alcance.

Durante a Segunda Guerra, as escoltas operando no oeste e no meio do Atlântico não tinham muita ameaça aérea. Perto da costa usavam até navios patrulhas leves na escolta de comboios como traineiras armadas e caça-submarinos. Já os contratorpedeiros operando no Mar Mediterrâneo tinham muita ameaça de aeronaves baseadas em terra, além de lanchas torpedeira, e tiveram parte dos tubos de torpedos substituídos por peças de artilharia antiaérea. As lanchas torpedeiras operando ofensivamente foram afundadas principalmente por aeronaves ao invés de navios, submarinos ou artilharia na costa.

As escoltas atuais podem ser equipadas com mísseis de defesa de área ou de ponto, ou seja, para auto-defesa ou para proteger outros navios ao redor. As novas corvetas da classe Tamandaré serão equipadas com 12 lançadores de mísseis Sea Ceptor, mas pode ser o lançador quádruplo, o que significa que serão 48 mísseis no total. Por ser um míssil com capacidade de defesa de área curta, com alcance de cerca de 25km, é possível adicionar novas capacidades não disponíveis com os mísseis de curto alcance. Os mísseis Sea Wolf que equipam as fragatas Type 22 da MB só podem atacar alvos se aproximando. Na Guerra das Malvinas já foi observado a falta de um míssil para atacar alvos cruzados e virou um requisito do novo míssil. A nova capacidade permitiria atacar até alvos se afastando e proteger navios ao redor ao invés de ser usado apenas para auto-defesa.

As escoltas atuam em grupos e tem que considerar a capacidade dos meios de um Grupo Tarefa. Os navios costumam defender setores e um navio pode até coordenar as defesas de um setor. A cobertura externa pode manter aeronaves longe do corpo principal evitando que os navios protegidos sejam detectados e podem até derrubar aeronaves tentando penetrar. Já na Segunda Guerra os contratorpedeiros usavam seus canhões de médio alcance para atacar bombardeiros a média altitude ou torpedeiros voando baixo indo atacar outros alvos. Os contratorpedeiros raramente eram os alvos principais a não ser que estivessem sozinhos.

Os avanços tecnológicos permitiram miniaturizar os sistemas eletrônicos resultando em sensores e mísseis bem menores. Para exemplificar, as corvetas israelenses SAAR 5 com apenas 1.200 toneladas de deslocamento foram equipados com 16 mísseis Barak 8 para terem capacidade de defesa aérea de área, além de 32 mísseis C-DOME de curto alcance. A quantidade de mísseis permite até se defender de ataques de saturação. Ataques de saturação foram comuns na Segunda Guerra, mas depois foram raros. A fragata HMS Ardent foi atacada por 14 aeronaves argentinas, mas não foram todas de uma vez só.

Na Segunda Guerra Mundial, os canhões de 127mm tinham função dupla atuando contra alvos na superfície e antiaéreos. Eram usados contra bombardeiros a média altitude ou contra aeronaves passando próximas para atacar outro alvo. As armas automáticas só eram úteis contra bombardeiros de mergulho ou torpedeiros voando bem baixo se usassem munição traçante ou com explosivo de tempo para dissuadir os bombardeiros de mergulho ou induzir a ataques prematuros e atrapalhar a pontaria. Na prática, nem as defesas e nem as aeronaves conseguiam bons resultados.

Em 1940, a ameaça principal na guerra naval passou a ser os ataques aéreos. A primeira reação da US Navy foi armas os navios com canhões de 20mm e 40mm. A experiência de batalha na Segunda Guerra mostrou que os canhões de 40mm, devido a munição traçante e a alta razão de tiro, eram mais efetivos. Podiam espantar bombardeiros de mergulho circulando fora do alcance dos canhões de 20mm. Os canhões de 76mm teriam maior alcance, mas não tinham a razão de tiro alta.

Os Kamikases foram uma surpresa e levou os americanos a reforçar seus navios com peças duplas de 20mm e canhões quádruplos de 40mm. Os canhões de 76mm guiados por radar para disparo cego a noite só ficou pronto depois da guerra e era a principal reação contra os Kamikases. O calibre 76mm era a menor arma que podia usar uma espoleta de proximidade.

Os controladores aéreos nos Centro de Operação de Combate era outro recurso para direcionar patrulhas de combate aéreo contra as aeronaves inimigas. Os contratorpedeiros operando em pickets de radar a frente da frota tinham patrulhas de combate aéreo dedicadas para proteger o local. Os radares de busca de superfície têm menor alcance, mas fazem varredura mais rápida de 30 rotações por minuto (RPM) cobrindo alvos se aproximando muito rápido e baixo. O alcance de detecção é de 20 a 25 km contra alvos voando muito baixo como os mísseis do tipo sea skimming. Os radares de longo alcance fazem busca mais lenta de 3 a 15 RPM, mas tem alcance bem maior. O controle de caças geralmente é feito por aeronaves mais capazes.

A ameaça dos mísseis anti-navio apareceu ainda na Segunda Guerra e os canhões foram logo considerados obsoletos contra a nova ameaça, principalmente em caso de ataques de saturação. As duas torres duplas de 127mm da Classe Gearing com munição com espoleta de proximidade e com diretor de tiro por radar era letal contra uma aeronave da Segunda Guerra, mas contra um míssil anti-navio era estimado uma probabilidade de acerto de apenas 20%. Os navios da Classe Gearing modernizados com o padrão FRAM I na década de 1960 não tinham artilharia antiaérea e operariam apenas na retaguarda. A única defesa contra os mísseis Styx eram os interferidores ULQ-6. Já a classe Garcia recebeu um lançador Tartar com 16 mísseis no lugar de uma torre de 127mm e virou a classe Brooke dando capacidade limitada de defesa aérea para os contratorpedeiros de escolta.

Os canhões de 76mm foram substituídos pelos mísseis Sea Sparrow e pelo sistema Phalanx enquanto parte das torres de 127mm foram substituídas por lançadores de mísseis Tartar. Os mísseis Terrier foram projetados para equipar contratorpedeiros, mas ficaram muito grandes e só puderam ser instalados em cruzadores. Responder a ataques de saturação exigia muitos mísseis e muitos radares diretores de tiro. Os Terrier foram substituídos pelos Standard que ocupavam menos espaço.

Uma guerra convencional exige muitos recursos e foi o que os britânicos aprenderam após ter perdas pesadas para a aviação argentina durante a Guerra das Malvinas. O resultado foi o contratorpedeiro Type 45 equipado com 48 mísseis Aster. Um navio capaz de contrapor ataques aéreos precisa ter meios sofisticado para detectar e atacar. Estudos anteriores a Guerra das Malvinas já mostrava que seriam necessários muitos recursos para defender um Grupo Tarefa de ameaças aéreas. Os jatos mostraram repetidamente nos exercícios navais da década de 1950 e 1960 que os navios eram muito vulneráveis as novas aeronaves voando muito baixo.

O primeiro navio britânico a ser armado com o míssil de defesa aérea de área Sea Dart seria a classe Type 82. Para estimar a necessidade do novo navio, um estudo de defesa de Força Tarefa foi feito em 1962 em um exercício simulando um conflito no canal de Suez. As ameaças esperadas seriam aliados da URSS como o Egito e a Indonésia. A força britânica consistia de dois grupos de batalhas com os porta-aviões (o novo CVA-01) operando a 80km um do outro para apoio mútuo, além de um grupo de apoio e um grupo anfíbio a 350km de distância e atrás do grupo de ataque. A tarefa primária dos porta-aviões seria ataque e por isso não manteriam patrulhas de combate aéreo no ar. Os caças seriam lançados após o alerta de três navios atuando como picket radar, cada um a 180km de distância. Na época estimaram que um navio equipado com o Sea Dart equivaleria a oito caças F-4 Phantom fazendo patrulhas de combate aéreo. Os picket seriam os novos navios equipados com os novos mísseis Sea Dart (os Type 82). Outro navio no centro defenderiam todos os setores, mas o alcance contra aeronaves voando baixo era de 18km.

Os navios estavam dispersos para evitar a destruição por uma bomba nuclear de 1 kt e por isso seria necessárias três escoltas de defesa aérea em um raio de 8km do centro. O novo porta-aviões poderia receber o Sea Dart e permitiria ter um navio de defesa aérea no centro do GT. O porta-aviões também poderia ter uma escolta próxima com um cruzador com mísseis Sea Dart. Os grupos de apoio e anfíbio vindo mais atrás precisariam de três navios com o Sea Dart cada um. O total seriam 14 navios armados com o Sea Dart operando ao mesmo tempo o que significa que mais sete deveriam estar em manutenção ou descanso.

Ao detectar uma aeronave de ataque, os navios de defesa aérea tinham 2 minutos de apreciação, para acompanhar e analisar, depois 2 minutos para um caça voar cerca de 35km do NAE, depois 1 minuto para o caça manobrar e um minuto para interceptar o alvo. Em seis minutos, uma aeronave a 800km/h voou cerca de 80km. Para destruir a aeronave a 35km do alvo, um navio realizando picket radar deve estar a pelo menos 100km do centro do GT. Um picket a 200km do GT podem detectar alvos a 350km do porta-aviões, dando alerta valoroso para interceptadores contra alvo voando baixo.

Em 1964, os custos das Type 82 levou a redução do número de navios. Três ou quatro defenderiam um Grupo Tarefa enquanto os grupos de apoio teriam apenas um navio cada. Um navio menor com menos mísseis e apenas um radar de controle de tiro poderia complementar o navio maior, e a quantidade total de navios do tipo Type 82 poderia ser de seis a oito navios. O navio navegaria a 5km a frente do corpo principal, mas com uma capacidade de defesa aérea bem menor que o esperado. Em 1966, o novo porta-aviões britânico foi cancelado e apenas um Type 82, o HMS Bristol, foi fabricado.

A ameaça aérea principal logo passou a ser os mísseis anti-navio. As aeronaves de ataque podiam disparar os mísseis fora do alcance dos mísseis SAM e depois voltar para rearmar. Os ataques de saturação podiam ser apoiada por interferidores eletrônicos. Até os submarinos podiam lançar mísseis de curto alcance.

Sem cobertura de caças, a primeira linha de defesa ativa de um navio são os mísseis superfície-ar que tem que ter uma velocidade de reação muito alta para atingir o alvo na maior distância possível. Se errar ainda deve dar tempo de lançar outro míssil ou então engajar outro alvo. Os mísseis têm uma precisão alta que não muda com a distância, mas tem limitação de alcance mínimo e por isso ainda são usados os canhões antiaéreos.

Contra mísseis a distâncias maiores que 600 metros a probabilidade de acerto direto com um canhão antiaéreo cai muito e pode ser usado espoleta de proximidade para fazer o míssil perder o controle e cair após ser danificado. A menos de 600 metros é necessário explodir o míssil com acerto direto para evitar que a inércia mantenha um míssil desgovernado na direção do navio. Um míssil com uma ogiva com 200kg de explosivos RDX precisa ser destruído a mais de 150 metros ou a explosão ainda vai causar muitos danos no navio. Os canhões de 40mm e 57mm podem começar a disparar a cerca de 3,5km enquanto os calibres menores que 30mm começam a disparar a cerca de 1.200 metros para maximizar a probabilidade de acerto.

As armas de um navio de apoio de combate teriam mais função defensivas junto com os sistemas de guerra eletrônica. A primeira defesa a ser pensada em um cenário com maior ameaça é evitar o local. Se não for possível, o próximo passo é ser acompanhado por uma ou mais escoltas mais capazes.

Um navio de apoio de combate operaria principalmente em cenários de baixa intensidade e as ameaças principais seriam lanchas rápidas, minas e baterias costeiras de mísseis. Drones aéreos e de superfície podem se tornar mais frequentes no futuro. Um canhão automático de 40 mm contrapõe a maioria dos alvos esperados em cenários de baixa intensidade como lanchas rápidas, drones de superfície e drones aéreos, além de realizar tiro de advertência. As baterias de mísseis devem ser detectadas e atacadas na praia. Um helicóptero com MAGE e FLIR é o melhor meio de vigilância e reconhecimento.

O conflito no Iêmen é um exemplo de cenário de baixa intensidade com ameaça de baterias de mísseis anti-navio na costa sem a expectativa de ataques de saturação. No dia primeiro de outubro de 2016, o navio de transporte rápido HSV-2 Swift foi atingido por um míssil C-802 disparado da costa do Iêmen enquanto realizava missões de ajuda humanitária.

Como reação, a US Navy enviou os contratorpedeiros USS Mason e USS Nitze além do navio anfíbio USS Ponce para a região. O Mason e o Ponce foram atacados no dia 9 de outubro no estreito de Bab el-Mandeb. O Mason disparou dois mísseis SM-2 e um míssil ESSM contra os dois mísseis. Depois disparou engodos ativos Nulka. Foram dois mísseis anti-navio disparados em um intervalo de seis minutos. O interferidor SLQ-32 deu alerta da presença de radares de mísseis e disparou foguetes de Chaff automaticamente. Um dos mísseis caiu a 19km e outro a 14 km após serem atingidos pelos mísseis SAM.

O USS Mason foi atacado novamente em 12 e 15 de outubro. No ataque de 12 de outubro, próximo a cidade de Al Hudaydah, dois mísseis foram derrubados a 13 km do navio. No ataque do dia 15 de outubro, o navio foi atacado por cinco mísseis no norte do Mar Vermelho. O Mason disparou despistadores e vários mísseis SM-2 neutralizaram os ataques interceptando os mísseis.

No dia 13 de outubro, os contratorpedeiros da US Navy já tinham atacado sites de radar em território controlados pelos Houti. Três sites foram destruídos com mísseis de cruzeiro Tomahawk para evitar que fizessem busca e indicação de alvos para os lançadores de mísseis.

O cenário dos combate no Iêmen é o pior cenário possível para um navio de apoio de combate. A primeira defesa contra as baterias de mísseis anti-navio e radares na costa é ficar longe da ameaça, além do horizonte radar na costa, sem ser detectado. O navio precisa tem meios para operar a longa distância como armas de longo alcance como canhões ou foguetes para apoio de fogo naval e interdição. A capacidade de busca de alvos em terra seria feita com drones ou helicópteros e inclui a capacidade de detectar radares com um MAGE. Drones de superfície equipados com refletores radar podem ser usados para provocar os radares e o disparo de mísseis (ou até helicópteros voando muito baixo e lento).

As ações no Iêmen são um exemplo recente da uma ameaça de mísseis anti-navio lançados de baterias costeiras pois são relativamente comuns, tendo ocorrido em mais três ocasiões. Em 1982, os Argentinos adaptaram com sucesso dois mísseis Exocet em um trailer para ser disparado de terra. Um míssil atingiu o contratorpedeiro HMS Glamorgan. Outro míssil passou próximo da fragata HMS Avenger. Durante a guerra do Golfo em 1991, os iraquianos dispararam dois mísseis Silkworm contra os navios aliados no Golfo Pérsico. Um míssil não atingiu nenhum alvo e outro trancou no couraçado USS Wisconsing, mas foi derrubado antes por um míssil Sea Dart disparado pelo contratorpedeiro HMS Gloucester. O disparo foi uma resposta a uma simulação de assalto anfíbio realizado por 10 helicópteros no Kuwait. Em 2006, a corveta israelense Hanit foi atingida por um míssil C-802 disparado pelo Hezbola a partir da costa do Líbano.

Um ataque recente foi no dia 13 de abril de 2022 quando dois mísseis P-360 Neptune disparado de lançadores em terra atingiram o cruzador russo Moskva na costa de Criméia. Os ucranianos também usaram mísseis anti-carro para atacar lanchas patrulha na costa.

O míssil Sea Ceptor que irá equipar as novas corvetas da MB pesa apenas 99 kg contra 220kg dos mísseis Aspide que equipam as fragatas da classe Niterói. O alcance é o mesmo (25km), mas a versão com alcance estendido chega a 45km e pesa 160kg.



Danos no Catamarã Swift do UAE após ser atacado por mísseis anti-navio do Iêmen. Outros vídeos mostram pequenas lanchas de controle remoto atacando uma fragata saudita.



O canhão antiaéreo calibre 40mm é o padrão da MB.
A versão mais atual do Bofors 40mm Mk4 tem opção de ser controlado direto da ponte de comando.

O canhão automático escolhido para a corveta classe Tamandaré será o Canhão Rheinmetall Sea Snake de 30mm. Uma torreta de sensores em posição mais alta permitiria operar no modo de busca independente do canhão.

Operador de metralhadora MAG na fragata Argonaut durante a Guerra das Malvinas. Foi ainda na Primeira Guerra Mundial que os navios de guerra começaram a receber metralhadoras leves contra a ameaça aérea. Uma arma de grande razão de tiro tem mais chances de acerto, mas o dano é menor. As posições de armas leves costumam receber blindagem no local pois seriam um alvo prioritário por ser bem visível e diminuiria o pânico dos operadores. A corveta Guerrico foi muito danificada por metralhadoras durante o desembarque na ilha Georgia do Sul.

 

Defesa anti-drones

Os drones tiveram uma participação importante no conflito entre o Azerbaijão e a Armênia em 2020, além de outros conflitos no Oriente Médio. Espera-se que serão muito presentes nos cenários navais. Em 2022, suspeita-se que os drones TB.2 da Ucrânia tiveram participação no afundamento do cruzador Moskva como na fase de determinar a posição. Os TB.2 também destruíram duas lanchas patrulhas Raptor com mísseis guiados. Os drones são difíceis de serem detectados pelos radares convencionais por serem lentos e por terem uma baixa assinatura radar. Os radares são otimizados para alvos rápidos.

Os sistemas anti-drones aéreos (C-UAV) consistem de radares de detecção, torreta FLIR para identificação, sistemas de COMINT para detectar o datalink do drone, interferidores das comunicações, e uma arma antiaérea para destruição cinética. Todos estes sistemas já são parte dos navios de guerra como uma fragata ou corveta. No caso da corveta Tamandaré, os canhões de 30mm e 76mm podem ser usados contra drones. São os mesmos recursos que podem ser usadas contra aeronaves lentas suicidas (LSF - Low Slow Flyer).

A ameaça de drones de superfície também deve ser considera. As ameaças de superfície em cenários de baixa intensidade são as lanchas rápidas e pequenas embarcações costeiras (FIAC - Fast Inshore Attack Craft e SSAV - Slow Speed Attack Vessel), embarcações suicidas, explosivos flutuantes e ataques vindo da costa. São contrapostos pelos mesmos sistemas usados contra os drones aéreos.

Contra ameaças de superfície de curto alcance, a razão de disparo de um canhão é considerado mais importante que o alcance. Já na Primeira Guerra perceberam que, para se defender de uma lancha torpedeira, uma armas de tiro rápido era mais importante que o calibre. Os torpedos da época tinham que ser disparados a cerca de 2 km para serem efetivos e quase sempre a menos de 4 km. O contratorpedeiro USS Cole foi atacado por uma embarcação com explosivos no ano 2000 e uma fragata saudita foi ataca por três lanchas drone com explosivos em 2017.

Imagem do ataque de drone de superfície contra uma fragata saudita. A fragata foi ataca por três lanchas drone com explosivos em 2017. O vídeo original foi filmado de uma pequena embarcação próxima que pode ter guiado o drone até o alvo. No outono de 1917, os alemães usaram barcos de controle remoto com explosivos no canal da mancha para atacar os contratorpedeiros britânicos.

A imagem é de um submersível furtivo usado por traficantes de drogas, mas pode ser um exemplo de como seria o formato de um drone com furtividade frontal para atacar navios, sendo praticamente uma mina motorizada. O inventor do torpedo pensava inicialmente em uma arma guiada por cabos disparada da costa, mas a tecnologia da época era insuficiente.São chamados de embarcações de perfil baixo (Low-Profile Vessels - LPV).

Em 2021 ocorreram vários ataques de drones iranianos contra navios mercantes israelenses próximos da região do Golfo Pérsico. O navio da foto foi atingido acima da ponte de comando. Uma ogiva maior poderia conseguir um "missil kill" contra um navio de guerra ao atingir um ponto vital.

Um operador de metralhadora treinando contra um drone aéreo. As metralhadoras calibre 12,7mm tem maior alcance, mas as metralhadoras de calibre 7,62 tem maior razão de tiro que aumentaria as chances de acerto contra aeronaves bem pequenas.

Guerra Eletrônica

O primeiro uso da guerra eletrônica pelos navios foi a interceptação de comunicações permitindo indicar a direção da frota inimiga. Logo perceberam que podiam interferir nas comunicações inimigas. Assim nasceram as medidas de apoio a guerra eletrônica (MAGE). O reconhecimento eletrônico até passou a ser uma das missões da escolta com o MAGE sendo usado para coletar dados de comunicações e radares inimigos, no mar, terra e no ar.

A análise manual dos dados de um MAGE durava cerca de 1 minuto enquanto a análise automática chegou a menos de um segundo na década de 1980. A automação dos sistemas de guerra eletrônica permite diminuir a tripulação. Um MAGE manual precisava de dois operadores e agora só precisa de um e são bem menores e mais leves. Os dados são passados para o CIC diretamente enquanto antes era manual. Os MAGE atuais podem analisar sinais bem curtos e determinar a direção de origem com mais precisão. Os dados podem ser gravados para atuar como sistema de inteligência eletrônica.

Os novos sistemas de inteligência de comunicação (COMINT) automático apareceram na década de 1970 e permitiam localizar unidades navais além do horizonte. Vários navios trocam dados por datalink para serem analisados e triangular a posição automaticamente. Um MAGE permitia triangular alvos para o disparo de um míssil anti-navio Exocet no alcance máximo.

Na década de 1960, o MAGE virou um sensor antiaéreo podendo detectar as emissões de uma aeronaves a 400km, até a baixa altitude e além do horizonte, contra 220km do radar. Também eram sensores antisubmarino pois detectavam o radar dos periscópios.

Os interferidores eletrônicos começaram a ser usados pelos navios assim que os primeiros navios foram afundados por mísseis guiados por rádio na Segunda Guerra Mundial. Os Interferidores eletrônicos podem ser usados para auto-defesa ou para proteger outros navios ao redor como cobertura de frota ou de comboio. No modo de cobertura (counter-targeting), um interferidor protege contra radares inimigos forçando as plataformas aéreas a se aproximar a menos de 50km. Um radar de caça ou míssil só detecta navios a menos de 20km e dentro do alcance de mísseis SAM de defesa de área. Pode esconder uma escolta em um raio de 10 km na banda S ou completamente na banda X. Um navio com baixo RCS facilita ainda mais o funcionamento dos interferidores eletrônicos e por isso os navios de guerra atuais tem formas furtivas.

Durante a Guerra Fria, as contramedidas eletrônicas da Royal Navy eram divididas em longo alcance para atrapalhar a aquisição de alvos e de curto alcance para defesa contra mísseis trancados ou tentando trancar nos alvos. Os interferidores de alta potência eram usados para atrapalhar a pontaria. Durante a Guerra das Malvinas, os britânicos tinham os lançadores de Chaff dos navios (Chaff delta), projéteis de Chaff dos canhões de 114mm (Chaff charlie) e os Chaff lançados por helicópteros (Chaff hotel). Os Chaff hotel eram lançados bem distantes dos navios para confundir radares de longo alcance e até para confundir satélites de busca radar Soviéticos.

O Chaff delta tem que criar uma nuvem rapidamente para o caso de ataque de mísseis. Geralmente é lançado com a ameaça a 15 km de distância ou cerca de um minuto de vôo no caso de um míssil. Depois de disparar o Chaff, os navios tinham que se mover para se colocar entre a nuvem e a ameaça e virar na direção do vento e manter a mesma velocidade para ser confundido como uma das nuvens e não se destacar. Os Chaff eram disparados em salva de 16 foguetes. Os navios tinham um estoque de 64 foguetes de Chaff e poderiam ficar sem defesas após quatro alarmes falsos e eram muito comuns. Não tinham meios de saber se era um alarme falso. Com o estoque de Chaff diminuindo, os navios passaram a disparar salvas de oito Chaff e depois 2 ou 3 foguetes. Os Israelenses usam o lançador de Chaff Deseaver com 72 foguetes com as corvetas classe SAAR 5 sendo equipadas com três lançadores com um total de 216 foguetes.

O Chaff charlie era lançado pelos canhões de 114mm a longa distância para criar confusão. Passaram a ser disparados com pequenas salvas de Chaff delta com o estoque diminuindo. Geralmente eram os primeiros a serem disparados em caso de contatos radar distantes. O Chaff charlie também era usado para simular contatos falsos para confundir radares na costa. Eram levados pelo vento para simular um alvo móvel. Podiam simular a infiltração de uma embarcação, mas depende da direção e velocidade do vento no momento para surtir efeito.

Novos foguetes de engodo foram adicionados aos lançadores como os flares, usados em caso de ameaça de mísseis guiados por calor, e foguetes de fumaça para ocultar contra mísseis guiados por imagem. Os refletores de canto são outro tipo de isca e ficam flutuando. Os mais caros são os interferidores ativos. Até mesmo despistadores de torpedos podem ser disparados pelos lançadores de Chaff criando alvos falsos distantes do navio.

A ELEBRA fabrica o bloqueador ET/SLQ-1A que equipa a corveta Barroso. Também recebeu o lançador de Chaff/Flare SLDM (sistema de lançamento de despistadores de mísseis). Os dois foram integrados com o Sistema de Controle Tático, Comando e Controle SICONTA MK.II que também recebe dados de um MAGE Cutlass B1BW que dá alerta de ameaças. Os bloqueadores e o MAGE são necessários contra ameaças de drones pois podem dar alerta da presença do link de comunicação e depois interferir nas comunicações.



A corveta Tamandaré será equipada com o lançador de Chaff/Flare TERMA C-GUARD.

Lançador de engodos Deseaver usado pelas fragatas israelenses da classe SAAR 5 (aqui instalado em uma SAAR 4.5). Cada navio tem três lançadores com um total de 216 engodos. 



A MB selecionou o C-ESM para ser o novo MAGE das corvetas da classe Tamandaré. A capacidade de gravar dados permite que o navio realize missões de inteligência eletrônica.


Guerra de Minas

Uma das possíveis funções de um navio de apoio de combate é a Guerra de Minas. O navio pode ser usado como navio lança minas ou como varredor/caça minas. Os navios dedicados costumam ser pequenos e precisam ser apoiados ou transportados por um navio maior em missões de longo alcance. A outra opção é usar um navio escolta maior, não tão sofisticado, para missões de longo alcance, acompanhando a frota, e com capacidade de auto-defesa contra ameaças no ar, no mar e na costa.

A minagem pode ser ofensiva ou defensiva. A minagem ofensiva é geralmente realizada em águas controladas pelo inimigo para atrapalhar suas linhas de suprimento e a movimentação de navios com o bloqueio de estreitos e acessos a suas bases e portos. A minagem defensiva é realizada nas águas controladas ou de aliados, mas também em áreas de disputa pelo controle marítimo. O objetivo é proteger as águas costeiras, bases, portos e rotas das forças navais e navios mercantes. São campos minados secretos.

As minas podem ser lançadas por praticamente qualquer navio, submarinos ou aeronaves, navios comerciais, pesqueiros, e navios de pequeno porte. A maioria das minas lançadas após 1950 foram por navios mercantes, pesqueiros ou juncos.  Os navios de superfície são mais utilizados para a minagem defensiva. A vantagem em relação aos submarinos e aeronaves é a autonomia e capacidade de carga. Por outro lado, são lentos e mais vulneráveis a ataques vindo do mar e terra. Por serem fáceis de detectar, não são a primeira escolha para criar um campo minado secreto. Os submarinos são melhores para lançar minas em locais controlados pelo inimigo, podendo fazer minagem ofensiva sem serem detectados. Podem fazer reconhecimento do tráfego local para determinar o ponto ideal para lançar as minas.

As aeronaves de asa fixa são consideradas mais adequados para fazer minagem ofensiva por serem rápidos, tem um raio de ação adequado e curto tempo de reação. Podem minar qualquer local e são invulneráveis as minas defensivas do inimigo. Podem realizar reminagem sem se preocupar com minas já lançadas no local. A precisão do lançamento não costuma ser adequado, mas com navegação por GPS, mira computadorizada, sensores de imagem que gravam o local da queda ou minas aéreas guiadas por GPS podem criar campos com precisão. Uma desvantagem das aeronaves é não ter garantia que o inimigo perceba a criação do campo minado.

O Japão usou muitas minas contra os Russos na guerra de 1905. Os contratorpedeiros lançaram minas no trajeto da frota russa e forçou a desviar. Os navios lançavam as minas entre 1 a 2 km do inimigo e depois fugia rápido. Lançavam até minas falsas como sacos de palha e funcionava. A ameaça de minas fez os britânicos evitarem perseguir a frota alemã fugindo na batalha da Jutlândia. Os alemães usavam seus contratorpedeiros e cruzadores para lançar minas nas águas controladas pelos inimigos na Primeira Guerra.

Após a Primeira Guerra Mundial, a França considerou a Alemanha como principal inimigo e a estratégia naval era baseada no bloqueio do mar do norte. A minagem dor portos necessitaria de um navio dedicado para minagem ofensiva que levou ao cruzador Pluton e dois submarinos lança-minas. O objetivo era evitar que a frota alemã saísse dos portos. O Pluton poderia lançar até 290 minas. Seriam lançadas a noite e preferencialmente quando tivesse pouca visibilidade. Um campo de minas poderia ser lançado a 10km da costa com espaçamento de até 40 metros no máximo entre as minas. Os submarinos lançariam até 32 minas atuando mais próximos dos portos. Apenas o Pluton foi construido e depois passaram a usar cruzadores leves, contratorpedeiros e corvetas equipadas com trilhos para realizar as missões de minagem. Um contratorpedeiro podia lançar cerca de 50 minas.

Já o Reino Unido considerava criar um campo de minas na Bélgica e Holanda para atrapalhar a movimentação da frota alemã. A Royal Navy construiu o cruzador HMS Adventure para lançar 300 minas. O armamento era mais para auto-defesa contra lanchas torpedeiras. Os contratorpedeiros britânicos também podiam ser convertidos para lançar até 60 minas.

Na Segunda Guerra Mundial, as minas eram lançadas por contratorpedeiros, lanchas torpedeiras e aeronaves. Raramente era lançada por cruzadores ou mercantes armados (comerce raider). Alguns contratorpedeiros da US Navy da Primeira Guerra foram convertidos para lançar minas durante a Segunda Guerra devido a falta de navios especializados rápidos. Quatro navios eram usados para criar um campo minado.

Durante a Segunda Guerra, os lança-minas da Royal Navy minavam a costa da Holanda com escolta de contratorpedeiros e apoio aéreo. Já os alemães realizaram 11 saídas de minagem na costa inglesa sem serem descobertos no inicio da guerra. Foram lançadas 1.800 minas sendo a metade de contato e metade magnética. Foram 67 mercantes, 3 contratorpedeiros e 9 navios auxiliares afundados. Cinco saídas subsequentes não tiveram sucesso ou com pouco resultado. Os campos de minas criados pelos alemães não eram defendidos e os britânicos conseguia limpar. Obstáculo não defendido não é obstáculo.

Os EUA usaram muitas minas contra Japão lançadas do ar com muito sucesso pois o Japão tinha pouca capacidade varredura e resultou na redução de 90% da atividade marítima, fechando completamente seus portos principais. Foram mais de 12 mil minas lançadas pelos B-29.

O uso de minas é relativamente comum comparado, por exemplo, com o disparo de mísseis anti-navio. Nos últimos 75 anos, desde a Segunda Guerra Mundial, as minas afundaram mais navios em conflitos armados do que qualquer outra arma naval. Após a Segunda Guerra Mundial, a US Navy teve 19 navios afundados ou gravemente avariados sendo 15 por minas. Em 1988, a fragata Samuel B Robert quase afundou após ser atingida por mina iraniana SADAF-02. Durante a Guerra do Golfo em 1991, o navio de assalto USS Tripoli atingiu em uma mina LUGM 145 que custava US$ 1.900, mas causou danos de US$ 5 milhões. O Cruzador USS Princetown foi danificado por uma mina Manta de US$ 20 mil que causou danos de mais de US$ 100 milhões. O uso de minas na costa do Kuwait inviabilizou o desembarque anfíbio no local. Os iraquianos plantaram cerca de 1.300 minas no local. A US Navy acompanhava a atividade de minagem iraquiana que usava dois navios lança-minas para estimar a posição dos campos miandos, mas os iraquianos usavam embarcações menores que a US Navy considerou que estavam levando saque do Kwuati. A limpeza das minas no Golfo Pérsico durou até 1997.

Os argentinos plantaram um campo minado na costa a frente de Port Stanley que atrapalhou as missões de bombardeio naval dos britânicos. Foram criados dois campos a 10 km do cabo Pembroke, um com oito minas em duas filas e o segundo com 13 minas, para atrapalhar possíveis desembarques anfíbios no local. Os navios operando no local sentiram falta de varredores. As traineiras Cordelia e Northella foram convertidas como varredores e enviados para o sul no navio de transporte Pict para limpar o local. A fragata HMS Alacrity foi destacada no dia 10 de maio para transitar no estrito das Falklands atuando como varredor rápido para garantir que o local não estava minado.

O convés flexível do Absalon pode levar até 300 minas e pode receber trilhos para lançamento de minas. As novas fragatas japonesas da classe Mogami tem capacidade de atuar como navio mineiro ou caça minas. Foram equipadas com um sonar antimina OQQ-11, drones de superfície e submarinos para caçar mina. A marinha japonesa planeja operar 22 navios da classe Mogami.


Imagem do lançamento de uma fragata da classe Mogami da Marinha japonesa mostrando a abertura da rampa traseira para lançar e recolher drones caça minas e da porta para lançar minas.


Popa do lança-minas sul coreano Wosan. O navio é capaz de levar até 500 minas. Navios de guerra de minas custam tanto quanto as escoltas considerando apenas o preço por tonelada.

Outra missão dos navios de apoio de combate é a contramedida de minas atuando como caça-minas ou navio de apoio de guerra de minas. A classe Absalon foi pensada para atuar com navio-mãe levando drones ou embarcações caça-minas. Na Segunda Guerra Mundial, os contratorpedeiros também foram adaptados como caça-minas rápidos indo na frente da frota em locais com ameaça. Os contratorpedeiros também fizeram varredura ofensiva na invasão norte da África aproveitando a capacidade de se defender de submarinos e ataques aéreos.

Navios de escoltas, navios anfíbios, embarcações de desembarque, rebocadores de frota e bases móveis são candidatos para receber módulos de guerra de minas. Os sonares de evasão de minas já eram usado pelos submarinos da US Navy contra o Japão e depois foram instalados em navios. Praticamente qualquer navio pode receber capacidade de guerra de minas, mas nem todos deveriam. Muitas plataformas tem alta demanda e tem outras tarefas prioritárias. Cascos comerciais baratos podem ser adaptados para missões de guerra de minas e teriam melhor custo benefício.

Os drones são os novos meios usados para contramedidas de minas. Pode ser na forma de veículos subaquáticos e de superfície não-tripulados. São usados para fazer a varredura de minas ou como caça-minas, evitando expor os navios-mãe e tripulações aos perigos na área minada ou suspeita. Um drone caça-minas pode ser uma embarcação semi-rígida (RHIB) de 11 metros, já levados pelas escoltas, capaz de rebocar um sonar caça minas e um drone (ROV) para neutralização de minas, realizando caça e destruição. O objetivo é criar uma rota segura para a passagem de navios. Os drones de superfície navegam a cerca de 500 metros à frente do navio fazendo a varredura do fundo à frente do navio com seus próprios sensores, como sonares, câmeras de TV e telêmetro laser, transmitindo os dados ao navio-mãe.

O primeiro uso de aeronaves para detectar e destruir minas navais foi na Segunda Guerra com o uso de bombardeiros equipados para detonar minas magnéticas em águas rasas. A US Navy usou helicópteros HO3S-1 e hidroaviões PBM para detectar e limpar minas no porto de Wonsan antes do assalto anfíbio no local durante a Guerra na Coréia. Depois da Guerra da Coréia, a US Navy usou o helicóptero HSL Tandem para testar trenós para varredura de minas em 1952. Em 1964, o SH-3A foi convertido para guerra de minas como RH-3A em 1966. O CH-53 entrou em operação em 1971 pois a missão exigia um helicóptero potente. Os RH-53 foram usados para varrer minas no porto de Haifong no fim da guerra do Vietnã em 1973. Foram usados novamente em 1974 para varrer minas no canal de Suez após a guerra do Yom Kippur. Em 1984, varreram minas no mar Vermelho lançadas por terroristas. Operaram no Golfo Pérsico em 1986 e 1991. A US Navy está usando os seus helicópteros MH-60S para caçar minas com casulos detectores de minas e um navio de apoio de combate pode ser uma base para helicópteros caça-minas e pode ser considerado a plataforma modular ideal.

Um drone submersível daria nenhum ou pouco alerta para o inimigo e seria mais útil em operações de contraminagem antes de um desembarque anfíbio. A US Navy adotou o submersível para enviar dados para análise imediata enquanto os drones submarinos gravam os dados para serem analisados após a recuperação do drone. A Noruega foi o primeiro país a usar drones submarinos com o Hugin. Os LCS da US Navy receberam módulos semelhantes. A US Navy usou o drone REMUS 100 otimizado para caça minas em águas rasas durante a invasão do Iraque em 2003.

A navegação de precisão com o GPS é uma contramedida (guerra de precisão). Um drone detecta um objeto suspeito e gera uma imagem para ser analisada. Com a posição precisa do campo minado é possível criar uma passagem segura sem a necessidade de destruir as minas ou objetos suspeitos. O inimigo só mina uma área pequena e saber onde não tem mina é importante. Basta detectar objetos parecidos com uma mina e a área será considerada perigosa. É uma técnica mais rápido do que limpar toda a área e a navegação por GPS está facilmente disponível. As minas não podem ser lançadas em qualquer lugar pois as minas de fundeio precisam estar próximo da superfície para ter efeito destrutivo e são inúteis a mais de 60 metros de profundidade. Então os locais prováveis ficam fáceis de serem estimados.

Durante a Primeira Guerra Mundial, os Otomanos criaram um campo de minado com 393 minas em três fileiras no estreito de Dardanelos. As forças da Entente usaram varredores para limpar os campos durante o dia. A varredura era demorada, com os navios navegando a no máximo 4 nós, mas tiveram que fazer a varredura a noite para evitar as baterias de artilharia costeira. Ao se aproximarem da costa a noite, foram iluminados por faróis de busca e atacados novamente, forçando a se retirarem. Foram duas semanas tentando limpar o local sem sucesso. Dos 35 varredores usados, dois foram afundados e vários danificados. Aeronaves de reconhecimento aéreo também falharam em detectar minas em outra área. Quando os navios da Entente atacaram o estreito, três foram danificados ou perdidos por minas não detectadas. As forças navais se retiraram e levou ao desembarque de Galipoli.

A Coréia do Norte semeou cerca de 3 mil minas no porto de Wonsan em 1950. Os aliados destruíram apenas 225 minas com perdas de quatro varredores, um rebocador e cinco contratorpedeiros seriamente danificados. As minas estavam dentro do alcance de baterias de artilharia na costa que atacavam os navios varredores.

Os veículos não tripulados são exemplos de meios que permitem realizar varredura em área contestada com o navio mãe se mantendo a distância e fora de risco. A ameaça de baterias costeiras de mísseis anti-navio exige que fiquem além da linha do horizonte.



A Northrop Grumman desenvolveu o sonar AQS-24 Mine Hunting System para mapear a topografia do fundo do mar em busca de minas. Foi instalado inicialmente nos helicópteros MH-53D Sea Dragon e já foi testado em veículos de superfície não tripulados. O AQS-24 pode realizar o mapeamento a cerca de 18 nós podendo varrer um campo minado a frente de uma força anfíbia, força tarefa ou comboio.



Um LCS da US Navy lançando um drone caça-minas AN/WLD-1 Remote Minehunting System (RMV). O RMV reboca um sonar SQS-20 (visível na barriga) capaz de detectar minas. Em 2019, US Navy operava com 29 helicópteros caça minas MH-53E Sea Dragon e 11 caça minas da classe Avenger. Os Avenger deveriam ser substituídos pelos LCS que também operaria os MH-60 para complementar os MH-53E. A US Navy planeja operar oito LCS dedicados para missões de guerra de minas.

O drone Seafox é usado para localizar e destruir minas. Usa um sonar para busca enquanto outro drone leva um explosivo de 1.4kg para detonar a mina. Cada drone custa cerca de US$ 100 mil.

Drones de superfície também podem rebocar sonares caça minas e são bem mais baratos que os drones submarinos ou helicópteros e podem ser levados por praticamente qualquer navio de escolta ou maior.
 

Custos

Inicialmente os navios de guerra eram projetados ao redor das armas como os canhões pesados ou torpedos. Depois passaram a ser projetados para as tarefas e possíveis ameaças a serem contrapostas. Como citado antes, os navios de apoio de combate tem como foco as operações de baixa intensidade e por isso seriam mais simples e mais baratos.

As marinhas ricas também usam o conceito de HI-LOW-MIX, com navios sofisticados para apoiar a frota e navios menos capazes para realizar escolta de comboios em locais de menor risco. Por outro lado, até as escoltas baratas ficaram inviáveis com a capacidade dos submarinos modernos e o uso de sensores e armas mais caras. Após a Segunda Guerra, novos requisitos de armas e sensores aumentaram o tamanho dos navios, com a qualidade das escoltas subindo de nível. As escoltas de frota passaram a ser usadas como escoltas de comboio enquanto as escoltas leves de comboios viraram barcos patrulhas ou caça-submarinos.

Na década de 1930, a Royal Navy usava corvetas para o policiamento do seu império, atuando como cruzadores anões, com apenas um canhão médio e um pelotão de fuzileiros. Tinham capacidade de varrer minas o que era uma missão esperada para cobrir muitos portos e bases. Nas duas Grandes Guerras, os cruzadores auxiliares realizavam a patrulha do norte para bloquear navios em rota para a Alemanha via mar do norte. Checavam mercantes e também alertavam de incursores e navios de guerra deixando o norte para entrar no Atlântico.

A MB planejava comprar cinco fragatas médias no programa PROSUPER. Quatro corvetas e três navios da classe Absalon poderiam custar aproximadamente o mesmo valor das cinco fragatas. Um grupo tarefa com três FREEM e um navio tanque poderia ser comparado com um grupo tarefa de três corvetas e duas Absalon. Por exemplo, o navio tanque não leva helicópteros enquanto as duas Absalon levariam até quatro helicópteros de médio porte como o MH-16 e UH-15 Caracal.

Outra justificativa para a operação de navios de apoio de combate pela MB é orçamentária. A MB já está com número reduzido de escoltas e precisa otimizar recursos. Se por um lado pode diminuir número de escoltas para missões de alta intensidade, por outro pode aumentar o número total de navios ao aproveitar os recursos disponíveis com meios mais simples e flexíveis para as missões de baixa intensidade de tempos de paz do dia a dia.

Os navios tanques foram os primeiros a se tornar multifuncional ao receberem a capacidade de transferir carga seca. Depois passaram a ter capacidade de apoiar a aviação ao receberem um grande hangar. O próximo passo foi adicionar a capacidade de transporte logístico podendo levar pessoal e veículos. Por outro lado, muitas tarefas podem acabar comprometendo algumas capacidades específicas e o navio não fica bom em nenhuma.

A grande vantagem de um navio multifuncional é ter muitas partes em comum como acomodações, máquinas e ponte/C2 e sendo apenas adicionando espaço e volume para carga adicional, tanques combustível, guinchos e apoio de aviação. O custo de adicionar uma nova capacidade pode ser bem pequena. Marinhas com grandes frotas de navios de apoio não investem em navios multifunção e preferem navios especializados pois podem ter vários de cada tipo. Mesmo que um dos navios esteja parado para manutenção a capacidade de cada navio não é comprometida. Um navio multifuncional não disponível resulta na perda de muitas capacidades ao mesmo tempo. Dois navios disponíveis significa que é possível ter sempre um disponível.

Navios de apoio logístico usam padrões de fabricação civil ao invés do padrão militar resultando em um custo menor. Os navios da classe Absalon custaram US$ 333 milhões cada comparado, na época, com US$ 447 milhões de uma fragata FREEM francesa ou US$ 878 milhões da F125 alemã. Um navio comercial adaptado como o Prevail Multi-Role Vessel pode chegar a custar três vezes menos em relação a Absalon.

Para diminuir os custos, primeiro abandonam os requisitos de proteção contra choque e explosão. O uso de padrões civis permite construir um navio mais rápido pois uma estrutura comercial (transversal) gasta menos mão de obra para fabricar que a militar (longitudinal). O navio não tem requisitos militares de resistência a choque, zonas de explosão, proteção química, biológica e radiológica como splinters na parte externa. Os navios de apoio múltiplo são relativamente grandes devido ao convés flexível e um navio maior absorve mais danos facilmente.

O LCS foi projeto com capacidade de sobrevivência nível I enquanto as escoltas da US Navy são projetadas no nível II. A compartimentação é menor e tem menos reforço estrutural, tendo menos capacidade de resistir se atingidos por um míssil anti-navio. Os requisitos já citavam que seria abandonado se fosse atingido e seria praticamente descartável.

Um navio de apoio múltiplo como a classe Absalon seria basicamente uma corveta ou fragata (em relação aos sensores e armas principalmente) com a adição de um convés flexível e padrões de construção comercial. O convés flexível aumentaria os custos que depois seriam compensados com o padrão comercial.

Desde 1981 que a US Navy estuda padrões comerciais para sua frota de navios de apoio pré posicionados. A Royal Navy foi a primeira a implantar com o HMS Ocean (atual NAM Atlântico). Os navios mercantes já operam com apenas um tripulante na ponte de comando (One man bridge operated - ​OMBO) de dia e bom tempo. A noite ou mau tempo são usados dois tripulantes. Também já operam com praça de máquinas desguarnecida (UMS - Unmanned Machinery Space). Navios patrulha oceânicos já operam com uma ponte de comando integrada com três tripulantes durante o cruzeiro.

A automatização é uma forma de diminuir os custos e funciona bem nos países mais ricos onde a mão de obra é mais cara com a redução nos custos chegando a 40%. Mesmo assim, a automação tem limitações pois os tripulantes são necessários em várias situações como as operações de reabastecimento que precisam de muita mão de obra, controle de avarias e missões de abordagem (VBSS). Missões de longa duração precisam de uma grande tripulação para revezar nas operações sustentadas sem causar muita fadiga.

Cenários de alta intensidade precisa de prontidão máxima por longos períodos, com o COC sempre tripulado. Nos cenários de baixa intensidade nem precisam atuar continuamente em prontidão alta e nem com todas as funções ativas permanentemente. A média de prontidão de um tripulante em cenários de alta intensidade é de 115 horas por semana, cerca de 16 horas por dia, contra 35 horas em tempo de paz.

As LCS da US Navy adotou equipamentos comerciais automatizadas dos navios mercantes para diminuir a tripulação. Originalmente eram 40 tripulantes, mas aumentou para 50 para diminuir a sobrecarga de trabalho e para apoiar as operações de controle de avarias.

Os cuidados com a qualidade das acomodações dos navios está aumentado. As acomodações devem ficar longe das salas de máquinas devido ao barulho e vibração ao invés de instalados no espaço que sobra após projetar outros sistemas como armas, propulsão e sensores. Os cuidados estão relacionados com a proficiência pois o sono impacta a concentração. Também seria ideal ficar mais próximo do centro do navio para limitar o efeito do balanço. Também ficam agrupados hierarquicamente e podem ser dispersos em dois grupos para o caso de danos de combate. As cabinas dos oficiais tem mesa para trabalho de escritório e assento para visitantes. A cabina do comandante costuma ser a única com janela e banheira que pode ser útil em caso de vitima de hipotermia em situações de emergência.

Desde a Segunda Guerra que a tripulação virou um problema de custo. As marinhas tentam automatizar ao máximo. O planejamento futuro considera o custo da mão de obra e não o número de navios. A capacidade de um navio está relacionada com o manejo pois todos os sistemas e arma tem que ser tripulados continuamente o que gera um volume maior para as acomodações.

As fragatas Type 21 foram projetadas para serem baratas e por isso não receberam splinters para guerra nuclear, não fazia reabastecimento no mar, tinha cozinha única para oficiais e praças e apenas uma âncora. Só levaria uma tripulação para o helicóptero Lynx. Sensores automáticos que passam dados automático para o CIC foi um recurso importante. O CIC simplificado com apenas dois operadores e sem controle de armas foi outra medida, além de posto de vigilância único. O uso de turbina a gás permitiu diminuir a tripulação, nem todos sistemas e armas podem ser manejados simultaneamente, e a capacidade de manutenção própria foi reduzida e precisava de mais apoio de terra.

As fragatas Type 23 deveria ser uma escolta antisubmarina de baixo custo, mas o cancelamento de outros projetos resultou em novo requerimentos. O navio não teria um hangar e teria apenas a capacidade de rearmar e reabastecer helicópteros em uma posição avançada. Os helicópteros operariam a partir dos navios de apoio. A fragata acabou recebendo um hangar. O canhão de 76mm foi substituído pelo de 114mm após a Guerra das Malvinas. Só teria um diretor de tiro para o míssil Sea Wolf, mas acabou recebendo dois. O sensor principal seria o sonar rebocado Type 2031Z para detecção de longo alcance, mas o fim da Guerra Fria resultou na instalação em apenas metade da frota.

Para reduzir os custos, o melhor sistema de propulsão são os motores a diesel. A propulsão com turbina a gás fornece a potência das caldeiras a vapor e era bem mais compacto, além de ligar muito mais rápido. A turbina a gás era eficiente apenas em uma pequena faixa de potência e geralmente consome muito a baixa velocidade que é a velocidade mais usada em tempo de paz. Então costumam combinar a propulsão a diesel para velocidade lenta e a turbina a gás para alta velocidade.

A propulsão CODLAG (diesel e elétrica) tem a vantagem de diminuir em muito a assinatura acústica pois as engrenagens entre os motores e as hélices causam muito ruído. Os motores/geradores podem ficar mais acima no convés e distribuídos em vários locais. A propulsão Full Integrated Electrical (IEP) passa a usa vários geradores combinados devido ao maior uso de energia para outros sistemas e resulta na diminuição total de motores e sistemas auxiliares e dutos necessários. O uso de armas de energia direta pode ser outra justificativa futura para implantar a propulsão IEP.

Um GT é tão rápido quanto o navio mais lento. Um navio de apoio de combate não pode ser lento para não atrasar o GT. O mesmo vale para os navios de reabastecimento e navios anfíbios, mas no caso dos comboios e GT de guerra anfíbia ou navios de suprimentos pode ser mais lento.

A velocidade de frota é de cerca de 28 nós, mas os grupos anfíbios, de reabastecimento e comboios operavam a 18-20 nós e podia ser usado uma escolta de 24 nós. O problema é quando a escolta tem que operar com a frota e o requisito é uma maior velocidade. Os submarinos de ataque nucleares forçou o uso de escolta com bom desempenho para cobertura da frota. O navio precisa ter capacidade de fazer corridas rápidas até um contato se não tiver armas antisubmarino de longo alcance. Tem que ser rápido para reposicionar, atingir um contato suspeita rapidamente e depois voltar rápido para sua estação. Os navios mercantes também ficaram mais rápidos e exigem escoltas rápidas. A classe Garcia foi projetada para ter uma velocidade de 27 nós para contrapor os submarinos nucleares capazes de atingir 20 nós.

A velocidade depende se o navio está carregado ou não e se está com muita craca no casco (deep and dirty) que aumentam atrito. O alcance chega a diminuir 10% se o navio está a mais de 6 meses fora da doca sem limpeza do casco. O local de operação também influencia pois em locais quentes, como nos trópicos, o desempenho dos motores diminui. A forma do casco otimizada para velocidade ou cruzeiro são diferentes, com o peso e a flutuabilidade concentrados mais atrás. Um navio de apoio de combate a principio seria otimizado para a velocidade de cruzeiro.

Os contratorpedeiros tinham que ser mais rápidos que os navios que escoltavam para poder manobrar ao redor e manter a posição. Com a ameaça de armas nucleares e dos mísseis anti-navio este requisito perdeu sentido com os navios ficando bem mais afastados e nem precisavam manter uma posição precisa.

Uma velocidade menor é um meio de manter os custos mais baixos. Com a metade da potência, um contratorpedeiro classe Fletcher tinha a velocidade máxima de 35 nós diminuída para 28 nós. A diminuição do tamanho e peso dos motores diminui o tamanho do navio e a quantidade de combustível. Uma planta de propulsão menor permitia sobrar espaço para mais combustível nos contratorpedeiros de escolta. Alcançar contatos submarinos distantes passou a ser trabalho para os helicópteros.

O mar agitado era outra limitação no desempenho dos contratorpedeiros. Durante a incursão contra Tóquio em 1942, o USS Hornet com suas escoltas de quatro cruzadores avançou na fase final a 28 nós, mas os seis contratorpedeiros ficaram para trás a 19 nós pois não podiam acelerar muito com mar muito agitado. Um requisito das fragatas Type 22 era poder navegar a 24 nós em estado de mar 5. A especificação da classe Spruance era usar as armas e sensores de uma fragata de 3 mil toneladas em um casco de 7 mil tons para dar grande autonomia e alta velocidade em mar agitado para poder acompanhar os porta-aviões.

Um navio com hélice única é mais barato e foi implantado nas fragatas classe Perry da US Navy, além de dois motores auxiliares para operar lentamente durante a escuta com o sonar ou para voltar para casa em caso de dano nos motores principais. A experiência mostra que um navio com uma única hélice é apenas 3% menos confiável que um navio com duas. Um acerto por torpedo sempre danificava as duas hélices ou toda a propulsão em um contratorpedeiro. Dos 30 contratorpedeiros torpedeados na Segunda Guerra Mundial, 17 afundaram, 10 foram rebocados e três viraram sucata.

Os sistemas de armas de um navio de apoio de combate seriam pouco sofisticados para diminuir os custos. Para exemplificar, a MB comprou quatro canhões Otomelara de 76mm com um custo de 7,5 milhões de Euros cada. O tamanho do navio pode ser similar ao de um contratorpedeiro, como a classe Absalon, mas as armas, sensores e sistemas defensivos seriam equivalentes a uma corveta mais simples ou um navio de patrulha oceânico. Se o cenário exige recursos mais sofisticados então tem que ser acompanhado por escoltas mais capazes.

A modularidade é muito exigente em termos de treinamento. Pode ser necessário uma tripulação maior se revezando nas missões para treinar várias capacidades. Por outro lado, o número de meios para realizar uma vasta gama de missões pode ser menor. Por exemplo, as missões de guerra antisubmarino precisariam apenas de novos módulos de sonar e lançadores de torpedos. Os helicópteros embarcados poderiam ser o único recurso para guerra antisubmarino realizando busca e ataque assim como para guerra de superfície.

As embarcações com hidrofólio só funcionam em alta velocidade só funcionam em alta velocidade e mar bem calmo, as descobriram que pode ajudar na economia de combustível de navios convencionais. A marinha da Holanda está equipando o navio de patrulha HNLMS Zeeland com um hidrofólio na popa do navio. O objetivo é economizar até 10% do combustível além de melhorar a estabilidade. O navio também fica mais furtivo ao diminuir a esteira do navio deixando navio mais silencioso e mais difícil de ser detectado visualmente.

A fragata PPA italiana recebeu uma extensão na proa que melhora a hidrodinâmica e adiciona cerca de um nó na velocidade máxima.

A fragata PPA italiana recebeu uma ponte integrada similar a um cockpit de aeronave para diminuir o número de tripulantes

 

Técnicas furtivas

O projeto de um navio de apoio de combate dedicado tem a vantagem de ser projetado desde o início para ter formato furtivo. O formato furtivo da proposta da de navio de apoio da MMC polonesa é bem mais parecido com o formato de um navio de guerra. Os radares conseguem distinguir os alvos pequenos dos grandes facilmente e os alvos principais são obviamente os de grande RCS. Com o formato furtivo criando um pequeno RCS, o navio de apoio deixa de ser o alvo principal e vira um entre vários alvos e até mesmo um alvo secundário. Alvos falsos (engodos) com grande RCS podem ser bem atrativos. Um RCS menor também ajuda os sistemas de interferência eletrônica e os Chaff a enganar os radares. Concentrar as medidas para diminuir a assinatura radar no aspecto frontal e traseiro é bem mais fácil que o lateral com o navio mostrando estes aspectos para a ameaça para diminuir o alcance dos radares.

Um navio de superfície altamente furtivo (furtividade ofensiva) para penetrar defesas mais intensas e conseguir surpresa é muito difícil e caro de se projetar sendo aplicada apenas em um submarino ou aeronaves embarcadas (drones e possivelmente helicópteros). Os drones de superfície embarcados seriam o próximo passo e seriam úteis em alguns cenários como no litoral. Em 2022, os drones ucranianos deram muito trabalho para as defesas russas devido ao pequeno RCS e por serem bem lentos. Os radares são projetados para detectar alvos rápidos com grande RCS.

Já a furtividade defensiva seria mais fácil de aplicar. Uma escolta geralmente opera em local sem ameaça ou não esperadas na maior parte do tempo, mas se aparecer o navio pode mostrar o aspecto com menor RCS para se defender. Concentrar a baixa assinatura em um local (aponta o escudo para a ameaça) e a grande assinatura em outro aspecto é uma técnica furtiva. A assinatura frontal e traseira é bem mais fácil de se conseguir até mesmo devido à grande área (pelo menos cinco vezes menor que a lateral).

A baixa assinatura defensiva não evita a detecção ou apenas diminui um pouco o alcance de detecção, mas dificulta a identificação e a designação de alvo. A baixa assinatura radar também facilita o funcionamento de sistemas guerra eletrônica durante a defesa terminal contra ameaças de radares que trancaram no alvo. Em tempo de paz um navio furtivo pode usar refletores radar para esconder o RCS real. Até em tempo de guerra pode aumentar o RCS artificialmente para chamar a atenção e simular um navio mercante. Já usam conversa em inglês simulando outro navio com sotaque de outro país.

As técnicas furtivas consideram concentrar a assinatura em uma aspecto para poder mostrar o aspecto com menor assinatura para a ameaça. Por exemplo, um torre de canhão na proa teria o setor frontal com alto RCS pois é difícil diminuir a assinatura do cano, e um setor traseiro com baixo RCS. No modo furtivo, o canhão gira para mostrar o lado furtivo para um radar detectado. O mesmo vale para sensores no modo passivo como um radar ou antenas. Um sistema de estabilização ativa do casco é necessário para evitar que a inclinação da estrutura seja anulada pela movimentação do casco.

A assinatura térmica pode ser diminuída com coberturas especiais que até diminuem o calor interno. Os sprinkler usados para apagar incêndios nas partes externas do navio podem ser usados em caso de ataque para diminuir a temperatura externa do navio caso o cenário tenha ameaça de mísseis guiados por calor.

A assinatura acústica é importante na guerra antisubmarino para evitar a detecção e facilitar o funcionamento dos próprios sensores. A propulsão por turbina a gás é mais silenciosa, mas a transmissão é barulhenta. Já os motores a diesel são mais barulhentos, mas a instalação com isolamento (rafting) diminui a vibração. O submarino britânico HMS Porpoise foi o primeiro a usar isolamento dos motores. O sistema de sensores passivos SOSUS detectava um snorkel a centenas de milhas, mas o HMS Porpoise só era detectado a cerca de 50km com o snorkel. A transmissão pode ser substituída por motores elétricos que são até mais mais resistentes a danos de batalha pois tem várias linhas de transmissão e vários locais para instalar os gerador bem separados, acima e abaixo da linha d'água. A transmissão também pode ser substituída por uma hélice de passo variável.

Até a Segunda Guerra, a furtividade era considerada apenas no campo visual e tentavam operar a noite para se aproximar do alvo como as lanchas torpedeiras. Até mesmo os submarinos operam a noite e submergiam apenas para se defender e fugir. A melhoria nos radares deixou a furtividade visual menos importante.

Ser furtivo requer que todas as emissões sejam suprimidas, incluindo as emissões eletrônicas, para evitar que uma assinatura mais alta em uma área permita que o navio seja detectado a maiores distâncias. O controle de emissões (EMCON) atrapalha indicar ao inimigo se o navio foi atingido pois um navio atingido não se move e nem emite com seus sistemas eletrônicos. O controle de emissões foi a primeira forma de furtividade ao evitar que as emissões de rádio e radar denunciassem a posição do navio. A guerra naval é difícil ou impossível sem usar o rádio. Os rádios modernos usam técnicas de espalhamento frequência para atrapalhar a detecção, mas precisa sincronizar o emissor e o receptor. Teoricamente uma antena de comunicação por satélite é furtiva pois usa um feixe direcional.

Operações distribuídas são a capacidade de integrar o potencial de várias plataformas separadas. O datalink permitiu que os navio trocassem informações de contatos, dando uma visão mais ampla do que os sensores de bordo. Com os navios ligados em rede podiam aumentar a consciência da situação. Sistema de combate totalmente integrado como o AEGIS foram outra inovação. Antes eram sensores e armas operando de forma totalmente separados. O próximo passo seria o engajamento cooperativo. O datalink troca dados já já processados e o engajamento cooperativo permite a troca de dados brutos de forma mais rápida. Um sistema AEGIS só ataca se detectar um alvo e com o engajamento cooperativo pode engajar um alvo detectado por outro navio na rede.

Em cenários de baixa intensidade os requisitos furtivos são diferentes. Uma tática usada pela MB para "esconder" seus navios a noite é usar luzes de falsas indicando que se trata de um navio civil e até mesmo um barco de pesca com rede na superfície ou veleiro. O navio deve navegar lentamente a cerca de 7 a 10 nós e um baixa assinatura radar é necessária para se parecer com a assinatura de um navio pesqueiro. Também usam radares de navegação civil para indicar uma assinatura eletrônica de uma navio civil. Os navios tem vários domos de satélite e um deles bem que poderia ser usado para esconder várias antenas de radar de navegação para dar várias opções de assinatura. Até submarinos levam radares de navegação civil para a vela para detectar navios de superfície ou comandos anfíbios se aproximando dando indicação falsa de assinatura eletrônica de embarcação civil.

As fragatas japonesas da classe Mogami são bons exemplos de navios com formato furtivo. A chaminé foi instalada bem baixa para ficar oculta quando vista de frente ou por trás para diminuir a assinatura térmica. As Mogami seriam as equivalentes aos LCS da US Navy tendo capacidade secundária de guerra de minas. A classe Zumwalt tinham um requerimento de RCS cinquenta vezes menor que a classe DDG-51.

 

Sensores

Os critérios para a escolha dos sensores, armas e sistemas defensivos de um navio de apoio de combate seria determinado pelo baixo custo e não pela capacidade. Os navios operam em Grupos Tarefas e tem que considerar a capacidade dos outros navios. A grande maioria das missões citadas anteriormente, ou pelo menos as missões principais, são cenários de baixa intensidade e não precisam de meios sofisticados que podem e devem ser deixados para as escoltas.

Já na Segunda Guerra os navios eram equipados com um radar de busca de área e um radar de busca de superfície com menor alcance que também era usado para detectar aeronaves voando baixo. O radar de busca não precisa ter alta capacidade, mas precisa ser capaz de detectar pequenos drones aéreos que estão se tornando uma ameaça cada vez mais frequente. A MB está desenvolvendo o radar Gaivota-X capaz de fazer busca aérea com alcance de até 200km. O radar foi testado em um contêiner no NDM Bahia. A MB estuda a capacidade de usar o radar para controle de tiro contra alvos na superfície.

Um radar capaz de operar bem próximo do litoral deve ser capaz de detectar movimento em terra (veículos e pessoas), embarcações, detectar aeronaves e drones, e detecção de artilharia (foguetes, artilharia e morteiros).

Um único radar capaz de detectar alvos aéreos, de superfície, alvos móveis na costa, projéteis de artilharia e drones seria interessante, mas são requerimentos as vezes incompatíveis. Radares de vigilância terrestre fazem vigilância na horizontal e podem ser usados para detectar drones lentos voando baixo. Os alvos são extremamente lentos e podem ser frequentemente ocultos por obstáculos no terreno. Os radares de vigilância aérea têm que ter um bom alcance e serem capazes de detectar alvos voando alto. Já os radares de localização de artilharia têm que fazer uma varredura muito rápido em uma determinada área devido a grande velocidade dos projéteis. Já os radares de sistemas de defesa ativa, como o usados em blindados, cobrem uma área bem pequena ao redor, mas precisam varrer o local com muita frequência para detectar projéteis se aproximando a grande velocidade.

Radares definidos por software pode ser uma solução com o operador podendo determinar que tipo de alvo deseja detectar. Por exemplo, um operador pode querer detectar apenas veículos no litoral ou embarcações ao redor enquanto outro operador quer apenas o quadro aéreo. Outra opção é um radar capaz de realizar apenas duas funções ao invés de todas. Ver todos os tipos de alvos pode resultar em excesso de informações para o operador.

No caso do uso de sensores sofisticados, os sensores comprados para as novas corvetas classe Tamandaré seriam uma opção para equipar um novo navio de apoio de combate como o radar diretor de tiro STIR 1.2 e as alças optrônicas PASEO XLR. O Sistema de Controle Tático, Comando e Controle SICONTA Mk III do IPqM seria instalado no CIC.

As corvetas da classe Tamandaré serão equipadas com o radar rotativo de busca volumétrica TRS-4D. O radar tem capacidade de realizar vigilância, aquisição de alvos, e controle de tiro contra alvos no ar, mar e terra. O radar também pode fazer tarefas de Suporte Eletrônico (ES) e ataque eletrônico (EA). No caso de quatro navios operando junto com o mesmo radar, é possível manter o radar em uma posição fixa e cada navio cobre um setor fazendo varredura eletrônica. Um MAGE inimigo só iria detectar um navio emitindo e não os quatro.

Uma torreta FLIR com telemetro laser é o mínimo necessário para pontaria de canhões, mas um radar de designação de alvos, como o diretor de tiro STIR 1.2 escolhido para as corvetas da classe Tamandaré pode ser necessário contra alvos em cenário de baixa visibilidade e para o disparo de mísseis. Um diretor de tiro com radar pode ser necessário para fazer iluminação "seca" para induzir um alvo a fazer manobras evasivas e atrapalhar a pontaria.

Uma torreta FLIR de longo alcance com designador a laser agora pode ser considerado um item obrigatório. A torreta CORSED tem um FLIR de pontaria e pode ser usado como sensor. Uma estação de controle na ponte de comando permite o uso como sensor noturno em mau tempo. O canhão Sea Snake também terá um FLIR integrado. Os óculos de visão noturna permitem visualizar um grande navio a até 80km em tempo bom como já percebido pelos pilotos de helicópteros. Outro sensor passivos são os IRST (sensores de busca infravermelho) que indicam contatos ao redor, principalmente quando o navio não está emitindo com o radar, permitindo aumentar a probabilidade de detectar contatos ao redor. Um IRST pode detectar um míssil voando baixo a cerca de 21km enquanto um radar só detecta a partir de 16km, mas o radar consegue medir a distância e a velocidade.

A corveta Tamandaré será equipada com o sonar de casco ASO 713 capaz de detectar submarinos, torpedos, minas ancoradas e navios de superfície. A estação do sonar pode processar dados de sonobóias lançadas por outras aeronaves como o helicóptero embarcado. A estação pode ter interface com outros sensores como Towed Array (passivo e ativo) que aumentam ainda mais o alcance e a probabilidade de detecção.

A classe Absalon foi projetada com a capacidade de uma fragata em termos de sensores e armas.

Radar anti-drone RPS-42 de apenas 29kg capaz de detectar um micro drone a cerca de 5km e um drone médio a 23km. O RPS-42 também pode detectar um helicóptero a 25km, um projétil de morteiro leve a 5km, uma pessoa a 10km e um veículo a 25km. Quatro antenas permitem cobertura de 360 graus.


Uma torreta FLIR mostrando um navio a longa distância. A imagem indica uma distância de 60km. Sensores de longo alcance podem gerar economia ao evitar que um helicóptero seja lançado para conferir um contato que pode ser apenas distúrbios atmosféricos. Durante a Guerra das Malvinas eram lançadas aeronaves Sea Harrier e em uma ocasião foram disparados quatro mísseis Sea Dart contra um contato que era Chaff de navios aliados. As vezes o contato de superfície próximo era um navio amigo e tinham que usar projéteis de canhões iluminativos para identificar. Um FLIR permitiria evitar desperdícios de recurso ao fazer a identificação a longa distância.
 

Armas

Caso um navio de apoio de combate seja projetado com defesas permanentes mais sofisticadas, o padrão da MB é usar canhões de 40 mm para se defender de alvos aéreos e mísseis. Podem ser usados também contra alvos navais como lanchas rápidas. As fragatas classe Tamandaré serão equipadas com um canhão automatico Rheinmetall Sea Snake de 30mm enquanto o canhão Leonardo 76/62 mm pode ser usado contra alvos no mar, no ar e em terra. O canhão Leonardo 76/62 mm precisam de um radar de controle de tiro para serem efetivos o que poderia aumentar consideravelmente o custo de um navio.

A capacidade de defesa aérea de uma escolta pode variar desde defesa de ponto (autodefesa), área curta ou área estendida. Mesmo que o navio só tenha capacidade de autodefesa, pode ser um sistema mais caro capaz de contrapor ataques de saturação como ter dois ou três canhões/CIWS e pelo menos dois diretores de tiros. Os mísseis Sea Ceptor dariam capacidade de defesa contra aeronaves com armas guiadas de curto alcance. Contra aeronaves equipadas com armas guiadas de longo alcance seria necessário operar com um porta-aviões equipado com caças e aeronaves de alerta aéreo antecipado.

Em junho de 2022, a MB comprou um lote de mísseis Sea Ceptor para as fragatas da classe Tamandaré por 36,5 milhões de Libras. Cada navio deve receber 12 mísseis. A quantidade parece ser pouca, mas se considerar que o navio não deve operar em cenários de grande ameaça aérea pode ser adequado. As escoltas também operam em grupos e tem que considerar as armas de todos os navios. No caso do Sea Ceptor, o alcance permite defender navios relativamente distantes.

Uma alternativa para aumentar a capacidade antiaérea das Tamandaré seria equipar os canhões de 76mm com a munição guiada DART. O DART é bem mais barato que os mísseis Sea Ceptor e engajaria os alvos a curta distância enquanto os Sea Ceptor engajariam os alvos mais distantes. O problema pode ser custos adicionais de integração com o sistema de controle de tiro. As novas ameaças de drones leves também seriam melhor contraposta com um canhão antiaéreo com alcance de cerca de 5km como o 76mm e usando uma munição guiada mais barata que os mísseis Sea Ceptor.

O principal concorrente do OTO Melara 76mm é o 57mm Mk3. Foi desenvolvido na década de 1960 para defesa aérea, mas o mercado foi dominado pelo OTO Melara 76mm. O alcance máximo chega a 17km e pode atingir alvos aéreos a até 7 km. A cadência de tiro de 220 TPM permite disparar 16,5kg de projéteis em 10 segundos de tiro sustentado contra 13,7kg do 76mm. O Mk 3 pesa 7 toneladas com 120 tiros prontos para disparo e pode ser instalado em embarcações de até 150 tons e não precisa penetrar o convés. As fragatas Type 31 tem um paiol para mil tiros de 57mm com o peso peso total chegando a 14 toneladas. As corvetas da classe Inhaúma foram propostas originalmente com dois canhões de 57mm, mas acabaram recebendo um canhão de 114mm e dois de 40mm. A munição 3P (Pre-fragmented, Programmable, Proximity- fused) permite engajar alvos aéreos com maior probabilidade de destruição e mudar rápido de alvo, mas é muito cara (cerca de 3.800 libras). A munição guiada ORKA foi comprada pela US Navy. A MAD-FIRES também é guiada e tem um foguete para aumentar o alcance. A US Navy escolheu para equipar os LCS e agora suas novas fragatas por serem bem mais baratos que as torres de 127mm e mais barato que o 76mm.

As torretas de operação remota geralmente são equipadas com armas de pequeno calibre e tem função primária de proteção de força ou auto-proteção contra ameaça assimétrica, atuando mais no litoral como na saída de portos contra ameaças na superfície e no ar de curto alcance. Os modelos mais sofisticados têm capacidade até antimíssil de curto alcance. Alguns modelos são integrados com mísseis anti-carro usados contra embarcações dando maior letalidade contra alvos a longa distância.

As torretas de operação remota são bem mais caras de comprar que as armas de operação manual, mas tem várias vantagens. O operador recebe dados de sensores e do sistema de comando do navio de forma integrada ao mesmo tempo que pode ser fonte de dados de vídeo se estiver integrado no COC do navio enquanto os operadores das armas manuais precisam trocar dados por rádio.

A tripulação é bem menor pois enquanto um canhão manual precisa de dois ou três tripulantes (observador/comandante, artilheiro e municiador), uma torreta de operação remota só precisa de um e que também pode operar mais de uma torreta de forma automática ou semi-automática dependendo do cenário. Os tripulantes também não ficam expostos as intempéries. O operador da torreta remota fica abrigado e o console pode até estar disponível em vários locais como a ponte e o COC.

O padrão atual é equipar os navios de guerra com 16 mísseis anti-navio para saturar as defesas do alvo. O mesmo pode ser conseguido com vários navios disparando contra apenas um alvo ao mesmo tempo. O mínimo que poderia ser levado para as missões anti-navio seriam os helicópteros armados com mísseis como os UH-15 com o Exocet, o MH-60 com o Penguim e o Lynx com o Spike NLOS. Atuando como plataforma de helicópteros, os meios aéreos podem ser considerados como armas ofensivas e defensivas.

Entre as armas não letais, um navio de apoio múltiplo pode ser equipado com canhões de água e equipamentos acústicos LRAD para resposta graduada não letal. O LRAD produz sons direcionados de alta potência que irritam o alvo ou pelo menos atrapalham a sua comunicação por voz. Também pode ser usado para transmitir mensagens de voz por até 2 km.



Helicóptero Lynx armado com uma metralhadora M3 calibre 12,7mm usado para apoiar missões de abordagem (foto) e proteção de força.



A Ares produz o sistema CORCED equipada com um FLIR. As corvetas da classe Tamandaré serão equipadas com a torreta Sea Defender calibre 12.7 mm. A experiência dos blindados equipados com torretas remotas em combate no Afeganistão e Iraque mostrou que a pouca munição disponível era compensada pela grande precisão do sistema até contra alvos móveis.

 

Cruzador Auxiliar

Navios mercantes armados eram navios de transporte de carga ou passageiros equipados com canhões para autodefesa contra piratas. Durante as grandes guerras, os navios mercantes geralmente operavam em comboios com escoltas, mas as vezes tinham que navegar sozinhos e tinham que ser rápidos. Na Primeira Guerra Mundial, os cruzadores auxiliares eram mercantes armados usados ofensivamente como incursores mercantes, sendo usados principalmente pelos alemães. As vezes tinham até sucesso contra navios de guerra se conseguissem atacar de surpresa. Os navios usavam mastros falsos, chaminés falsas e pinturas para esconder a identidade real. Os canhões ficavam escondidos para poder se aproximar da presa de surpresa. Navios capturados ou modificados eram mais fáceis de enganar o inimigo.

Os britânicos usavam os mercantes armados como escolta de comboios, mas depois foram convertidos como transporte de tropas. Os Q-ship eram navios mercantes armados usados como isca para os submarinos tentarem atacar na superfície e depois revidavam. Foram usados nas duas guerras mundiais. O Japão também usava navios mercantes rápidos para reconhecimento.

Antes da Segunda Guerra Mundial, a ameaça do Japão no Pacífico exigia que a Royal Navy operasse 70 cruzadores no local. Seriam 25 para apoiar operações de combate da frota e 45 para a defesa do comércio marítimo. Os cruzadores seriam apoiados por 74 cruzadores mercantes armados (AMC - Armed Mercant Cruise). Os AMC seriam navios já projetados com reforço para receber canhões. As armas eram restos usados por navios já retirados serviço. Os AMC fariam escolta de comboio e patrulha de bloqueio interceptando e examinando navios em busca de contrabando.

Não era esperado que os AMC combatessem outros navios de guerra ou operassem em local com ameaça aérea, mas era esperado ação contra outros mercantes armados inimigos. Os cruzadores auxiliares alemães eram mais bem armados, menores e bem mais rápidos. Com um canhão de maior alcance e maior velocidade podiam ditar a distância de engajamento e quando terminar o combate. Mesmo assim os AMC dissuadiam os incursores alemães de se aproximar de comboios com escolta devido ao risco de danos. Um total de 15 AMC foram perdidos sendo nove para submarinos alemães.

Cuba usa traineiras convertidas com armamentos como fragatas, incluindo torre de blindado T-55. Durante o conflito na Líbia em 2011, Kadafi usou mercantes equipados com canhões de artilharia para fazer bloqueio de cidades pelo mar.

O conceito de modularidade pode abranger também as armas de um navio de apoio de combate. As opções de armas provisórias mais sofisticadas que podem ser instaladas já estão disponíveis na forma de blindados como os Leopard 1, Guepard e Guarani com torre Remax do EB que ficariam no convés superior para defesa do navio contra ameaças na superfície e para ataque contra alvos na praia como no caso do Leopard e Guepard. No caso de um carro de combate, o convés deve ser capaz de suportar o disparo de armas de grosso calibre.

O USMC testou o uso de blindados LAV-25 contra ameaça de pequenas embarcações rápidas em navios anfíbios. Os testes incluíram o uso de snipers, veículos Humvee armados com mísseis TOW e os LAV-25. A US Navy usava mísseis portáteis Stinger para defesa dos seus navios de apoio. Nossas forças armadas tem a opção dos mísseis IGLA, RBS-70 e Mistral.

Contra ameaças de baixa intensidade, as defesas são chamadas de proteção de força e incluem os recursos dos helicópteros embarcados (Airborne Use of Force - AUF). É uma missão muito realizado em locais restritos. O MV Ocean Trade do SOCOM tem como defesa apenas seis pedestais para metralhadoras e lança-granadas mais as armas das tropas embarcadas como fuzil de sniper, metralhadoras, canhão sem recuo Carl Gustav e mísseis Javelin.

Nas missões anti-navio, um navio de apoio de combate lembra um cruzador auxiliar da Segunda Guerra. Os cruzadores iam na frente dos comboios para proteger contra cruzadores inimigos que eram a principal ameaça. O papel de reconhecimento a frente de um comboio depois passou para as aeronaves. Atualmente são usados helicópteros que também podem atacar as ameaças com mísseis. No início do século XX, a US Navy estimava que quatro cruzadores poderiam acabar com o comércio marítimo de um pequeno país. Hoje seriam usados navios equipados com helicópteros contra países com pequenas marinhas. Uma característica dos cruzadores é poder operar de forma independente por longos períodos, mas o contratorpedeiro é o menor navio capaz de operar de forma independente contra marinhas pequenas.

Blindado LAV-25 em um navio anfíbio da US Navy durante testes de defesa contra ameaça de embarcações rápidas.



Soldado do USMC operando um míssil anti-carro Javelin em um navio da US Navy operando na costa do Iêmen.



O navio australiano HMAS Kanimbla participou da Guerra do Golfo em 2003. Uma defesa do navio era um destacamento de mísseis RBS-70 do exército australiano que também está em uso no EB.

Lançadores de mísseis Stinger em um navio da US Navy. Já no inicio da década de 1960 havia propostas para substituir os reparos de metralhadoras calibre 12,7mm pelos mísseis Redeye.

Teste do míssil Mistral contra embarcações rápidas na superfície para adicionar a capacidade de proteção de força. O Mistral foi usado pelos helicópteros Tiger durante o conflito na Líbia em 2011 para atacar veículos em terra.

Instalação de um módulo do sistema de mísseis superfície-ar Tor-M2KM na fragata Almirante Grigorovich da Marinha Russa. O sistema foi projetado para uso terrestre, mas funciona em um navio. O navio patrulha Vasily Bykov foi equipado com um sistema Tor-M2KM em 2022 durante conflito na Ucrânia.

A marinha do Irã converteu o navio tanque IRINS Makran com capacidade similar aos navios Sea Base da US Navy. O navio desloca 110 mil toneladas carregado e foi comissionado no inicio 2021. Devido ao tamanho, o Makran pode operar por longos períodos. O convés pode levar míni-submarinos e lanchas de ataque rápido como as usadas para assediar navios no Golfo Pérsico. O grande convés de voo opera cerca de seis helicópteros além de drones menores. O navio foi armado com canhões automáticos e mísseis de cruzeiro Ghadir com alcance de 300km. O Makran tem capacidade de levar cerca de 150 tropas.

Navio tanque Makran da marinha iraniana.


O Makran lembra os navios mercantes armados da Segunda Guerra usados como cruzadores auxiliares. Um deles foi o Kormoran (HSK-8). O navio recebeu seis canhões de 150mm e seis tubos de torpedos para atacar navios mercantes aliados. O armamento era equivalente ao de um cruzador leve. As armas ficavam escondidas e camufladas em plataformas que elevavam ou atrás de portas para permitir que se aproximasse dos outros navios sem chamar a atenção. O navio também podia levar 390 minas para lançar nos portos que visitava e tinha dois hidroaviões para reconhecimento. Também realizavam infiltração de espiões e tropas de reconhecimento. Durante a Segunda Guerra, o Kormoran afundou 10 navios mercantes aliados e capturou um outro. Forçar as forças inimigas a deslocar cruzadores para longe da Europa para proteção de comboios ou caçar os cruzadores auxiliares era uma função secundária.

Os alemães estavam limitados no tamanho da frota de navios de guerra que podiam operar e os cruzadores auxiliares eram uma opção como já tinham feito na Primeira Guerra Mundial. Nove navios mercantes foram modificados pelos alemães como cruzadores auxiliares. Os navios receberam acomodações para novos tripulantes e prisioneiros. Os cruzadores auxiliares mudavam a aparência para ficar parecidos com outros navios frequentemente. Tinham chaminé falsa e mastros de altura variável. Usavam tintas, lonas e outros materiais para mudar de aparência. Incluía o uniforme dos tripulantes e bandeiras.

Os cruzadores auxiliares evitavam as rotas dos comboios e procurava navios navegando sozinhos sem escolta. Durante a abordagem, os cruzadores auxiliares ordenavam os navios a não transmitirem e enviava uma equipe de abordagem. Se o navio alvo transmitisse mensagem de socorro ou alerta podiam ser interferidas. Cargas e documentos eram confiscados e pegavam os prisioneiros. As equipes de abordagem podiam afundar os navios com cargas de demolição. Navios mais valiosos podiam ser capturados como os petroleiros. Outra missão era passar suprimentos para os submarinos alemães como torpedos e peças de reposição.

Os cruzadores auxiliares tinham um alcance muito longo. O Atlantis tinha um alcance de 97 mil km a 10 nós e ainda podia ficar parado com o motor desligado para economizar combustível, esperando aparecer algum alvo e sem lançar fumaça para denunciar a posição.

O Pinguin foi o cruzador auxiliar alemão com melhor desempenho de toda a Segunda Guerra com 32 navios afundados ou capturados, mais do que os quatro couraçados alemães. Na Primeira Guerra, o SMS Möwe foi o cruzador auxiliar alemão com maior sucesso com 42 navios afundados ou capturados. Para comparação, o submarino americano com maior sucesso foi o USS Tang com 33 navios afundados.

Um cruzador auxiliar atual teria novas capacidades. Para reconhecimento poderia usar drones e atacar os alvos com mísseis lançados dos drones, helicópteros e do próprio navio fora do alcance do alvo. Os helicópteros também podiam ser uma opção para levar equipes de abordagem. Os canhões poderiam ser substituídos um carro de combate que seria posicionado no convés se necessário. As miras computadorizadas atuais permitem uma probabilidade de acerto bem alta que pode compensar o grande número de canhões dos navios antigos. Poderiam atingir pontos específicos como a ponte de comando ou na linha d’água. Os canhões e metralhadoras antiaéreas seriam substituídas por mísseis SAM portáteis. Uma capacidade adicional, como o Markan, seria atacar alvos em terra com mísseis de cruzeiro.
 

Conclusão

Os navios multiemprego são multiplicadores de força e podem maximizar a capacidade de qualquer Marinha, pela ampla diversidade de operações e missões que são capazes de executar. As opções de tamanho são bem variadas, indo desde um grande navio mercante adaptado como a classe Prevail, um navio bem armado como uma fragata com convés flexível como a classe Absalon e um navio de apoio logístico furtivo como o projeto da MMC. Os sistemas de armas também são bem variados em termos de capacidades e custos, variando desde uma fragata até o armamento mais simples de um navio patrulha. Até mais de um tipo de navio multipropósito pode ser adquirido para ampliar ainda mais a flexibilidade.

A Força de Superfície é dividida em três esquadrões. O 1o Esquadrão de Escolta tem sob sua subordinação as fragatas classe Niterói; o 2o Esquadrão de Escolta conta com as fragatas classe Greenhalgh, as corvetas classe Inhaúma e a Corveta Barroso; e o 1o Esquadrão de Apoio possui o Navio-Doca Multipropósito Bahia, o Navio de Desembarque de Carros de Combate Mattoso Maia, o Navio-Tanque Almirante Gastão Motta e os navios de desembarque de carros de combate classe Garcia D’Avila. Os navios de apoio de combate podem formar um esquadrão de apoio ou até atuar como líder de Esquadrão de Escolta.

Os navios de apoio de frota de grande porte estão sendo chamados de navios de apoio conjunto (Joint Support Ship - JSS) para apoiar forças no mar, terra e no ar. Enquanto um JSS apóia a esquadra em operações de média e alta intensidade, um navio de apoio de combate apoiaria as missões de baixa a média intensidade liberando os navios mais capazes para as missões mais difíceis.

Proposta do estaleiro Navantia para um navio de apoio conjunto para a Austrália. O navio foi baseado no navio anfíbio Galícia com um conceito semelhante ao HNLMS Karel Dorrman holandês. O navio levaria 300 tropas, 500 toneladas de carga, 3.500 toneladas de combustível e 600 toneladas de AVGas.
 

 

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