Navios de apoio de combate

 
Uma tendência nos meios navais atuais são os navios de apoio de combate multifunção (Combat Support Ship) para apoiar missões em cenários de baixa intensidade com função secundária de atuar em cenários de média e alta intensidade. Os navios equivalentes usados em cenários de alta intensidade seriam os navios de apoio de frota.

Após o fim da Guerra Fria, as marinhas passaram a ter um número muito grande de navios para guerra convencional que não eram mais necessários ao mesmo tempo que a maioria das missões passaram a ser de baixa intensidade como apoiar missões de paz. As fragatas e contratorpedeiros eram muito sofisticadas e caras de manter em operações tão simples. Um navio menos sofisticado se tornou necessário.

A primeira classe de navio de apoio de combate multifunção a entrar em serviço foi a Absalon da Dinamarca. Trata-se de um navio com deslocamento de um contratorpedeiro (6.600 toneladas) com um "flex deck", ou convés flexível, que permite receber módulos de missão conforme a tarefa pretendida. O convés flexível tem 90 metros de comprimento e 915m2 de área. Uma rampa roll-on/roll-off na popa é usada para desembarque de veículos. A Dinamarca foi a primeira marinha a se adaptar aos novos cenários prevendo uma maior participação em operações internacionais. O requerimento era de um navio de guerra grande, multipropósito e de longo alcance que combinasse as funções de um navio logístico, anfíbio e de escolta.

O Absalon é propulsado por dois motores diesel de 22.300 hp, podendo atingir uma velocidade máxima de 24 nós. A tripulação é de 100 homens, mas tem acomodações para 170 pessoas e pode receber mais 130 pessoas em contêineres dormitórios no convés flexível. As instalações podem apoiar 300 pessoas como uma companhia com 200 tropas.

O convés flexível foi proposto para o transporte de unidades do exército, posto de comando de grupo de exército deslocado e plataforma para comandante de GT, base operacional avançada de forças especiais, e base para operações humanitárias. Um hospital em contêineres pode ser instalado no convés flexível. Como navio de transporte pode levar 55 veículos e sete carros de combate. As instalações de um estado maior de até 75 pessoas também podem ser levadas em contêineres.


Montagem destacando o convés flexível da classe Absalon.

Imagem interna do convés flexível da Absalon.

O projeto Crossover do estaleiro Damen é outro navio de apoio de combate com formato de fragata e que usa conceito de modularidade. O navio não tem capacidade de atuar como navio tanque e se concentra nas funções de transporte e apoio logístico.

O Crossover na verdade são vários projetos que variam de 4.500 a 5.330 toneladas e capazes de levar de 150 a 200 tropas adicionais. As variantes têm especializações como segurança, apoio logístico, navio anfíbio e combatente. Dependendo dos equipamentos instalados e planejados, o Crossover pode realizar missões de guerra marítima (ASW, ASuW e AAW), operações anfíbias, apoio a forças especiais, ajuda humanitária, segurança marítima, transporte estratégico, busca e salvamento, apoio logístico, guerra de minas, apoio de drones aéreos e de superfícies e hidrografia.

O projeto Crossover do estaleiro Damen foi pensado desde o início como um navio modular.

Destaque do convés flexível do Crossover. O convés flexível do Crossover é mais curto que o da classe Absalon, mas é mais largo na popa e considera parte da área do hangar e porão de carga.

Corte interno da Crossover com mais detalhes do convés flexível.

Exemplos de missões que o Crossover pode realizar.

A US Navy já estudou comprar os navios da classe Absalon para substituir parte dos seus navios LCS nas missões de baixa intensidade. As frota de LCS seria reduzida de 52 planejados para apenas 32 e os outros 20 navios seriam fragatas convencionais sendo que 10 poderiam ser navios da classe Absalon ou similar.

O Comando de Operações Especiais (SOCOM) está operando um navio mercante convertido como navio de apoio de combate. O SOCOM já usou bases flutuantes improvisadas durante a operação Prime Chance no Golfo Pérsico em 1987. As bases eram balsas que apoiavam helicópteros do SOAR e lanchas rápidas contra embarcações iranianas que atacavam navios neutros no Golfo durante a Guerra Irã-Iraque e também lançavam minas. As embarcações iranianas disparavam foguetes de 107mm, RPG-7 e metralhadoras contra a ponte de comando dos navios mercantes. Os navios mercantes podiam ter escoltas de outros navios, mas as ações ofensivas eram feitas pelas forças especiais americanas. As bases inimigas eram plataformas de petróleo abandonadas.

A experiência da Guerra do Vietnã mostrou que, em guerras limitadas, as tropas devem ser baseadas na costa sempre que possível. Em 1969, o USMC começou a estudar o conceito Sea Base para poder operar sem bases em terra. As operações no Vietnã do Sul mostraram que o mar era um santuário para as tropas americanas assim como a selva ajudava o Vietcong. Durante um desembarque, os objetivos geralmente ficam bem dentro do território, mas a praia é usada mais como base de apoio logístico. Então tentariam manter o apoio logístico o máximo possível no mar.

Balsa Hercules atuando no Golfo Pérsico apoiando as forças especiais americanas em 1987. As lanchas patrulhas do SOCOM também estão visíveis no convés.

O SOCOM agora opera o MV Ocean Trader (ex-Cragside), um navio de transporte capaz de apoiar até 200 tropas. O navio foi alugado e adaptado para apoiar missões do SOCOM na costa da Somália e Iêmen.

O MV Ocean Trader desloca 20 mil toneladas, tem 50 tripulantes civis e é capaz de sustentar uma velocidade de 20 nós. A modernização inclui um FLIR, sistemas de comunicações e equipamento de inteligência de sinais (SIGINT). O convoo é capaz de operar helicópteros do tamanho de um CH-53E e pode levar 560 mil litros de combustível JP5 para os helicópteros. O navio tem espaço nas laterais para quatro embarcações de desembarque.



Foto do MV Ocean Trader operado pelo SOCOM. A furtividade visual é poder ser confundido com outro navio cargueiro civil. O melhor lugar para instalar um convoo é no meio do navio onde ocorre menos movimento do navio em mar agitado.

Os navios do tipo base móvel expedicionária (Expeditionary Sea Base - ESB) foram compradas pela US Navy para apoiar operações de baixa intensidade como guerra de minas, operações especiais, anti-pirataria e ajuda humanitária. O objetivo é evitar que navios caros como os navios anfíbios sejam usados para missões de baixa intensidade que são relativamente comuns. Os ESB são baseados no casco dos petroleiros da classe Alasca. O navio recebeu um grande convoo capaz de operar com até quatro helicópteros pesados MH-53. O hangar pode receber duas aeronaves. O convés inferior pode levar embarcações semi-rígidas e drones de superfície. As acomodações adicionais permitem levar até 250 tropas. Os ESB são exemplos de navios comerciais adaptados para operações militares. Cinco navios estão em operação na US Navy.

O Carolyn Chouest é o novo navio de apoio as operações secretas das forças especiais americanas. No convés é possível ver embarcações semi-rígidas e jet sky. Lanchas Mark V também podem ser levadas.


No início de 2019, a Royal Navy considerou a compra de navios similares ao MV Ocean Trader no programa Future Littoral Strike Ship (FLSS). O FLSS seria uma plataforma multifuncional baseada em navios comerciais adaptados. Poderiam até ser adaptados com mísseis e armas para ataque terrestre e atuar como bases flutuantes e navios de apoio. O objetivo no uso de plataformas comerciais seria diminuir os custos e acelerar a fabricação e entrada em operação.

Os fuzileiros britânicos estão colocando em operação duas unidades de nível Companhia chamadas de Vanguard Strike Companies (VSC). Cada VSC tem cerca de 150 fuzileiros e atuam junto com navios anfíbios para mobilidade. O membros do VSC também são treinados para operar em pequenas unidades de até quatro tropas. Sistemas de navegação e comunicações atuais permitem esta capacidade. Antes operavam em grupos de oito tropas.

O Prevail Multi-Role Vessel (MRV) do estaleiro FSG foi proposto para o programa FLSS. O MVR é resultado da conversão do MV Ocean Trader e inclui capacidade de apoiar 400 tropas.


A proposta do Future Littoral Strike Ship da Royal Navy faz parte de uma das configurações da Expeditionary Strike Force. O Littoral Strike Group seria o recurso mais simples para enviar uma Força Tarefa como resposta a um conflito de baixa intensidade. O próximo passo seria enviar uma força anfíbia (Amphibious Strike Group) e/ou um porta-aviões (Joint Strike Group).

Lanchas rápidas Offshore Raiding Craft (ORC) do UKSF que podem ser levadas pelo MRV. As placas de blindagem podem ser vistas ao redor da embarcação. Durante a Primeira Guerra Mundial, duas ou três metralhadoras eram suficientes para barrar o avanço de um batalhão de infantaria em campo aberto. O aprendizado foi usado no projeto de embarcações anfíbias que receberam blindagem contra metralhadoras.

A Royal Navy já operou por alguns anos o RFA Reliant que era um navio mercante Ro/Ro convertido para apoiar helicópteros. O navio recebeu um hangar na proa, um convoo e podia levar até cinco helicópteros Sea King.

O projeto das quatro fragatas F-125 da Alemanha teve uma abordagem diferente sendo uma fragata para tarefas expedicionárias com ênfase em cenários de baixa intensidade do espectro operacional como como missões de estabilização, missões de paz, capacidade de apoio de fogo naval, apoio a forças especiais e controle de ameaça assimétrica. A tripulação é de 110 homens com capacidade adicional de 80 pessoas como forças de Comando e Controle, Forças Especiais e aviação. O navio tem quatro pequenos conveses flexíveis com cada um podendo levar contêineres de missão ou embarcações RIBH de até 10 metros. O navio foi planejado para realizar missões de longa duração de até 2 anos com a troca da tripulação no meio da missão.


A F-125 tem dois recessos nos costados para embarcações semirígidas infláveis (RHIB) usadas pelas tropas embarcadas em incursões em terra ou tomada de outras embarcações. Pesando 8 toneladas, podem levar até 15 tropas a até 200km.

Proposta de contêiner modular para as Type 31 da Royal Navy.

Os navios patrulha da classe Independence da marinha de Cingapura também tem um pequeno convés flexível de 25 por 12,8 metros com um total de 320 m2 capaz de receber até quatro contêineres de 20 pés. Pode receber módulos de guerra de minas, abordagem, médico e de comando. A rampa de embarcação na popa também pode ser coberta e receber mais quatro contêineres, casulos de mísseis anti-navio como o Harpoon ou lançadores de torpedos antisubmarinos. O navio é altamente automatizado e precisa de apenas 25 tripulantes, mas tem acomodações adicionais para 38 pessoas para operar os módulos de missão.

 

LCS

Com o fim da Guerra Fria, a US Navy passou a estudar um navio de guerra para atuar no litoral. Deveria ser pequeno, ágil e rápido para operar em águas rasas. Deveria ser capaz de atacar embarcações leves, fazer varredura de minas e ter capacidade de auto-defesa contra ameaças em terra. Em tempo de paz, poderia fazer missões de inteligência, mostra de bandeira e ajuda humanitária.

A US Navy usava contratorpedeiros da Classe Burke usando a furtividade e navegando a noite a baixa velocidade simulando um pesqueiro na costa para a exfiltração dos SEALs. Seria uma missão do novo navio.

Em 2001, o projeto foi chamado de Streetfighter com um requisito de um navio entre 500 a 600 toneladas de deslocamento, velocidade de 50 a 60 nós e alcance de 4 mil milhas. Teria apenas 40 tripulantes e seria capaz de levar um helicóptero. O requerimento era de cerca de 50 navios para apoiar o USMC com guerra de minas e escolta contra ameaças na superfície e no ar. Os novos navios substituiriam as lanchas patrulha da classe Cyclone, os caça minas da classe Avenger e as fragatas da classe FFG-7. A US Navy planejava comprar 55 LCS para substituir 51 fragatas classe FFG7, 26 navios de guerra de minas e até 10 navios anfíbios.

O programa virou o Littoral Combat Ship (LCS) e aumentou de tamanho para receber os módulos de missão. Os módulos flexíveis permitem reconfigurar o navio para várias tarefas com guerra antisubmarino, antisuperfície, guerra antiaérea, guerra de minas, inteligência, patrulha, apoio a forças especiais e apoio logístico. Os módulos incluem helicópteros, drones e rampa para embarcações leves. Na prática, cada divisão de quatro navios tem uma missão dedicada.

Os LCS são otimizados para operar no litoral sendo equivalentes as corvetas. Os navios foram projetados com capacidade de sobrevivência limitada e operam com apoio de contratorpedeiros mais capazes em cenários de maior ameaça. Realizam missões de patrulha, visita a porto e anti-pirataria aliviando os navios mais sofisticados para as missões mais difíceis.

A tripulação de 40 seria complementada pelos 20 do componente aéreo e mais 15 para operar os módulos de missão com capacidade de 90 no total. Inicialmente era previsto comprar 25 módulos de guerra de minas, 21 de guerra de superfície e 15 de guerra anti-submarina. Os requisitos do LCS logo foi baixando para 35 navios e os módulos caíram para 44 (10 de guerra antisubmarina, 24 de guerra de minas e 10 de guerra de superfície).

O módulo de guerra de superfície receberia dois canhões Mk 46 de 30mm, duas embarcações RHIB de 11 metros e um helicóptero SH-60 e um drone MQ-8B equipados com mísseis Hellfire. Um lançador com 15 mísseis NLOS também estava programado, mas o projeto foi cancelado. Outra opção seria equipar com mísseis anti-navio NSM podendo receber entre 12 a 18 mísseis. Atualmente os LCS estão armados com 16 mísseis Griffin ou 20 mísseis Hellfire Longbow para contrapor a ameaça de embarcações pequenas. O módulo de guerra anti-submarino adicionaria um sonar rebocado CAPTAS 4 e o helicóptero SH-60. O módulo de guerra de guerra de minas receberia um drone WLD-1 equipado com o sonar AQS-20A e o sensor ALMDS que equiparia o SH-60.

Navios de guerra pequenos foram muito usados durante a Segunda Guerra Mundial. No caso da Alemanha, foram os pequenos navios de guerra, como os canhoneiros, torpedeiros e varredores de minas, que realizaram a maioria das missões na região costeira e não as unidades principais. As lanchas torpedeiras alemães E-Boat operando em bases na França atacavam comboios costeiros no canal da mancha. A reação foi instalar radar costeiros, adicionar escoltas nos comboios, realizar patrulhas com aeronaves, vigiar a saída e volta das bases das lanchas torpedeiras, e depois atacar bases pois ameaçariam invasão da Normandia. As lanchas torpedeiras da Royal Navy também foram usadas para atacar os E-boat, mas deveriam ter função ofensiva atacando o comércio alemão costeiro.

O papel dos varredores de minas não tinham o glamor dos navios maiores, mas era essencial. Os varredores da classe M eram relativamente bem armados, sendo equivalentes as corvetas, e foram usados também em missões de bloqueio naval, caça-submarino e apoio de fogo naval. Também realizaram escolta de comboios na Noruega contra ameaças no ar, superfície e submarina. Junto com os torpedeiros E-boat, realizaram infiltrações de tropas e comandos em incursões anfíbias. Os pequenos varredores R-boat eram muito numerosos e eram usados, além da missão de varredura de minas, como escoltas de comboios, minagem e resgate de tripulações aéreas. Faziam escolta dos submarinos saindo dos portos na baia de Biscaia. Podiam levar 10 minas ou cargas de profundidades.

Os LCS da US Navy tem capacidade equivalente aos navios de apoio de combate. Cerca de 40% da área do navio é espaço vazio preparado para receber módulos de missão.

A Classe Badr, em operação na Arábia Saudita, é mais parecida com o que a US Navy queria para um navio do tamanho proposto para o programa Streetfighter. A Badr não opera com helicópteros e nem pode operar com módulos de guerra de minas. Seria um exemplo de navio especializado em guerra de superfície e antisubmarina em águas rasas. Outro navio maior seria necessário para apoiar as missões de transporte e guerra de minas, além de apoiar o navio menor. A ameaça da China levou ao programa FF(G)X para a aquisição de uma fragata otimizada em guerra convencional para contrapor embarcações maiores.

 

Apoio logístico móvel

Um navio de apoio de combate pode ser um navio bem útil para a MB por realizar a maioria das missões e as mais comuns. Realizaria principalmente missões de baixa intensidade, longa duração, em locais bem distantes da costa, com ou sem apoio de coalizão.

O apoio logístico não se resume apenas ao transporte de carga, cobrindo também os suprimentos, manutenção, saúde e cuidados com os prisioneiros. Uma marinha costeira pode usar os meios civis como os portos para apoiar suas operações enquanto as operações a longa distância e longa duração precisa de apoio logístico móvel. Um navio de apoio de combate seria o meio para para apoiar forças menores.

Marinhas oceânicas como a Royal Navy tem muitos navios de apoio logístico e praticamente todo grupo-tarefa tem pelo menos um, como um ou dois navios de escolta e um navio tanque, permitindo operações por períodos de até seis meses. Durante a guerra das Malvinas, a Royal Navy operou com um total de 25 navios tanque, incluindo 15 convocados da marinha mercante. Uma fragata pesada chega a consumir 50 toneladas de combustível por dia em velocidade de cruzeiro. A 25 nós, o consumo chega a 5 toneladas por hora. Os navios reportam diariamente o nível de combustível e são ordenados a reabastecer quando estão abaixo de 70%, se for possível.

Durante a Guerra Fria, a US Navy operava com 15 grupos tarefa com porta-aviões (CVBG) e 10 grupos de apoio de reabastecimento (URG - Underway Replenishment Group). A US Navy investe muito em reabastecimento no mar, permitindo que suas escoltas levem menos suprimentos e armas. O espaço interno é melhor aproveitado evitando grandes áreas de armazenamento de armas, suprimentos e combustível. Por exemplo, a US Navy considera 600 tiros para cada peça de médio calibre (cano) enquanto a Royal Navy considera 300 tiros para economizar espaço. Levar água potável também consome muito espaço e preferem destilar a água do mar. Durante as operações de combate, os tripulantes consomem pouca água pois ficam a maior parte do tempo de prontidão e nem perdem tempo trocando de roupa ou tomando banho.

A função principal dos navios de apoio é o reabastecimento de outros navios com combustível atuando como navio tanque (reabastecimento no mar). O reabastecimento no mar iniciou na Primeira Guerra Mundial quando a US Navy usou um navio tanque para reabastecer contratorpedeiros indo para o Reino Unido. Na Segunda Guerra, suas escoltas no Atlântico estavam consumindo o dobro do normal devido ao mau tempo e a solução foi levar combustível extra nos navios mercantes e depois passar para as escoltas. Na década de 1930, calcularam que o contratorpedeiro USS Mahan usava 1.800hp para navegar a 15 nós, mas contra um vento de 25 nós frontal (40 nós no total) usava 2.335hp. Responder a contatos e depois voltar também forçava uma velocidade média alta com maior gasto de combustível, assim como o trajeto em zig-zag para evitar ataques de torpedos aumentava a distância percorrida.

Na campanha do Pacífico, os navios tanques de frota eram usados para apoiar incursões do tipo "hit-and-run". Os porta-aviões eram considerados muito vulneráveis a ataques de aeronaves em terra e teriam que lançar incursões de surpresa antes da presença ser determinada. Aproximariam do alvo a noite para chegar no ponto de lançamento a primeira luz para atacar pela manhã com as aeronaves inimigas ainda em terra. Foi a tática usada pelos japoneses contra Pearl Harbor. A corrida era feita a noite a 25-30 nós e logo voltavam sem combustível até os navios tanque para reabastecer.

Nas operações de larga escala, os navios tanque permitiram que os Grupos Tarefas operassem por longos períodos sem precisar voltar nos portos para reabastecer e rearmar. Reabasteciam a cada 3 ou 4 dias sendo que demoraria 10 a 12 dias até as bases mais próximas.

As operações no Pacífico levou a várias melhorias. Os navios de guerra passaram a se aproximar dos navios tanque e não mais o contrário. Passaram a usar uma mangueira única para os navios grandes e pequenos e não precisavam mais trocar para evitar perda de tempo. Os contratorpedeiros abasteciam nos couraçados que depois reabastecia nos navios tanque e com menos frequência. Novas estações de transferência de cargas permitiam reabastecer com mais separação e segurança e em mau tempo. Foi adicionado estações capazes de realizar transferência de carga e não só de combustível. Os navios tanques passaram a levar outras cargas como tanques extras para caças, cargas de profundidade, munição, carga seca, medicamentos, correio, pessoal substituto e passageiros.

Após a Segunda Guerra, a grande autonomia dos couraçados levou a vários projetos de conversão como navio de defesa aérea, apoio de fogo naval, transporte de tropas e reabastecimento rápido. Os 15 couraçados da US Navy já estavam realizando funções secundárias como apoio de fogo naval, escolta de porta-aviões, comando de frota (fleet flagship) e testes de armas. A conversão para defesa aérea receberia pelo menos dois lançadores de mísseis Terrier ou Talos, além de mísseis Regulus ou Polaris.

Os couraçados foram propostos para conversão como navio tanque, além de receber mísseis e instalações para atuar como flagship. Receberia 8.600 toneladas de combustível extra atingindo um total de 16.500 toneladas. Para comparação, as classes Cimarrom levava 14.500 toneladas e o Neosho levava 21.500. Outra proposta de 1955 não adicionaria armas, mas poderia levar carga, podendo apoiar porta-aviões rápidos.

Os porta-aviões da US Navy operando no Vietnã ficavam em operação por cerca 30 dias no mar e uma semana em descanso em terra. As escoltas têm autonomia de 3 a 6 semanas e teoricamente poderiam reabastecer em terra, mas costumam reabastecer no mar com frequência para manter os estoques de combustível e armas sempre cheio. Em tempo de paz raramente ficam mais do que duas semanas direto no mar.

Os navios de apoio de combate rápidos da US Navy são grandes navios de apoio logístico de combate que transportam combustível, munição e suprimentos. Levam quase 10 milhões de litros de combustível, 2.100 toneladas de munição e 750 toneladas de cargas. Recebem os suprimentos de outros navios e redistribuem para os navios de um Grupo Tarefa centrado em um porta-aviões. O objetivo é diminuir o número de navios que acompanham o GT e permite transferir suprimentos mais rápido evitando passar por vários navios (tanque, armas e suprimentos). A US Navy opera com a classe Supply e Sacramento (desativada). A China desenvolveu o navio de apoio de combate rápido Type 901 com capacidade similar.

Os navios tanque e de munição da US Navy passaram a ter capacidade multiproduto mesmo que limitada. Os navios tanque já transferiam outras cargas desde a Segunda Guerra. Os navios de munição passavam combustível limitado para escoltas e passou a ser uma tarefa definitiva.

O porta-aviões São Paulo navegando na velocidade máxima consumia mais de 27 toneladas de óleo por hora. Em uma velocidade de cruzeiro de 22 nós gastava 7,5 toneladas. O navio levava 3.400 toneladas de óleo e 1,5 milhões de litros de QAV. Uma fragata classe Niterói leva 480 toneladas de combustível com autonomia de 45 dias.

A MB opera o navio tanque Almirante Gastão Motta (G23) desde 1990. Com um deslocamento máximo de 10 mil toneladas e velocidade máxima de 20 nós, pode levar 5 mil toneladas de carga. O G23 é o único navio tanque disponível da Esquadra e a MB pode precisar de outro navio tanque quando estiver indisponível em manutenção demorada. Outros navios maiores poderiam realizar reabastecer navios menores como o NAM Atlântico e o NDM Bahia, mas serve mais como treinamento.


O Gastão Motta reabastecendo um navio anfíbio da classe Mistral. O Gastão Motta pode levar 4.400 toneladas de combustível, sendo 5.100.000 litros de diesel MAR-C e 608.000 litros de JP-5, mais 200 toneladas de suprimentos diversos. O navio está equipado com uma estação de transferência de cargas (RAS - Replenishment at Sea) em cada bordo a meia nau.


O NDM Bahia reabastecendo uma fragata classe Niterói. A capacidade de operar por longas distâncias ou longa duração, sem precisar de apoio de outro navio ou base em terra é uma característica dos cruzadores.

O estaleiro polonês MMC & Remontowa propôs um navio de apoio logístico furtivo (Stealth Logistic Support Vessel) para a marinha da Polônia. O navio teria 116 metros de comprimento e um deslocamento de 6.100 toneladas e seria operado por 60 tripulantes. A propulsão é feita por dois motores diesel com 5.000 kW e dois motores elétricos de 2.500 kW. A velocidade máxima é de 20 nós e o alcance de 8.000 milhas a 15 nós com autonomia de 30 dias.

O navio tem um convés flexível capaz de levar 11 contêineres de 20 pés ou oito blindados ou caminhões com rampa traseira para desembarque. A capacidade de transporte de combustível é de 1.500 toneladas de combustível naval, 50 toneladas de combustível de helicóptero e 200 toneladas de água. Uma regra simples é considerar que um navio de reabastecimento pode apoiar o mesmo deslocamento, então o MMC poderia apoiar duas fragatas classe Niterói ou três corvetas da classe Barroso. Como a maioria das missões da MB é de treinamento, a pequena capacidade de apoio logístico do MMC seria suficiente ou então daria conta de apoiar um grupo tarefa pequeno com navios pequenos como corvetas. A maioria das missões operacionais são cenários de baixa intensidade como as missões de paz com um ou poucos navios.

As escoltas fazem reabastecimento de outros navios em uma escala bem menor. Podem transferir combustível para outras escoltas com nível critico de combustível assim como outros suprimentos e munições. Por exemplo, as peças de reposição dos helicópteros são espalhados em vários navios para evitar que a perda de um resulte na parada de todos e nem é possível levar todas peças em todos os navios. Os contratorpedeiros líderes de flotilhas de lanchas torpedeiras eram usados para reabastecer as lanchas. As flotilhas de submarinos eram apoiadas por um navio Tender que não precisa ser tão capaz.


O navio da MMC foi projetado para realizar várias missões como reabastecimento de líquidos e sólidos, operações de helicópteros, transporte de veículos, ajuda humanitária e patrulhas de longo alcance. A maioria das missões de apoio logístico são de transporte de baixa escala.


Montagem do projeto da MMC com maior tamanho incluindo um convés de armas no meio do navio para levar lançadores de mísseis.

Um navio de apoio com capacidade de reabastecimento de outros navios seria apenas um tipo de navio de apoio de combate pois a maioria dos projetos tem função de apoio logístico ou transporte rápido. As missões de longo alcance/longa duração precisam também de suprimentos, água e manutenção. As forças tarefas de apoio da US Navy na Segunda Guerra incluíam rebocadores de esquadra para rebocar navios danificados e navios tanque de água pois as operações anfíbias precisavam de muita água para as tropas. Os contêineres de 20 ou 40 pés instalados no convés ou compartimento de carga podem ser usados para deslocar instalações modulares como hospital, centro de comando, dormitório e oficina de manutenção.

Além de apoiar outros navios no mar, os navios de apoio logístico estão apoiando tropas em terra, e transportando tropas, veículos e equipamento. Geralmente são missões de paz. A maioria das missões de paz tem um pequeno contingente e não precisa do apoio de um grande navio como NDM Bahia para serem transportados. Um navio de apoio de combate pode levar tropas, veículos e cargas para apoiar um contingente menor. Pode até permanecer no local para apoio logístico durante as fases iniciais. O convés flexível é um dos requisitos e precisa de instalações para apoiar a tropa como banheiros e cozinha.

Ainda na função de transporte estratégico, uma missão defensiva seria a evacuação de brasileiros em uma país em crise. O navio precisaria de uma boa velocidade para cobrir grandes distâncias e chegar rápido ao local se não for possível pré posicionar prevendo a possibilidade de uma missão de evacuação. Os navios de passageiros atuais fazem geralmente mais de 20 nós em cruzeiro. Seria uma velocidade de referência, mas a velocidade econômica dos comboios costuma ser de cerca de 15 nós e as escoltas manobram na velocidade de evolução de 18 nós para manter ou trocar a posição na formatura.

Na Segunda Guerra, os submarinos tinham velocidade média de 10 nós e um navio navegando a 15 nós estava relativamente protegido. No fim da Guerra apareceram os submarinos com velocidade de 16,5 nós submersos e aumentaram os requisitos dos navios anfíbios para 20 nós para acompanhar as escoltas. Os submarinos nucleares e os mísseis anti-navio deixou este requisito desnecessário. A velocidade de 20 nós foi mantida para dar versatilidade. Em distâncias mais curtas como no Atlântico e Mediterrâneo, a velocidade de 13 nós era suficiente.

A US Navy costuma enviar seus navios para locais em crise e ficam pré posicionados esperando serem chamados. Um exemplo foi a evacuação dos poucos americanos no Vietnã do Sul em 1975 quando previam a possibilidade de derrota das forças do Vietnã do Sul e estavam preparados com um grupo tarefa com um porta-aviões no local.

Enviar uma escolta como uma fragata para apoiar missões de evacuação implica em enviar também um navio de reabastecimento. Seria mais simples enviar o navio de reabastecimento com capacidade de realizar a evacuação ou os dois atuam juntos na missão com capacidades complementares.

Transporte de equipamentos e suprimentos em missões apoiando crise humanitária ou desastre (humanitarian assistance/disaster relief - HADR) seria outra missão dos navios de apoio de combate sendo um meio de resposta rápida contra desastres naturais ou não, realizando transporte de ajuda médica, alimentos, apoio logístico e meios de segurança. Seriam usados quando o tamanho e a quantidade de carga pode ser pequeno e a velocidade seria mais importante. Geralmente são enviados navios anfíbios nestas missões e continuam sendo necessários em caso de grandes cargas.

Um convés flexível pode ser transformado em um centro hospitalar de primeira linha embarcado apoiando ações próximo a costa como em caso de calamidade pública ou operações militares convencionais. Uma opção seria a possibilidade de deslocar o hospital para uma base em terra. A enfermaria deve ser capaz de apoiar cerca de 2% da tripulação ou poucos leitos. Para apoiar feridos durante um assalto anfíbio, o navio deve ter uma enfermaria maior e podem ser instalados no convés flexível.

 

Apoio de aviação

Outra possível função dos navios de apoio de combate é atuar como plataforma de helicóptero apoiando ações no mar e em terra. As instalações de helicópteros incluem um convés de voo (convoo) e um grande hangar para manutenção e reabastecimento que agora fazem parte dos projetos dos navios de apoio. Os sistemas necessários incluem radar de controle, beacon TACAN, um arpão para pender o helicóptero, mecanismos de auxilio a movimentação da aeronave entre o hangar e o convoo, acomodações das tripulações e um centro de controle de helicópteros. Para operar com helicópteros, o navio precisa ser idealmente estabilizado facilitando as operações até o estado de mar 6, o que também irá facilitar o trabalho das armas e sensores. Um grande convôo aumenta a estabilidade assim como uma altura de cerca de 6 metros acima da linha d'água.

Foi na década de 1950 que começaram a esturar o uso de armas anti-submarino nos helicópteros embarcados. Poderiam substituir as armas da época como os morteiros Limbo e Squid. A Royal Navy investiu nos helicópteros Wessex equipados com um sonar que seria equivalente a um navio adicional equipado com sonar de profundidade variável (VDS). Testaram primeiro embarcados nos porta-aviões e queriam equipar suas escoltas com hangares para levar um helicóptero maior. A aeronave faria busca e ataque, mas precisaria de mais combustível nas escoltas (cerca de 20 toneladas).

As fragatas Type 22 podiam levar dois helicópteros Lynx que permitia manter uma patrulha contínua por 14 horas. Os navios de suprimento Fort Victoria foram projetados para levar cinco helicópteros Sea King para guerra antisubmarino para aumentar a capacidade de um Grupo Tarefa. Os helicópteros também chegam a triplicar o número de horas voadas durante os combates e ficar baseados no navio de reabastecimento já simplifica.

As missões de apoio aéreo aproximado consomem muito combustível e munição e podem ser realizadas por helicópteros embarcados. Os porta-aviões da US Navy costumam realizar operações aéreas por três a quatro dias e depois reabasteciam e rearmavam.

O porta-aviões Hermes foi usado para lançar helicópteros Sea King a noite para desembarcar patrulhas de reconhecimento do SAS e SBS ao redor das ilhas Malvinas. Se aproximava rápido com duas escoltas e depois fugia rápido antes do amanhecer. É uma tarefa que poderia ser passada para navios menores como os navios de apoio de combate sem arriscar uma unidade de alto valor.

Para conseguir um bom efeito de choque com o uso de helicópteros, o USMC planejava desembarcar o primeiro escalão de assalto em 90 minutos. Seria 5.500 tropas e 425 toneladas de carga equivalente a uma Brigada reforçada. O assalto aéreo atingiria pontos até 80km dentro da praia. Usariam helicópteros com capacidade de carga de 2 e 4 toneladas. Calcularam que seria necessário 300 saídas com uma aeronave menor ou 105 com uma aeronave pesada. Seria necessário uma frota de 100 helicópteros médios e 53 pesados. Uma força do tamanho de uma Companhia com 150 tropas seria 36 vezes menor e precisaria de 5 ou 6 helicópteros médios, mas a quantidade de aeronaves pode diminuir se aumentar o tempo para desembarcar. Um navio de apoio de combate leva poucos helicópteros, mas as escoltas podem levar helicópteros adicionais.

Além dos helicópteros, as escoltas estão sendo usados como navio-mãe de drones aéreos. Os drones tem várias vantagens como o tamanho menor e consomem menos combustível. Um exemplo prático de operação real apoiada por helicópteros seria a retomada das Ilhas Georgia do Sul em 1982 pelos britânicos. O GT enviado consistia de duas escoltas e dois navios de apoio equipados com helicópteros Wessex e 120 tropas dos fuzileiros, SAS e SBS. Foi uma incursão anfíbia que não necessitava de meios sofisticados pois não era esperado ameaça aérea e havia poucas tropas argentinas no local. A missão iniciou com o reconhecimentos de locais onde poderiam ter tropas argentinas. Primeiro tentaram infiltração com helicópteros, mas o mau tempo atrapalhou. Depois tentaram infiltrar com botes de borracha e também falhou. A missão de reconhecimento poderia ser realizada agora por drones. Estimavam que demoraria cinco dias entre a inserção, movimentação até o ponto de observação e o reconhecimento, sendo que um drone poderia iniciar a missão de reconhecimento assim que chegassem e nos vários pontos suspeitos de terem tropas argentinas. O drone poderia ser lançado a cerca de 500 km da ilha para gravar imagens e depois ser recuperado sem precisar de linha de visada de rádio. Durante a noite, até os helicópteros ou navios equipados com um FLIR de longo alcance poderiam ser usados. As tropas argentinas se renderam após duas horas de bombardeiro naval contínuo ao redor das suas posições para demonstrar que seriam facilmente dominadas. As tropas britânicas foram desembarcada pelos três helicópteros dos navios em várias vagas.



O hangar da Classe Absalon é capaz de receber dois helicópteros de médio porte como o Merlin. Mais de um tipo de helicóptero pode ser necessário como um Esquilo ou H-135 para operações mais simples e uma aeronave mais sofisticada como o Lynx e MH-16 para tarefas mais complicadas. Por outro lado, duas tripulações de apoio seriam maiores que a de um modelo único.

s

Os drones agora estão tomando o lugar de parte das missões dos helicópteros embarcados. A imagem é do lançador de um drone ScanEagle sendo lançado da fragata australiana HMAS Newcastle durante operações no Oriente Médio. O Scaneagle pode operar de embarcações bem pequenas. Foi testado no NaPaOc Amazônia e já está em operação na MB.

Um MH-60 e um Fire Scout operando de um LCS da US Navy. Os LCS foram projetados para serem navio mãe de drones.

 

Transporte rápido

Os transportes de alta velocidade (Auxiliary Personnel Destroyer - APD) usados pela US Navy na Segunda Guerra mundial eram contratorpedeiros mais antigos adaptados para levar uma Companhia de fuzileiros de 120 soldados por 48 horas (podendo levar até 200) e 40 toneladas de cargas, como um obuseiro de 75mm e munição. Seriam usados em pequenas incursões contra as praias inimigas. Após o desembarque, o navio continua apoiando as tropas com apoio de fogo naval, contra alvos em terra e no ar, e continua cobrindo a praia onde as tropas desembarcaram.Quatro embarcações de desembarque LCPL eram levadas para desembarcar as tropas e cargas.

Apesar do termo "rápido", eram relativamente lentos, navegando a no máximo 25 nós, mas era bem mais rápido que a maioria dos navios transporte de tropas da época. A velocidade podia ser usada para fugir caso fosse necessário. Os APD também realizavam outras missões como escolta de navios de transporte, transporte de carga e passageiros e operações de minagem.

Os APD foram planejados para operar em ilhas defendidas por submarinos. Recebiam as tropas dos navios de transportes de tropas e levavam até a área de desembarque durante a noite a cerca de 350 km. O navio tinha requerimento de ser rápido e ter capacidade de realizar apoio de fogo até com as metralhadoras a curta distância. Esta missão já tinha sido feito antes pela Royal Navy em Galipoli durante a Primeira Guerra Mundial quando dois couraçados foram afundados por submarinos e queriam evitar navios parados na costa. Então passaram a usar contratorpedeiros para levar tropas até a praia.

Os APDs da US Navy podiam levar uma companhia de fuzileiros e cinco a nove APD levavam um batalhão, mas sem o equipamento pesado. Geralmente transporta as tropas por alguns dias ou só a curta distância. Até os contratorpedeiros não convertido realizavam a missão aproveitando as embarcações de desembarque de outros navios. Em 1941, foi proposto operar por 30 dias levando 148 tropas. Os APD foram usados para levar equipes de reconhecimento e demolição (UDT). Três APD apoiavam uma divisão de fuzileiros e podiam ser usados como navio de comando (flag ship). Faziam reconhecimento do local e demoliam obstáculos antes do assalto anfíbio principal.

Os APD mostraram ser bem úteis e 26 foram convertidos no início da Segunda Guerra a partir de contratorpedeiros da Primeira Guerra e depois . Faziam apoio de fogo localizado e liberavam os contratorpedeiros mais sofisticados para outras missões. Os APD continuaram a ter capacidade de guerra anti-submarino com cargas de profundidade e sonar de ataque. Também faziam escolta dos grupos anfíbios. Depois da Segunda Guerra, a US Navy queria converter mais contratorpedeiros pois mostraram ser bem úteis.

A US Navy operava 11 APD e queriam chegar a 100 navios. Em setembro de 1943 foi sugerido converter 100 contratorpedeiros de escolta para a função de APD. No total foram 95 convertidos. Cada APD convertido levaria 160 tropas, quatro embarcações de desembarque LCVP, seis veículos 4x4, dois caminhões de 1 tonelada, quatro obuseiros de 75mm e quatro carretas de munição (a quantidade de tropas diminuíam para levar mais cargas). O APD tinha capacidade de levar 170 metros cúbicos de munição, cerca de 3,5 toneladas de carga e mil litros de combustível. A missão do APD era tomar ilhas pequena ou uma cabeça de praia de até 5km de profundidade por duas semanas. Após a Segunda Guerra, os APD atuavam mais nas fases inicias de um assalto anfíbio como as missões de reconhecimento e lançando mergulhadores de combate.

As lanchas torpedeiras foram estudadas como transporte de tropas e para apoio de fogo nos desembarques e na defesa dos atóis do Pacífico na mesma época em que foram propostos os APD e eram considerados até mais desejáveis.

Durante a Guerra da Coréia, os APD realizaram missões de apoio a infiltração de agentes e incursões atrás das linhas, assaltos anfíbios, bombardeio naval, apoio a operações de minagem e evacuação de tropas. Uma incursão do USMC com os Force Recon apoiado pelo Cruzador USS Juneau (CL 119) contra túneis ferroviários em Tanchon em 11/12 julho de 1950 mostrou que as incursões contra pontes e túneis podiam ser efetivas. A missão passou para os mergulhadores de combate UDT que passaram a treinar para a missão. Os UDT eram apoiados por cinco APD. Dois pelotões UDT deslocava nos APD em seis a oito semanas de cada vez. O APD podia levar uma equipe completa de 100 UDT. O APD era armado com um canhão de 127mm, seis de 40mm e oito de 20mm. Levavam duas lanchas de desembarque LCVP ou LCP(R) para apoiar o desembarque.

O APD se aproximava a até 4-5 km da praia e atuava como navio mãe. As LCV(P) e LCPR rebocavam as embarcações pneumáticas LCR(S) a até 1 km da praia. Os UDT remavam até próximo da praia a cerca de 150 metros para reconhecimento e nadavam até a praia para sinalizar se está segura. Evitavam o combate e se havia ameaça no alvo iam para o alvo secundário. Tropas do Force Recon do USMC podiam cobrir o perímetro para os UDT colocarem as cargas de demolição. Os alvos eram pontes ferroviárias, entrada de túneis e cortes nos trilhos. Os explosivos levados podiam destruir tudo menos os túneis ferroviários. O APD também participava das incursões bombardeando pontes, fábricas e armazéns com o canhão de 127mm. A missão primária dos UDT ainda era avaliar se as praias eram adequadas para um assalto anfíbio. Na Coréia já passaram a expandir as missões como limpar minas marítimas na costa, realizar incursões de demolição em terra a partir da praia e apoiar a infiltração de agentes e guerrilheiros.

Os SBS operaram na guerra da Coréia a bordo do submarino USS Perch e nos APDS USS Bass e USS Wantuck. O USS Perch foi o primeiro submarino convertido para levar um grande número de tropas e equipamentos. Podia lançar uma lancha motorizada, dez botes de borracha e cerca de 70 tropas equipadas. A primeira missão foi sabotar ferrovias na costa leste. O submarino fazia reconhecimento com periscópio a cerca de 10km da praia a noite. Usava o cabo do telefone para rebocar botes a até 8 km do alvo que depois era rebocado pela lancha motorizada até serem liberados para remar nos 2 km finais. A 300 metros da praia, um mergulhador de combate fazia o reconhecimento final na praia e sinalizava se a praia estivesse segura.

Os APD USS Bass e USS Wantuck aproveitavam as noites com nevoeiro para se aproximar da costa. Lançavam as equipes de sabotagem a 5km da costa com as lanchas motorizadas rebocando dez embarcações pneumáticas. Os UDT e Force Recon levavam até 2 toneladas de explosivos para explodir túneis e pontes. Deixavam minas no local para atrapalhar os reparos. Os APD também apoiavam as missões bombardeio da costa com seus canhões de 127mm. No segundo deslocamento em 1951, o USS Bass apoiou 14 incursões na costa.

O APD continuou sendo usado durante a guerra no Vietnã. Eram usados para transportar equipes de reconhecimentos e mergulhadores. Eram usados como centro coordenação de interdição no mar para bloqueio marítimo, interdição com apoio de fogo naval, vigilância e reconhecimento eletrônico, alerta aéreo com o radar e operações de engodo. O último APD foi retirado de serviço em 1969. Quatro receberam modernização FRAM com dois lança-torpedos Mk32, sonar, contramedidas eletrônicas e um CIC maior. Sete APD foram usados como navio de comando (flagship), comandando uma divisão de contratorpedeiros ou flotilha de navios de assaltou com um esquadrão de transporte. Um APD transferido para o México foi usado como navio escola.

Os APD não tiveram substitutos equivalentes, a não ser os LCS, pois apareceram outros meios para apoiar as incursões de pequenas unidades como os helicópteros e os submarinos lançando mini-submarinos para transporte de mergulhadores de combate. Os navios escolta adaptados não levam helicópteros em número suficiente e os submarinos apoiando forças especiais eram melhores para garantir surpresa ou operar em local com muita ameaça, apesar de serem bem menos capazes que os APD.

Já na década de 1920 ocorriam conversão de submarinos para transporte com a retirada da carga de torpedos e parte dos motores. O USS Nautilus e o USS Argonaut transportaram 200 tropas em uma incursões na ilha Makin durante a Segunda Guerra. Britânicos e soviéticos também usaram submarinos para apoiar incursões anfíbias enquanto os japoneses usaram seus submarinos para levar suprimentos para suas tropas nas ilhas do Pacífico.

A US Navy queria um submarino capaz de levar 200-300 tropas para realizar assaltos anfíbios de surpresa. Depois da Segunda Guerra queriam converter parte da frota de submarinos para apoiar operações anfíbias e dar apoio de fogo naval. O submarino faria reconhecimento com o periscópio e lançariam mergulhadores UDT para reconhecimento de praia.

O USMC queria converter 12 submarinos para levar 160 tropas cada com 10 dias de suprimentos, mas as tropas levariam apenas carga leve. Operando juntos seria o equivalente a um batalhão reforçado. O USMC passou a considerar que a grande maioria das operações anfíbias seria no nível de batalhão (MEU). O canhão de 127mm do submarino seria usado para apoio de fogo naval. Dois foram convertidos (SSP) para levar 123 tropas e apoiaram comandos durante a Guerra da Coréia. Outros dois submarinos lançadores de mísseis Regulus foram convertidos para transporte de tropas em 1964. As propostas de submarinos de assalto anfíbio (LSST) seria uma reação a ameaça das armas nucleares, mas decidiram pelo assalto vertical com helicópteros.

Os submarinos de transporte de tropas foram substituídos depois em 1992 pelos submarinos lançadores de mísseis balísticos da classe Ohaio adaptados. Vários submarinos nucleares de ataque tem capacidade de levar uma doca seca para veículos SVD para transportar os SEALs até a praia. Um dos submarinos Seawolf foi adaptado para levar até 50 Seals e os veículos de transporte. O projeto da classe Virginia incluía uma versão de Commando (SSFN) capaz de levar 200 SEALs na sala de torpedos reconfigurável.

Existe uma relação direta entre o tamanho de um navio anfíbio e a quantidade de tropas que ele pode embarcar. Quanto maior o navio também maior será o alcance e a capacidade de carga/suprimentos para apoiar as tropas. As lanchas torpedeiras eram usadas durante a Segunda Guerra Mundial para infiltrar pequenas unidades de reconhecimento ou sabotagem. Operavam durante a noite e tinham que voltar para a base antes do amanhecer devido a ameaça aérea nos locais onde operavam. As torpedeiras são o exemplo do limite inferior de incursão anfíbia de curtíssima duração e pequena escala. Já um navio de assalto anfíbio da classe Wasp que desloca 40 mil toneladas pode levar 1.680 tropas e apoiar por longa duração e longa distâncias, incluindo com apoio de aviação. Os navios de assalto da classe Wasp ainda costumam atuar em grupos junto com outros navios anfíbios que adicionam outras capacidades. Os APD seriam um nível acima das lanchas torpedeiros podendo operar por mais tempo, mais longe e com mais tropas e cargas.

Foto do USS Begor, um transporte rápido da classe Crosley. Foi uma adaptação dos contratorpedeiros de Escolta. O navio desloca 1.450 tons e leva 160 tropas. A velocidade máxima era de 23 nós e a velocidade de cruzeiro de 15 nós. Para a época era um transporte "rápido" visto que os navios de transporte da época tinham velocidade máxima de 11 nós como a classe Liberty e 13 a 16 nós para os LST. A classe demorou a ficar pronta para atuar na Segunda Guerra, mas atuou na Guerra da Coréia. Os APD foram os primeiros navios especializados em guerra anfíbia da US Navy.

Commandos britânicos sabotando ferrovias na Coréia do Norte. Estavam baseados no APD-124 USS Horace A. Bass durante a missão. As bolsas de explosivos de 20kg podiam destruir qualquer estrutura a não ser os túneis. As equipes de forças especiais operando embarcada precisam de acomodação e espaço dedicado para comando e planejamento, além dos meios de infiltração como embarcações e helicópteros.

O USMC pretende operar até 30 navios anfíbios leves no programa Light Amphibious Warship (LAW). A capacidade do LAW lembra um navio de apoio de combate, mas com capacidade de desembarcar direto na praia. O LAW deve ser capaz de levar até 75 fuzileiros com seus veículos. O LAW deve ser usado para defesas de pontos e ilhas no Pacífico. O navio deve deslocar cerca de 4 mil toneladas e ter uma velocidade de 15 nós (contra 22 nós dos navios anfíbios maiores).
 

O Japão também usou contratorpedeiros, além de cruzadores e submarinos, para transportar tropas para reforçar suas ilhas no Pacífico por dois anos. As missões eram chamadas de Expresso de Tóquio e eram realizadas frequentemente a noite para fugir das aeronaves de reconhecimento. Os navios transportavam cargas e tropas as ilhas no Pacífico ou evacuavam tropas e feridos. Os contratorpedeiros japoneses levavam entre 150 a 300 tropas dependendo da duração da viagem, mas as tropas só podiam levar equipamentos leves. Divisões de contratorpedeiros eram usados para transportar toda uma Divisões de infantaria em alguns dias até as ilhas no Pacífico. Para desembarcar as cargas mais rápido, lançavam em barris amarrados e esperavam que fossem levados pelas marés até a praia. Um contratorpedeiro podia levar cerca de 100 barris e eram lançados a 200-300 metros da praia. A maioria não era recuperado e as tropas japonesas ficaram sem suprimentos. O Japão decidiu evacuar as tropas e novamente foram usados os contratorpedeiros.

A experiência japonesa na campanha de Guadalcanal levou a navios especializados em transporte rápido de tropas e suprimentos em local sem superioridade aérea. O objetivo principal era liberar os contratorpedeiros para realizar escolta contra submarinos onde seriam mais necessários. Em abril de 1943 foram pedidos 32 transportes rápido de 1250 toneladas com capacidade de 200 toneladas de carga e duas embarcações de desembarque. O projeto era baseado no contratorpedeiro da classe Matsu modificado. Um motor seria retirado para dar espaço para um compartimento de carga. Teria capacidade secundaria de apoio de fogo naval. O requisito aumento para 1.500 toneladas e a capacidade de levar 400 toneladas de carga incluindo blindados anfíbios. A velocidade de 18 nós e o alcance 3500 milhas era necessário para realizar incursões noturnas ou missões de suprimento.

A Royal Navy estudou modificar alguns contratorpedeiros da classe River em 1943 para transportar passageiros. A Royal Navy já tinha usado navios de guerra para levar cargas críticas até a ilha de Malta e queriam navios dedicados. O navio levaria 200 toneladas e 52 passageiros, mas o projeto foi cancelado.

A Royal Navy depois adaptou alguns contratorpedeiros para atuar como navio de comando (Assault Group HQ), para apoiar uma Brigada até que o posto de comando fosse estabelecido na praia. Eram usados dois navios para cada divisão anfíbia. O navio levava 12 oficiais e seis praças adicionais, mais espaços para comunicações extras e tinha capacidade de direção de caças. Uma embarcação de desembarque era usada para levar material e pessoal para a praia. Seis contratorpedeiros foram convertidos para apoiar a invasão da Normandia e três para apoiar unidades no Pacífico.

A Royal Navy realizou uma incursão anfíbia no norte da África para atacar alvos no porto de Tobruk na operação Agreement. Dois contratorpedeiros foram usados como transporte rápido para levar um batalhão de Royal Marines com 400 tropas além de 17 lanchas torpedeiras levando outra Companhia. Um submarino levou tropas do SBS para marcar as praias para desembarque. Por vários motivos a operação falhou.

Os lança minas britânicos da classe Abdiel eram os navios que mais se aproximam dos APD da US Navy. O navio podia levar cerca de 150 minas em um convés coberto e o local era usado para transportar cargas e pessoal. O navio era relativamente rápido e bem armado sendo até considerado um cruzador lança-minas pois foram projetados para lançar minas nas águas inimigas, próximo de portos e tinham um tamanho relativamente grande.

A classe Abdiel foi desenvolvida como lança-minas rápido dedicado. Queriam um navio rápido, com boas armas antiaéreas, pequena silhueta e pouca capacidade anti-submarina. Foi usado também como transporte de tropas e carga rápido para locais isolados como Tobruk ou Malta aproveitando o convés de minas. Depois da Segunda Guerra foi usado como flagship e navio de apoio aos varredores menores. Durante a década de 1950, aproveitavam a boa velocidade para simular "surface raider" inimigos nos treinamentos. O cruzador lança-minas Pluton francês também tinha capacidade secundária de transporte de tropas rápido podendo levar cerca de mil tropas convés de minas.

Os soviéticos não tinham navios dedicados para guerra anfíbia e usavam qualquer navio de guerra como os caça-submarinos, torpedeiros e varredores de minas. Com o apoio de embarcações pequenas, os russos realizam muitas operações anfíbias na costa como no mar Báltico.

Durante a Segunda Guerra, a marinha japonesa perdeu muitos contratorpedeiros que eram usados para transporte na campanha de Guadalcanal (Expresso de Tóquio). A reação foi projetar um transporte rápido para penetrar a linha de frente com o navio de desembarque classe 1 baseado em um contratorpedeiro adaptado. Foi adicionado uma rampa traseira para descarregar rapidamente as embarcações de desembarque e até um lastro para baixar ainda mais a rampa. A função primária era transporte, mas eram boas escoltas e viraram navios multipropósito, atuando também como lança minas e escolta. O Type 1 podia levar 200 fuzileiros e até 500 toneladas de carga. Na imagem acima, o navio está levando minisubmarinos nos trilhos do convés.

Na década de 1950 a Royal Navy percebeu o valor dos helicópteros embarcados. As primeiras missões foram de busca e salvamente e evacuação médica. Os helicópteros logo substituíram os contratorpedeiros nas missões "Pedro" junto com os porta-aviões. A capacidade para as missões anti-submarina foi logo percebida assim como as missões anfíbias. O primeiro desembarque anfíbio apoiado por helicópteros foi demonstrado em Suez em 1956.

Modernizar os cruzadores britânicos para operar helicópteros foi a abordagem pensada inicialmente. Os cruzadores da classe Town foram estudados para serem convertidos em navios anfíbio operando com helicópteros no fim da década de 1950. O cruzador anfíbio operaria com 200 a 350 tropas, duas embarcações de desembarque LCA e 8 a 12 helicópteros. Adaptar os porta-aviões mostrou ser bem mais barato. O navio perderia as duas torres de canhões traseiros para adicionar o convoo e hangar, além das tropas abaixo. O navio só operaria uma caldeira e com tripulantes para uma torre para diminuir a tripulação. O navio operaria até os navios anfíbios da classe Fearless entrarem em operação, mas foi cancelado.

O couraçado North Carolina da US Navy foi proposto para conversão em navio anfíbio com capacidade de levar 1.880 tropas e 28 helicópteros. Os canhões de 406mm seriam retirados e só seria mantido oito torres duplas de 127mm. Na década de 1960, a ênfase passou para operação com forças dispersas e ações de pequena escala e os couraçados seriam úteis.

Os couraçados da classe Iowa foram propostos depois para conversão como Commando Ship com capacidade secundária de reabastecer outros navios. Levaria 1.800 tropas e 32 helicópteros. O projeto virou o Heavy Assaullt Ship. Na época a US Navy precisava de muitos navios anfíbios já prevendo que a frota de navios anfíbios construídos na Segunda Guerra Mundial teria baixa prevista para 1969 a 1972. Os grupos anfíbios da época eram acompanhados por um cruzador para apoiar missões de apoio de fogo naval e os grupos com o Commando Ship seria menores e mais baratos. Os couraçados da US Navy já tinham sido usados para trazer as tropas americanas da Europa e Pacífico.

Os 55 navios LCS da US Navy foram planejados para substituir 10 navios anfíbios maiores para realizar guerra irregular no litoral. A US Navy usa seus navios anfíbios para apoiar forças especiais, mas são superdimensionados para a missão. A capacidade do LCS inclui operar com helicópteros de ataque do USMC como o UH-1Y Venom e AH-1W Super Cobra. Ter várias opções de infiltração de forças especiais é uma vantagem tática. O convés flexível pode receber módulos de dormitório e as cabinas de dois lugares podem ser convertidas para três pessoas.

As escoltas britânicas também tinham função de apoiar pequenas operações na Guerra Fria. Eram armadas com um canhão médio para a missão. O projeto da Type 19 considerava levar um pelotão de fuzileiros navais ou refugiados, um canhão de médio calibre, helicóptero para reconhecimento e comunicações, e um bote com boa capacidade de desembarque. As fragatas Type 22 foram projetadas com acomodações adicionais para acomodar um destacamento de fuzileiros.

Sem os helicópteros Chinook que foram perdidos com o afundamento do Atlantic Conveyor, os britânicos tiveram que enviar dois navios anfíbios, o RFA Sir Tristram e o RFA Sir Galahad, para realizar um desembarque secundário em Bluff Cove levando tropas da 5a Brigada. Os navios foram avistados por tropas no Monte Harriet e chamaram um ataque aéreo. Os dois navios foram atingidos. O desembarque seria um exemplo de missão mais atual para um navio de apoio de combate atuando com transporte rápido. Desembarcaria as tropas a noite e fugiria antes do amanhecer para não serem detectados. Também teria maior capacidade de autodefesa pois os navios britânicos operaram sem escoltas. Um lançador de mísseis Rapier foi desembarcado, mas estava com pane.


Proposta de 1965 para conversão do cruzador USS Salem (CA-139) como navio de apoio anfíbio. Parte do armamento seria retirado. Parte dos motores seria retirado para levar carga e a velocidade diminuiria de 30 par 25 nós. O navio levaria oito embarcações de desembarque LCM-6 e o hangar poderia acomodar seis helicópteros CH-46A.



Um navio equivalente atualmente aos APD seria os HSV que tem o mesmo deslocamento, mas com o dobro da velocidade de cruzeiro. O HSV só faz transporte ponto a ponto, de um porto ao outro.

A classe Spearhead do programa Expeditionary Fast Transport (EPF) é um navio de transporte de tropas e carga rápida. A característica principal é a alta velocidade de 65 a 80km/h, mas só atua em águas calmas no litoral. Realiza apenas apoio logístico, mas o USMC estuda meios de apoiar operações anfíbias como lançar blindados anfíbios direto na água. O navio tem um convés flexível de 1.900 m2. A US Navy pleneja operar 16 navios da classe.



Devido a falta de peças de reposição para os seus contratorpedeiros classe Type 42, a Argentina resolveu converter o ARA Hércules como navio de transporte rápido com capacidade de levar 238 fuzileiros. O navio recebeu um hangar capaz de levar dois helicópteros Sea King que podem ser armados com mísseis AM-39 Exocet. Se um navio com capacidade similar estivesse disponível em 1982 poderia ter sido usado para invadir as ilhas Malvinas em abril para levar parte das 680 tropas usadas na invasão. Uma escolta saindo do porto não chamaria tanto a atenção como os navios anfíbios maiores. O ARA Santísima Trinidad foi usado para transportar as forças especiais que desembarcaram no sul de Port Stanley em 1982.

Módulos da Crossover na função de incursão anfíbia. O convés flexível recebeu embarcações de desembarque de cargas e lanchas rápidas. A imagem mostra o sistema de lançamento e recuperação de um drone ScanEagle. O drone é usado para apoiar as missões de Comando & Controle de uma incursão anfíbia. O drone pode acompanhar as embarcações de desembarque, vigiar a zona de desembarque e detectar forças inimigas. As imagens de corte interno da Crossover mostram que o hangar também pode receber contêineres.


As baias de missão reconfigurável, ou convés de missão ou convés flexível, estão virando uma característica dos novos projetos de escolta. A baia de missão das fragatas Type 26 podem levar até 10 contêineres e até outro helicóptero Merlin devido a posição do lado do hangar.

Os sistemas de guincho na baia de missão (Mission Bay Handling System - MBHS) são usadas para movimentar, lançar e recuperar drones e embarcações rapidamente sem precisar de uma rampa na popa. As novas fragatas da classe Type 31 também podem levar quatro embarcações semi-rígidas ou drones. As RHIB da foto tem a capacidade de transporte equivalente a um helicóptero Lynx, mas com um custo de compra e operação bem menor.

Contêiner dormitório adaptado.

Atuando como transporte de tropas, um navio de apoio de combate também terá que levar veículos e suprimentos por um período de tempo, 20 ou 30 dias de operações. Por exemplo, um esquadrão do SAS deslocado para as Malvinas preparou 15 toneladas de equipamentos para um esquadrão com 65 tropas, mas ainda usou os suprimentos dos navios onde eram transportados.

Os navios anfíbios são projetados com a capacidade de levar tropas, cargas e veículos (espaço e volume) além dos meios de desembarcar a carga na praia. No caso de um navio de apoio de combate, geralmente serão ações de baixa intensidade e podem até ir direto para um porto. Os veículos de desembarque podem ser botes de borracha ou usam os helicópteros que também irão levar as cargas. Os botes de borracha não têm capacidade de levar veículos até a praia e a única opção seriam pequenos veículos 4x4 levados pelos helicópteros.

Um doca alagável seria altamente desejável para as operações anfíbias, mas ocupa muito espaço. A doca alagável permite muita rapidez no desembarque e por isso acabou sendo adotada pelos navios anfíbios. Os navios de assalto anfíbio tem que desembarcar tropas e cargas o mais rápido possível para sair da área de assalto. Na Segunda Guerra Mundial, o requisito era desembarcar em 12 a 24 horas para diminuir a exposição a contra-ataques. Os navios da época ficavam cheios de embarcações de desembarque empilhadas no convés para poder levar as tropas em pelo menos duas vagas. Os navios que apóiam as fases posteriores de um assalto anfíbio não precisam desembarcar com rapidez. Os LST abicando na praia descarregava seus veículos em duas horas enquanto com embarcações de desembarque demorava de 4 a 6 dias. Os navios RO-RO aproveitam menos o espaço, mas carregam e descarregar mais rápido.

A doca permite melhorar a capacidade de modularidade ao permitir levar embarcações como caça-minas, navios patrulha ou drones com o navio atuando como navio-mãe. A outra opção é usar rampa ou gruas/turcos para embarcações menores. O conceito de basear drones de superfície em um navio-mãe remonta aos cruzadores que levavam lanchas torpedeiras no século XIX. Os torpedeiros eram inadequados para navegar em alto mar e precisavam de um navio maior para viagens longas e fazer bloqueio na costa inimiga.

As lanchas semi-rígidas como as Zodiac são muito usadas para infiltrar tropas na praia ou lançar mergulhadores de combate próximos do alvo/zona de desembarque. Se o alvo for próximo da base podem ir direto (operações terra-terra), mas se o alvo for distante precisam de um navio-mãe para aumentar o alcance e apoiar com velocidade, proteção, conforto e meios de comunicações. Um navio doca apóia em distâncias muito longas. Um navio doca ainda pode levar um barco patrulha que depois leva as Zodiac até próximo do alvo e depois fornecem apoio na extração quando perdem o efeito surpresa. As operações reais dos mergulhadores de combate mostraram que podem precisar de apoio ou pelo menos fugir rápido.

Os navios anfíbios passaram a ter um COC para apoiar operações de menor escala que eram as mais esperadas. Quanto maior o navio mais elaborado pode ser os recursos do COC. Um navio de transporte de tropas está realizando apenas transporte de carga, com as tropas sendo apenas um tipo de carga, levando as tropas de um porto ao outro e sem nenhuma preocupação com a ordem em que as cargas são colocadas. Já as operações anfíbias precisam de interação entre o comando das tropas e o comando do navio e outros meios de apoio e precisam de bons recursos de Comando & Controle. O APD atuando como navio de assalto anfíbio também tem que ter os meios de desembarcar as tropas pelo ar ou pelo mar, dar apoio de fogo e apoio logístico (transporte, manutenção, suprimentos e apoio médico).


Detalhes do projeto Crossover com módulos para atuar como navio hospital no convés flexível.


A classe Ary Parreira seria um exemplo de navio de apoio de combate da MB, mas sem muitas das capacidades citadas. A classe Ary Parreira desloca 7.433 toneladas e pode levar 4.000 toneladas de carga. A velocidade máxima era de 15 nós. As cargas são passadas para as embarcações de desembarque por guindaste o que é demorado. Os navios doca aproveitam menos o espaço interno, mas carregam e descarregam mais rápido o que é mais importante durante um assalto anfíbio. O desembarque tem que ser rápido para evitar contra-ataques e por isso tem que descarregar a carga de assalto em 12 a 24 horas.



Um exemplo mais recente de navio que poderia atuar como navio de apoio de combate seria o NDCC Almirante Saboia (G-25). O G-25 desloca 6.700 toneladas, tem 49 tripulantes e atinge uma velocidade máxima de 17 nós.

 

Navio mãe

Uma missão dos navios de apoio de combate seria atuar como navio mãe de outras embarcações, drones e helicópteros. A função de apoiar a aviação já foi citada anteriormente.

Existe um padrão de navio menores sendo apoiados por um navio maior em questões de comando, deslocamento, apoio logístico e até apoio de fogo. Podem ser incluídos as aeronaves anfíbias que agora são representadas pelos helicópteros e drones aéreos, além dos drones de superfície e submarinos. Os Cruzadores seriam a capacidade oposta tendo como característica principal a capacidade de atuar de forma independente por longos períodos.

No caso de apoio de embarcações menores, seria em missões no exterior. Embarcações caça-minas e lanchas patrulhas seriam os melhores exemplos. A atuação das lanchas patrulhas (PT - Patrol Torpedo Boat) na Segunda Guerra são bons exemplos. As primeira lanchas torpedeiras da US Navy foram projetadas para serem levadas a bordo de couraçados e cruzadores (dois por navio). Iriam operar a frente da frota para reconhecimento. Os projetos posteriores também eram planejados para operar em tenders de lanchas patrulhas em operações longe da base.

As PT das US Navy foram equipadas com torpedos para atacar navios maiores, mas viraram plataformas de canhão ao serem pesadamente artilhadas. As lanchas PT receberam armas adicionais como morteiros de 81mm, foguetes de 127mm, cargas de profundidades, metralhadoras de 12,7mm e canhões de 20mm e 40mm. Os canhões de 20mm penetravam o casco e podiam afundar embarcações maiores se causassem muitos danos na linha d'água.

No Pacífico, as PT foram usadas principalmente para atacar barcas japoneses que transportavam carga e tropas entre as ilhas durante a noite. As barcas operavam em águas rasas que não permitia o emprego de navios maiores como os contratorpedeiros e os torpedos não conseguiam atingir devido ao pequeno calado. As PT também eram usadas em missões de resgate, minagem, criar cortina fumaça, destruição de minas, reconhecimento, vigilância e apoio a incursões anfíbias.

Israel usou suas lanchas patrulha Dabur para atacar navios egípcios no Mar Vermelho durante a guerra de atrito. Cerca de 12 navios foram atacados e afundados nas emboscadas. Ficavam escondidas no litoral e procuravam alvos de oportunidade. Também apoiavam as incursões dos mergulhadores de combate nas infiltrações de longo alcance.

O equivalente atual das PT da Segunda Guerra que está em operação na US Navy seriam as Mark V e Mark VI. As Mark V são usadas para infiltração de médio alcance dos Seals. Levam 16 Seal e quatro botes infláveis para levar os Seals até a praia de forma mais furtiva. A missão secundária é interdição e patrulha usando armamento leve. As Mark VI são mais bem armadas e otimizadas para patrulha, mas podem levar até oito tropas.

Quando o USMC decidiu investir no assalto aéreo com helicóptero, pensou em uma aeronave equivalente as embarcações de desembarque de pessoal (LCVP) que virou o CH-46 enquanto o equivalente ao LCM seria o CH-53 para transporte de cargas pesadas. Para apoio de fogo direto, os fuzileiros usavam embarcações adaptadas como canhoneiros como o LCS(L) que passou a ter como equivalente os AH-1 Cobra. O USMC também usa o helicóptero UH-1 como utilitário que como equivalente deve ser as embarcações semi-rígida (RHIB). Os maiores pesam até 8 toneladas carregados e podem levar até 15 tropas a até 200km. As escoltas atuais estão sendo projetadas para levar até quatro RHIB. Seria algo como quatro helicópteros Esquilo ou Lynx no caso da MB, mas com um custo bem menor.

Os módulos de missões do LCS da US Navy incluem drones aéreos (MH-8C Firescout), drones de superfície (Spartan Scout, CUSV), drones semi-submersíveis (RMMV WLD-1) e drones submarinos (Swordfish, Kingfigh e Knifefish).

Um drone de superfície (USV) pode ser tão simples como uma lancha RHIB tripulada com a opção de operar não tripulada. A embarcação irá precisar de uma torreta FLIR, sistemas de navegação e comunicações para enviar dados para o navio mãe. São os mesmos sistemas usados pelas lanchas tripuladas.

Um drone pode opera tripulado em tempo de paz por segurança ou redundância em caso de pane nos sistemas. Missões reais em área de risco seriam realizadas sem tripulantes.

A Royal Navy opera com o drone Pacific-24 baseado em uma lancha adaptada. Possui transponder AIS, torreta FLIR, sistema de armas remota e dispositivo não letal LRAD para comunicação direta por voz com contados. A velocidade é de 32 nós, alcance de 180km e autonomia de 12 horas. A Pacific-24 pode ser controlada de um contêiner no hangar.
 


O canhão Mk38 de 25mm apontado por uma torreta FLIR dá a Mark VI a mesma capacidade ofensiva de uma lancha PT da Segunda Guerra devido a precisão da mira computadorizada e com menos tripulantes. Está previsto equipar com mísseis Hellfire Longbow para atacar embarcações leves.


As Mark VI são apoiadas por navios doca em missões no exterior, principalmente no Golfo Pérsico.

Um drone de superfície Madfox operando a partir de uma doca de um navio anfíbio britânico. Os navios de desembarque doca foram projetados para levar embarcações anfíbias, mas também passaram a levar lanchas torpedeiras, lanchas patrulhas e varredores de minas em deslocamentos a longa distância.


A popa da Absalon tem um guindaste capaz de operar lanchas SRC-90E de 7,4 toneladas. Até duas lanchas podem ser levadas e apoiaria operações anfíbias e forças especiais. Lanchas de alto desempenho são usadas em ações de maior alcance permitindo que o navio mãe fique longe da área de operação. A lancha ainda pode lançar botes de borracha menores que irão realizar o desembarque final. Durante a extração, a velocidade é mais importante pois a surpresa já deve ter sido perdida. Poder de fogo e blindagem leve pelo menos contra armas leves podem ser necessários em uma extração "quente".

A classe Independence tem uma rampa na popa para receber dois Zodiac de 11,5 metros ou drones de superfície. A rampa foi projetada para lançar e recuperar rapidamente as embarcações em dois minutos com o apoio de apenas dois tripulantes. O método tradicional por guincho leva cerca de 15 minutos e precisa de cinco tripulantes.

Foto do USS Wachapreague (AGP-8) reabastecendo lanchas torpedeiras em outubro de 1944 entre Palau até Leyte. Um exemplo de navio de apoio múltiplo da Segunda Guerra podem ser os navios-mãe de lanchas torpedeiras (Motor Torpedo Boat tender). A classe Barnegat apoiava as lanchas torpedeiras em locais remotos fornecendo combustível e provisões. A classe Barnegat era armado como um contratorpedeiro de escolta com dois canhões de 127mm e artilharia antiaérea de 40mm e 20mm, além de cargas de profundidade e sonar. Alguns chegaram a realizar missões de apoio de fogo naval. Tinha acomodações adicionais para 150 pessoas. Levava 48 torpedos extras para as lanchas torpedeiras e tinha oficinas de reparo de torpedos e motores.




Comando & Controle

Outra função que está sendo adicionada aos navios de apoio de combate é a missão de Comando & Controle (C2). A classe Absalon foi projetada para apoiar um Estado Maior de Grupo Tarefa com 75 pessoas para missões de C2 e por isso é classificada como um "command-and-support ship". O Estado Maior opera em contêineres adaptados para a missão e usam os sistemas de comunicações do navio. Os navios de comando de unidades de maior tamanho passaram para bases em terra graças as comunicações por satélite.

Levando uma Companhia de fuzileiros ou equivalente, a unidade de comando seria equivalente a uma Companhia de comando de batalhão enquanto está no navio. Depois passa a operar em terra dependendo da missão, incluindo os veículos. O Grupo Tarefa ou comboio também pode estar usando o navio como flag ship. As escoltas não são adequadas para apoiar operações anfíbias pois podem ter que se afastar para outra missão.

Atuar como flagship já foi uma das missões das escoltas. Os contratorpedeiros atuavam como líder de flotilha de lanchas torpedeiras enquanto os cruzadores atuavam como líder de flotilha de contratorpedeiros. Uma navio maior era necessário para contrapor ataques de navios equivalentes aos liderados e conseguir superioridade. Os cruzadores eram poucos e os contratorpedeiros maiores tiveram que atuar como líder de esquadrão de contratorpedeiros. Os comboios eram liderados por contratorpedeiro, geralmente os mais bem equipados. Durante a Segunda Guerra, os APD já foram usados para C2 de operações anfíbias de menor escala.

Como centro de comando, o navio precisa de um COC (centro de operações de combate), sala reuniões (war room) e salas para oficiais como inteligência, operações e logística. As comunicações precisam estar operando 24 horas por dia. São necessários comunicações de longo alcance com a terra e navios, curto alcance com navios, unidades aéreas e tropas em terra. Pedir apoio de fogo é um exemplo e precisa de um centro de coordenação de armas. O navio precisaria de sistemas de COMINT (inteligência de comunicações) para apoiar as operações, mas podem estar disponíveis em outras escoltas.

A US Navy adaptou seus cruzadores para atuar como flagship de frota (Pacífico, Mediterrâneo, etc). O navio precisava de muito espaço para o COC e espaços de decisão. As novas instalações incluam m flag command room, war command room, flag planning office, flag operations office e troop conference room. Até mesmo uma área para coleta e avaliação de inteligência era necessária. Parte do armamento foi retirado e as armas principais seriam os outros navios que controlava. Um navio dedicado era necessário devido aos sistemas de comunicações de longo alcance. O SATCOM década de 1970 permitiu o uso de navios menores e até bases em terra.

Como flaship de grupo tarefas precisava de espaço menor nos cruzadores adaptados para lançar mísseis. Acompanhar frota precisa de velocidade e os cruzadores estavam disponíveis. Os porta-aviões tinham muito espaço para conversão, mas ocuparia muito espaço valioso no hangar. Além de comando de frota e grupos tarefas, eram necessários navios com capacidade de comando para apoiar comboios, grupos anfíbios e grupos de reabastecimento.

Os primeiros torpedeiros e contratorpedeiros precisavam da ajuda de um navio maior com boas instalações de navegação e plotagem, meios de comunicações e melhores rádios. Os contratorpedeiros líderes de flotilha de torpedeiros tinham capacidade de rebocar os torpedeiros e as vezes reabastecer com combustível, davam apoio de fogo contra inimigos mais poderosos e ajudavam na navegação e comunicações. Um líder de flotilha ou divisão de contratorpedeiros podia coordenar fogo de concentração com todos os navios disparando contra um único alvo. Outra situação que o fogo de concentração era usado era quando um navio detectava um alvo e o mau tempo não permitia que todos vissem o alvo.

Um navio de comando precisava de espaço para o comandante do grupo (flotilha, esquadrão, divisão etc). O comandante precisa de espaço físico para o seu Estado Maior assim como acomodações. Um contratorpedeiro líder tinha pelo menos seis oficiais a mais, ou 7 a 13 tripulantes a mais do grupo de comando do esquadrão. O Centro de Informações de Combate permitiu que qualquer navio realizasse esta função e o centro de comando pode até ficar baseado em terra com o uso de comunicações por satélite. Os cruzadores tinham instalações para o comando de um esquadrão (squadron flagship), mas para comandar uma frota (fleet flagship) ou comando conjunto (head quarter for combined operations), precisa de muito espaço ou um navio dedicado, ou ficava em terra.

Os couraçados tinham armas leves contra os torpedeiros e contratorpedeiros, mas era difícil para os artilheiros distinguir entre amigos e inimigos no calor da batalha. As mesas de plotagem tática foram criadas para o comandante acompanhar os contratorpedeiros amigos. Já as flotilhas facilitavam acompanhar um grupo e apenas o líder informava a posição. Depois da Segunda Guerra Mundial, os contratorpedeiros passaram a atuar em esquadrões de quatro navios, como os cruzadores, para dar mais liberdade tática.

Antes do rádio, as marinhas transmitiam informações apenas com sinais visuais e por isso precisavam de muitos navios para manter a linha de visada. Antes do rádio, um navio que encontrasse o inimigo não podia ir na direção da frota amiga com risco de ser atacado. Os rádios passaram a operar embarcados no início do século XX e permitiram transmitir informações a até 200km.

Uma Força Tarefa (FT) pode ser dividida em vários Grupos Tarefas (GT). Os GT podem ser divididos em Unidades Tarefas como um grupo de ação de superfície (Surface Action Group - SAG). As Unidades Tarefas podem ser divididas em outros elementos menores. A composição está sempre mudando dependendo da situação. O GT pode destacar um SAG para avaliar um contato de superfície. As mensagens e ordens são passadas para os grupos e não para os navios para facilitar as comunicações.

A Royal Navy usa as escoltas SNO (Senior Naval Officer) para comandar comboios e Forças Tarefas. Os navios recebem acomodações adicionais, instalações para controlar a cobertura antissubmarino , estado maior e direção de caças. Como exemplo temos os cruzadores da classe Tiger e as fragatas Type 22. Eram navios com meios mais sofisticados como comunicação e navegação por satélite e passavam a posições para outros navios. As Type 23 não receberam espaço para receber um comando de Força Tarefa por questões de economia e por isso tem menor flexibilidade operacional.

Centro de Informações de Combate da fragata Mogami da marinha japonesa. Os consoles atuais são padronizados e os módulos de missão viraram aplicativos. Teoricamente qualquer console pode realizar qualquer função (radar, MAGE, sonar, direção de tiro, comunicações etc). Os telões ao redor mostram imagens externas.

Os navios patrulha da classe Independence receberam um CIC na ponte. A marinha de Cingapura adotou uma solução única colocando a ponte de comando, a sala de controle de máquinas e o CIC todos na ponte de navegação. O local ainda tem espaço para receber estação para os módulos adicionais no convés flexível.

Reunião na sala de guerra do porta aviões britânico Prince of Wales. O local é necessário nos navios usados em funções de comando para o planejamento de operações.
 

Operações Especiais

As operações clandestinas da África do Sul contra os vizinhos durante os conflitos na década de 1970 e 1980 podem ser bons exemplos da atuação de um navio de apoio de combate atuando como transporte rápido por serem operações bem comuns. Se não houvesse a exigência das missões serem clandestinas, outros recursos convencionais seriam usados como bombardeio aéreo e naval, ataque com mísseis de cruzeiro (se fosse atual) e seriam realizadas até mais missões contra um número maior de alvos.

Foram realizadas 33 operação clandestinas apoiadas pelas lanchas de ataque da Marinha da África do Sul, sendo dez com apoio de um submarino. As operações tinham que ser clandestinas para colocar a culpa na guerrilha da UNITA e RENAMO apoiada pela África do Sul que prontamente assumiam os ataques.

O objetivo dos ataques, como aconteceu na Segunda Guerra, era desviar tropas da linha de frente para proteção de alvos estratégicos na retaguarda.

Os Recce são a unidade da África do Sul responsáveis pelas ações de forças especiais e comandos. O esquadrão 4 é responsável pelas ações no mar e rios realizando reconhecimento estratégico, ataque a centros de comando, alvos de alto valor, ataques a alvos estratégicos na costa, e apoio a guerrilha. O Esquadrão 4 tem equipes de mergulhadores, sabotadores, reconhecimento e tripulações das embarcações de infiltração.

Nas operações clandestinas contra Angola e Moçambique na década de 1970 e 1980, onde operavam e apoiavam guerrilhas comunistas contra a África do Sul, os Recce atacavam depósitos de combustível, refinarias, oleodutos, locomotivas, faziam cortes nas ferrovias, sabotavam pontes rodoviárias e ferroviárias, centros de comando, navios cargueiros ou militares nos portos, atacavam base guerrilha e terroristas e faziam reconhecimento estratégico. Foram basicamente as mesmas missões que o SBS operando a partir de submarinos e lanchas torpedeiras realizaram durante a Segunda Guerra Mundial contra os países do Eixo.

As operações clandestinas na costa de Moçambique não exigiam o uso dos submarinos, mas em Angola a região costeira era bem mais defendida, incluindo a presença de navios e submarinos russos, e exigia meios mais sofisticados.

Na época, a Marinha da África do Sul operava três submarinos diesel-elétrico da classe Daphne que eram usados para apoiar as operações clandestinas. Os submarinos podiam realizar reconhecimento visual de dia com o periscópio e com capacidade limitada de monitorar as emissões eletrônicas de radares na costa ou sistemas de armas na área.

As desvantagens dos submarinos como a lentidão e o pouco espaço eram compensadas pelas vantagens da natureza clandestina das missões e a capacidade de reconhecimento com o periscópio de dia.

Os Recce logo perceberam que tinham que realizar muito reconhecimento para ter sucesso nas missões. Os submarinos realizaram muitas missões de reconhecimento pré missão para coletar informações para o planejamento das missões. Os submarinos também apoiavam as incursões realizando o reconhecimento tático terrestre na noite antes da incursão em terra para confirmar as rotas infiltração e exfiltração e defesa na área do alvo. Um exemplo seria vigiar navios que seriam atacados os portos ou a movimentação para identificar locais com restrição de movimentação (como campos minados).

O submarino era a plataforma ideal para as missões de reconhecimento costeiro aproximado pois desaparece e não é visto de dia ainda podendo coletar dados com periscópio, fotografar, detectar radares na costa ou navios. Para diminuir a detecção do periscópio tinham que navegar bem lento para diminuir a esteira criada.

O reconhecimento de periscópio era feito para determinar pontos de navegação e a movimentos de navios no local. As fotos tinham que ser reveladas a bordo para confirmar se ficaram boas e se seria necessário novas fotos antes de deixar a área de patrulha. Podiam tirar fotos pareadas para criar efeito tridimensional. Após as missões, o submarino ainda podia fazer avaliação de danos com o periscópio.

A noite o submarino podia lançar os Recce para reconhecimento de praia e dos alvos na costa. A inteligência da costa com fotos de baixa elevação não pode ser usada para planejamento de operações nos estágios iniciais e vários elementos essenciais de informação (EEI) precisam ser coletados pela reconhecimento físico.

O submarino tem limitação quanto ao número de operadores e embarcações pneumáticas que podem levar, mas não era problema nas missões de reconhecimento que usavam equipes pequenas.

A rotina de trânsito do submarino é navegar na superfície a noite para recarregar as baterias ou em dia muito nublado. Ao amanhecer o submarino mergulha para evitar o reconhecimento de satélite. O submarino navega na superfície a 8 nós e transita submerso a 7 nós a 70 metros cobrindo 1.500 milhas em 8 dias.

O submarino era lento, navegando quase na metade da velocidade dos navios de superfície. Os operadores não tinham muito espaço para manter a forma física dentro do submarino e era uma problema durante a missão.

Então foi iniciado estudos para enviar o submarino para a área de operação sem os Recce a bordo que se encontrariam depois em uma posição avançada. O operadores poderiam ser enviados de navios e até lançados de paraquedas sobre o mar e depois seriam recuperados pelo submarino.

O conceito de equipe de transito até a área do alvo no conforto relativo das lanchas de ataque rápido e a inserção e extração por submarino passou a ser realizado de rotina. A transferência de passageiros (PTX) chegou a ser feita em lugares bem perigosos como a 50 milhas da costa de Luanda a noite.

As lanchas de ataque da classe Warrior (SAAR 4) passaram a suplementar os submarinos da classe Daphne levando equipes maiores e eram navios bem armados para autodefesa.

Uma missão clandestina tem como objetivo final não ser detectado e muito menos ser identificado como navio militar. Operar a noite em cenário de baixa intensidade permitia o uso de navios maiores como fragatas próximo da costa.

Cenários com ameaça de média intensidade exige um submarino ou um navio operando além da linha do horizonte. Cenários de alta intensidade como portos bem defendidos só são viáveis com submarinos e pode operar até de dia devido a furtividade.

As lanchas de ataque eram preferidas em algumas missões anfíbias usando as embarcações pneumáticas Zodiac Mk5. Os dois Zodiac podiam chegar mais rápido na costa que as equipes lançadas por um submarino usando a velocidade, manobrabilidade e autodefesa. Os Recce perceberam que se as embarcações de assalto fossem lançados e recuperados mais perto da praia, os operadores poderiam ficar mais tempo na praia e na costa realizando a missão. As lanchas de ataque podem penetrar mais dentro da costa em locais rasos e lançar embarcações de assalto mais próximo da costa em locais com pouca ameaça.

Inicialmente, as lanchas de ataque receberam uma rampa externa na popa para as embarcações de assalto e acomodações para 11 operadores. A rampa era para lançamento e recuperação rápida das embarcações de assalto.

Uma rampa hidráulica foi instalado para apoiar as lanchas Barracuda MK I. As Barracuda exigiram rampas maiores e a rampa Blythe foi desenvolvida para facilitar o lançamento e recuperação rápida. Seis conjuntos podiam equipar três lanchas de ataque e era o máximo que estaria operacional ao mesmo tempo.

Como os submarinos, as lanchas de ataque também eram limitadas em relação ao número de operadores e limitava o tamanho da missão mesmo operando em duplas. Para resolver este problema, a marinha sul africana modificou suas lanchas de ataque com o sistema COUPE. O canhão de 76 mm na popa era retirado e o espaço do sistema de municiamento e o paiol de munição eram usados para levar até 24 operadores e equipe médica, com espaço para reunião, planejamento e recreação. Até uma embarcação salva-vidas podia ser lavado no local onde o canhão era instalado. A embarcação pneumáticas Zodiac era usada para transferir o pessoal no mar para os submarinos.

A instalação COUPE não atrapalhava a defesa pois a rampa das embarcação de assalto não permitiam que o canhão operasse a não ser que a rampa e as lanchas fossem alijadas o que eram complicado em combate.

A maior operação com os Recce usou 58 comandos anfíbios. Foram usados 32 comandos anfíbios e mergulhadores de combate e 14 tripulantes das lanchas Barracuda, além do elemento de comando.

Além de levar os operadores para a área do alvo para realizarem a infiltração pelo submarino, os operadores dependiam dos navios para apoio logístico, apoio médico, centro comando, inteligência (COMINT e ELINT) e até apoio de fogo naval.

Outros navios maiores apoiavam as operações clandestinas com apoio logístico (combustível e suprimentos) e apoio médico operando mais longe da área de operação. A marinha da África do Sul operava com o os navios de apoio SAS Tafelberg e SAS Protea apoiando as operações clandestinas. Operavam mais ao sul do Rio Cunene pois eram fáceis de detectar e identificar. As vezes operava mais ao norte durante a execução das operações, mas ficavam a 200 milhas da costa.

O navio hidrográfico SAS Protea de 2.700 toneladas podia apoiar operações pequenas e mais próximas das bases navais. Podia apoiar até duas lanchas de ataque ou um submarino. O navio tinha uma pequena instalação médica e podia operar com um helicóptero Alouette III para evacuação médica. O SAS Protea apoiou quatro operações clandestinas e podia se passar por navio civil por ser menor e ter cor branca.

O navio de apoio SAS Tafelberg de 25 mil toneladas era um navio tanque convertido para apoiar a frota. Foi modernizado em 1983 passando a ter capacidade de levar dois helicópteros e acomodações para 120 tropas e melhores instalações médicas. Recebeu guindastes para levar embarcações de assalto Avalanche, Barracuda e D-80 Delta. O SAS Tafelberg apoiou sete operações clandestinas na década de 1970 e 1980.

As lanchas de ataque podiam apoiar operações logísticas em Moçambique apoiando a guerrilha da RENAMO ou infiltrar e exfiltrar forças especiais, agentes ou guerrilheiros. A primeira operação levou 17 toneladas de suprimentos e armas em duas lanchas que foram equipadas com guindastes para passar as cargas no convés para as embarcações de transporte.

As lanchas de ataque mostraram serem limitadas para apoiar operações logísticas e passaram a usar a fragata SAS President Pretorius com maior capacidade de carga e passageiros. O navio foi adaptado para levar mais duas lanchas na popa onde também poderia receber trilhos para lançar minas, passando a ter capacidade de levar quatro lanchas Barracuda. As lanchas Barracuda e o helicóptero Wasp eram usados para desembarcar cargas e tropas a noite. As lanchas Barracudas podiam levar até oito tropas, mas retirando os assentos podiam levar entre 12 a 15 pessoas ou acomodar cargas. A fragata era sempre escoltada por mais duas lanchas de ataque rápido que levavam embarcações de assalto adicionais.

A fragata SAS President Pretorius realizou apenas duas missões de apoio logístico levando carga ou pessoal. A fragata não era usado para apoiar missões na costa de Angola devido a ameaça maior e um navio grande próximo da costa chamaria muito a atenção. Uma operação evacuou 300 guerrilheiros para serem treinados na África do Sul. Em outra operação o helicóptero Wasp realizou 36 corridas de carga levando 14,4 toneladas durante a noite. No total foram 74 guerrilheiros infiltrados e desembarcados 43 toneladas de carga.

Em 1987, foi planejado um assalto aéreo e anfíbio com a 44a Brigada Pára-quedista para cortar o apoio logístico cubano ao redor de Cuito Cuanavale vindo do porto de Namibe. O navio de apoio SAS Tafelberg apoiaria com as embarcações de assalto D-80 e dois helicópteros Puma. O navio transportaria 120 fuzileiros e daria apoio médico. Cinco lanchas de ataque protegeriam o navio e fariam apoio de fogo naval para as tropas na praia. Uma companhia de fuzileiros navais tomaria uma cabeça de praia e seria seguia por duas companhias pára-quedistas que desembarcariam com apoio das lanchas D-80 e dos helicópteros Puma. Os pára-quedistas também seriam apoiados por 10 aeronaves C-130 e C-160 que lançariam mais duas companhias além de apoio de artilharia e engenharia que destruiriam as instalações logísticas no porto. O conflito terminou antes da operação ser iniciada.

O planejamento de segurança das missões incluía a saída dos navios do porto a noite incluindo o embarque do pessoal e material. As embarcações de assalto ficavam camufladas no convés. Também voltavam para o porto e descarregavam a noite. As lanchas de ataque usavam luzes de identificação de pesqueiro e faziam silêncio de rádio.

Nos treinos das primeiras tripulações das lanchas de ataque em Israel foi ensinado que elas devem operar aos pares para apoio mútuo e aumentar o poder de fogo. Até no caso de pane em um dos sistemas poderia ser compensado pelo outro navio como no caso de sensores e comunicações. Se um tiver pane nos motores, como no caso de danos de batalha, o outro reboca. Até mesmo no caso de operações muito próximo da costa pode ser necessário rebocar no caso de encalhar ou a hélice ficar preso em redes de pesca.

As duas lanchas de ataque transitam de forma independente até a área do alvo em prontidão de combate 2 (posição de defesa), mas podem operar em formação mais cerrada próximos da costa inimiga. Durante o transito, os navios evitam atrair a presença dos movimentos com velocidade alta, formação óbvia e emissão eletrônica.

Evitam as rotas dos navios mercantes e evadem os contatos mantendo uma distância de 16 km de dia e 8 km a noite para evitar detecção e identificação. Se detectados por unidades navais ou aéreas a missão era cancelada no menor indício de comprometimento.

Em caso de contato com navios de guerra inimigos as lanchas de ataque podem reagir. Primeiro tentam aumentar a distância, alterar o curso, desviar, apontar arma e apontar sensores. Os canhões de 76mm e os lançadores de Chaff estavam sempre em prontidão. Se confrontados, as lanchas de ataque se retiram e cancelam a operação. A ocultação é prioridade sobre o reconhecimento, mas podiam atacar meios hostis como navios, submarinos ou aeronaves. Os submarinos levam os Recce na sala de torpedos, mas os tubos ficam armados com quatro a seis torpedos anti-navio e anti-submarino por precaução.

Geralmente uma lancha de ataque era usada como "taxi de batalha" (battle-taxi) levando os operadores até área de operação e transfere para o submarino para inserção na área do alvo ou lançar duas embarcações de assalto para operações com equipes pequenas. Outra lancha de ataque pode levar dois canhões e atua como canhoneiro (gunship). Operavam em grupos de até três lanchas de ataque lançando seis embarcações de assalto.

A contagem regressiva da missão costuma iniciar por volta das 13 horas com a lancha de ataque iniciando a aproximação da costa após testar a rampa, embarcações de assalto e motores. A corrida inicia a cerca de 30 milhas da costa e faz busca com o radar intermitente para detectar pesqueiro e manobra ao redor dos contatos. Realizam três varredura de 360 graus sete vezes em uma hora. Tentam passar a acerca de 15 km dos contatos sendo o mínimo aceitável para evitar o contato visual. A noite pode chegar a 3,5 km de contatos que não irradiam com o radar. Um contato suspeito ligava e desligava as luzes e usa o radar de forma intermitente e não parecia ser um barco de pesca.

As lanchas de ataque se aproximam da costa em uma formação bem espalhada para não ser identificada como uma força naval no radar. No lançamento das embarcações de assalto tem que estar próximos. Um operador de radar pode perceber as manobras sincronizadas das lanchas de ataque para o lançamento das embarcações de assalto que pode ser fácil de identificar como sendo uma unidade naval. As embarcações de assalto navegando bem rápido são fáceis de seguir no radar.

As lanchas de ataque usam luzes de engodo para lembrar um navio pesqueiro e diminuem a velocidade para 10 nós mais próximo da costa para criar pouca esteira. O exaustor do motor é direcionado para a água para abafar o som dos motores. Sem contato radar no MAGE pode se aproximar a 20 nós. Evitavam ao máximo navegar rápido pois chama muita atenção e cria muita esteira.

Redes de pesca presa nas hélices era uma ameaça operando próximo da costa. Uma lancha de ataque reboca outra e treinam para realizar em batalha. Um mergulhador de combate fica de prontidão com material adequado para liberar rápido. O mesmo ocorre com o submarino.

As embarcações de assalto são lançados entre 15 a 8 km da costa. As lanchas de ataque mantém uma posição de espera a 15km e podem atuar como picket radar em várias posições se tiver ameaças de navios de guerra. Apoiando o desembarque de navios maiores, as lanchas de ataque atuam como picket de radar ao redor a cerca de 10 milhas.

O primeiro meio de infiltração costeira usado pelos Recce foram os caiaques. Era um meio lento e com pouca capacidade em termos de transporte de pessoal e carga, além de depender muito das condições meteorológicas. O caiaque ainda tem uso primário nas operações ribeirinhas.

O próximo passo foram as embarcações pneumáticas que tinham que caber nos dois cofres no convés do submarino após serem desinflados. O Zodiak Mk2 usava um motor de popa de 18 HP e logo foi substituído pelo Zodiak MK III com motor de 40hp bem mais capaz. Os Mk I e Mk II foram depois substituídos pelos Zodiak K40, K50 e F420 bem mais capazes, principalmente em mar agitado. O submarino leva três motores de popa sendo um de reserva além das bolsas de combustível. O tamanho e a potência dos motores são limitados pelas escotilhas do submarino.

Os submarinos lançam embarcações pneumáticas a até 15 km do alvo e os caiaques a 5km, mas pode chegar a 2km. Leva cerca de 30 minutos para preparar as embarcações e lançar os Recces. Com o submarino fazendo mergulho estático era possível flutuar duas embarcações pneumáticas em 20 minutos para diminuir o tempo na superfície com a vantagem de não fazer muito barulho ao abrir os tanques de lastro para mergulhar.

Os submarinos tinham dificuldade de recuperar as embarcações de assalto ou ajudar os operadores em terra ou no mar se fossem detectados em água costeira. Durante a recuperação, o submarino rebocava as embarcações pneumáticas com o periscópio para longe da praia para guardar as embarcações desinflados em cofres no convés superior bem a frente da vela. As lanchas de ataque recuperam as embarcações de assalto rapidamente com as rampas hidráulicas e se afastam da costa mais rápido.

O Zodiac Mk V tinha o dobro da capacidade do Zodiac Mk2 com dois motores de 50 hp e podia ser levado pelas lanchas de ataque. Uma rampa para lançamento e recuperação foi projetada para ser instalada nos navios. Os Zodiac Mk V permitia operar além do horizonte, mas tinham limitação de uso em estado de mar 5.

Uma missão do Mk V foi a 35km da praia em um local com ameaça de navios patrulha. Tiveram que levar lança foguetes RPG-7 e metralhadoras RPD para se defenderem, mas tinha pouco espaço para seis operadores, armas e equipamentos. As MK V eram pesadas para serem rebocados pelo periscópio dos submarinos e os motores e bolsas de combustível usavam muito espaço.

As embarcações Zodiac Mk V lançados a longas distancias em mar aberto atrasavam a missão e cansavam os operadores com a longa travessia. Os Recce passaram a estudar uma embarcação de assalto de casco rígido para substituir os Zodiac junto com uma rampa hidráulica para ser instalada nas lanchas de ataque para lançamento e recuperação rápida. Os Zodiac mostraram ser inadequados para levar comandos pesadamente armados e equipamento. O uso de casco rígido era melhor para desembarque em praia com muitas ondas.

Primeiro foram adquiridos as lanchas Barracuda Mk I de 18 pés com dois motores de 90hp, três tripulação e assentos para seis operadores. As Mk I podiam levar armas em reparos fixos como metralhadoras leves e armazenar foguetes RPG-7 que eram sempre levados nas missões. A lancha Barracuda Mk II de 21 pés era mais capaz.

A lancha Avalanche de 28 pés tinha dois motores de 370 HP (depois aumentado para 400 HP). Era equipado com um radar e podia receber um canopy destacável. Era pesadamente armada e tinha alcance para operar além do horizonte. Era pesada para ser levado nas rampa e só podia ser levado em guindastes que desestabilizava as lanchas de ataque. Ao ser equipada com dois motores de 200 HP ficaram mais leves e puderam ser levados nas lanchas de ataque.

Os Recce também são responsáveis pelas tripulações das embarcações de assalto para apoiar os comandos anfíbios. Os tripulantes tem que ser treinados como forças especiais. Também fazem parte do plano de sobrevivência pois podem ter contato com o inimigo no mar e serem capturados. Os ensaios das missões inclui treinar os comandos anfíbios e mergulhadores de combate para operar com as embarcações de assalto como posicionar cargas, modo de sentar, desembarcar e embarcar.

As embarcações de assalto podem fazer infiltração em alta velocidade se não houver radares de busca no local que podem perceber facilmente os contatos em alta velocidade. As embarcações em alta velocidade deixam uma esteira que atrai a atenção e é melhor se aproximar com cuidado quando chegam mais perto da costa. Próximo de contatos no mar ou terra tentam produzir pouca esteira e fazer pouco barulho. Navegar em zig-zag diminui ainda mais a esteira. Uma formação muito cerrada pode criar um contato único no radar.

Operar em mar muito calmo pode ser indesejável pois qualquer esteira chama a atenção e indica a presença. O ideal é operar em estado do mar 1 ou 2 que esconde movimentos barcos, mergulhadores ou operadores nadando na superfície.

A maré alta é considerada ideal para pescar e influencia a presença de pescadores na praia. Os Recce podiam perceber a iluminação usada pelos pescadores facilmente com os óculos de visão noturna. Em caso de encalhe também fica mais difícil retirar as lanchas e facilita a movimentação em água rasa.

A luminosidade também é considerada com preferência para noite sem luar para dificultar a detecção das embarcações de assalto e as ações no objetivo em terra.

As embarcações de assalto também atuam em duplas para apoio mútuo nas operações clandestinas. Com quatro embarcações de assalto, uma pode atuar como canhoneira e apoiar as outras três. Operavam em grupos de até seis embarcações.

As embarcações de assalto se aproximam a cerca de 500 metros da praia e tentam observar movimento ou luzes no local escolhido para desembarque. Depois uma embarcação se aproxima entre 300 a 60 metros da praia e observa o local antes de lançar o mergulhador ou nadador para reconhecer a praia.

Já nas primeiras missões perceberam que era importante enviar mergulhadores de combate na praia para reconhecimento antes do desembarque. Mesmo sem a presença de inimigo pode ajudar evitar danos no barco por pedras ou destroços na praia. No desembarque em Narvik durante a Segunda Guerra, metade dos navios britânicos perdidos foram por danos no desembarque e passaram a sempre realizar reconhecer de praia antes.

O mergulhador na praia observa por cerca de 15 minutos. Se a praia estiver segura, o mergulhador chama as embarcações de assalto para lançar os comandos anfíbios. Os comandos anfíbios também observam a praia por 15 minutos antes de avançar até o alvo. As embarcações se afastam 500 metros e esperam para sair após ordem.

Um posto de comando tático nas lanchas de ataque e nas embarcações de assalto também mostrou ser importante. A operação que levou a captura de um Recce e a descoberta de que eram os responsáveis pelos ataques atrás das linhas foi devido a decisões erradas e a falta de uma equipe de comando.

Na exfiltração, as lanchas de ataque podiam se aproximar a cerca de 5km da costa para recuperar os comandos anfíbios. Aceleram até 20 nós para se afastar da costa. No pôr do sol, as lanchas de ataque tem que estar a cerca de 50 milhas da costa e indo para o sul em formação defensiva separados a cerca 1,5km com munição antiaérea carregada para o caso de ataque aéreo.

Em caso de extração de emergência, as lanchas de ataque enviavam embarcações de assalto para os pontos de extração pré planejados e podia dar apoio de fogo de emergência com os canhões de 76mm. Criavam uma lista de alvos para os canhões e os operadores chamam as missões de tiro com o códigos dos alvos pré planejados. O objetivo era criar uma barragem de artilharia para cortar a aproximação das tropas inimigas. Os canhões não eram usados para destruir os alvos da missão.

Até os Zodiac levam lançadores de foguete RPG-7 e metralhadores RPD para autodefesa ou para apoiar uma extração quente, além de poderem ser usados para auto-proteção.

Nas missões com os submarinos, os Recce usavam um gerador de som (pinger) para o submarino poder detectar com o sonar. Usam o periscópio para passar entre uma corda entre os dois caiaques e rebocam para águas mais profunda antes de realizar e recuperação com mais segurança na superfície. Se for necessário recuperar rapidamente, os Recce podem afundar as embarcações pneumáticas para entrar mais rápido nos submarinos. As lanchas de ataque apoiavam os submarinos podendo fazer busca e salvamento de emergência.

Os submarinos usavam tripulantes armados com fuzil calibre 7,62mm na vela para enfrentar possíveis ameaças. Testaram um canhão automático de 20mm no convés para apoiar exfiltração quente, mas o conflito terminou antes de ter oportunidade de ser usado.

Os navios que participam das operações clandestinas sempre levam uma equipe médica das unidades de forças especiais para estabilização de feridos. São dois médicos em cada lancha de ataque ou submarino. Os submarinos levando dois médicos mostraram ser necessários. Uma equipe cirúrgica com cirurgião, anestesista e equipe médica fica posicionada nos navios de apoio. Feridos mais graves que não podem ser tratados a bordo podiam ser levado até a terra com os helicópteros Puma ou Alouette III. As lanchas de ataque ficam posicionados a cerca de 100 milhas da costa ou um tempo de resposta de 4 horas para apoiar submarinos em posição avançada para apoiar feridos ou apoio de emergência. Já os navios de apoio podem responder em 8 horas para receber feridos mais graves.

As operações citadas mostram como um navio de apoio de combate com capacidade de realizar missões de escolta, apoio logístico e anfíbio poderia atuar em apoio aos COMANF e GRUMEC ou apoiar um submarino em posição avançada infiltrando os COMANF e GRUMEC. São exemplos das capacidades citadas como atuar como transporte rápido, nave mãe, C2 e apoio médico.

O exemplo das operações na África exigem uma operação clandestina. Um cenário que não exige operações clandestinas poderia resultar em bombardeio naval contra alvos em terra, disparo de mísseis de cruzeiro, drones letais e ataques aéreos. As distancias do alvo e defesas no local indicariam a melhor plataforma para a missão convencional.

As distancias mais longas que as lanchas rápidas da África do Sul tiveram que cobrir foi a 2.700km do porto aliado mais próximo. A distância equivale a ir do Rio de Janeiro até Fortaleza no Ceara. Buenos Aires estaria na metade desta distância. Partir de Belém até o Caribe seria mais de 3 mil km. Cruzar o Atlântico para atacar alvos na África significa navegar 2.800km de Natal até Serra Leoa, ou 5.800km do Rio de Janeiro até a África do Sul.

Os meios equivalente da MB as lanchas de ataque da África do Sul seriam os navios patrulha como a classe Grajaú e até os NPaOc Apa classe Amazonas apoiados por navios hidrográficos, mas os cenários no Atlântico Sul exigem uma plataforma bem maior. Os COMANF já usam fragatas e submarinos para treinar infiltração. Na US Navy seria missão dos LCS que é basicamente uma lancha de ataque maior com convés flexível e convés de voo.

Com as distâncias exigindo um navio grande, seria necessário manter uma boa distância da costa, ficando geralmente além da linha do horizonte. O uso de lanchas de assalto rápidas com capacidade de infiltração além do horizonte seria necessária. Um exemplo é a Combatant Craft Assault (CCA) usadas pelos SEALs.

Recursos modernos podem substituir ou complementar algumas funções como o FLIR de longo alcance fazendo reconhecimento de praia antes do desembarque. Drones podem fazer parte das operações de reconhecimento e os drones letais substituiriam os COMANF e GRUMEC em algumas missões de sabotagem.

Lanchas Barracudas em uma lancha de ataque da África do Sul.

O navio "fantasma" Carolyn Chouest usado pelo SOCOM para apoiar operações clandestinas tem como equivalente na MB os navios hidrográficos. A foto mostra uma lancha furtiva Combatant Craft Assault (CCA) usada para infiltração além do horizonte.

 

Patrulha oceânica

As patrulhas de longo alcance e a patrulha oceânica costumam ser realizadas além das 12 milhas do mar territorial. Seria uma função secundária dos navios de apoio de combate pois estaria superdimensionado para a missão. Uma característica necessárias para os navios de patrulha oceânica é ter um comprimento maior que 90 metros para diminuir o balanço do navio e não afetar muito o desempenho dos tripulantes.

Por outro lado, o navio-patrulha oceânico Apa (classe Amazonas) realizou patrulhas na costa do Líbano em 2015 durante 110 dias. Os navios da MB costumam operar por cerca de seis meses como parte da FTM-UNIFIL e um navio grande teria vantagens como no caso do conforto dos tripulantes em viagens muito longas. Um navio de apoio de combate pode ser usado como plataforma de apoio para operações de segurança marítima como proteção de navios como contra-terrorismo, combate ao tráfico de droga e outros atos ilícitos no mar, sanções marítimas, proteção ambiental, aplicação da lei e aplicações de bloqueio.

As operações de baixa intensidade (LIC - Limited Intensity Conflits) ou guerra assimétrica incluem a caça os piratas. Caçar piratas sempre foi uma das funções das marinhas sendo chamada de segurança marítima (Maritime Secutity Operations) ou interdição das linhas marítimas de comunicações (SLOC). As missões de interdição marítima (MIO - Maritime Interdiction Operations) são as operações como embargos, sanções e contra-terrorismo.

Em 1993, a US Navy enviava contratorpedeiros da classe Burke para patrulhas as águas do Haiti apoiando missões de paz. O navio custa pelo menos 10 vezes mais que uma navio patrulha oceânico. Seria uma missão que seria realizada depois prioritariamente pelos LCS. O LCS é até mais bem mais equipado para levar embarcações pneumáticas para abordagem. Um requisito era a instalação de um sensor FLIR para identificação de contatos a noite quando cobriam "caixas" de 18 x 18 km.

Desde a década de 2000 que a costa da Somália vem sendo um local de alto risco para ataques de piratas contra navios mercantes. A MB já estudou o envio de uma fragata para a região para combate a pirataria como parte de uma força tarefa mundial em ação no local. O MV Ocean Trader do SOCOM foi uma boa escolha por ter aparência de navio mercante e pode até ser uma isca para piratas. Os recursos adicionais necessários para a missão são drones de vigilância aérea, helicópteros e embarcações semi-rígidas (RHIB) para interceptação e abordagem.

Em 2009, a US Navy enviou uma fragata, um contratorpedeiro e um navio anfíbio para auxiliar no resgate dos tripulantes do navio mercante Maersk Alabama que tinha sido tomado por piratas da Somália. Apenas um navio de apoio de combate como o MV Ocean Trader operado pelo SOCOM, ou similar, seria necessário para apoiar os drones, helicópteros e forças especiais usados na operação.

Em 2011, piratas na Somália tomaram o navio indonésio MV Sinar Kudus para pedir resgate. O governo indonésio considerou um assalto anfíbio na Somália para resgatar os reféns dos piratas. A Força Tarefa incluía duas fragatas e um navio anfíbio com cinco blindados BMP-3, quatro obuseiros LG-1, sete botes semi-rígidos e 18 botes infláveis e um helicóptero Bell 412. O desembarque seria na praia de Cell Dhahanaan (El Dhanan) a 500 metros da vila onde viviam milhares de piratas e suas famílias. O governo da Somália autorizou a operação. O plano A era tomar o navio ainda no mar. O plano B seria atacar o navio Sinar Kudus ao ancorar em terra e o plano C era tomar o local. Os tripulantes foram liberados ainda no navio.

A Royal Navy usa suas fragatas Type 23 para interditar o tráfico de drogas no oceano Indico, principalmente vindo do Afeganistão que produz cerca de 90% do ópio do mundo. O padrão de navios suspeitos é navegar longe das rotas usuais e geralmente é um navio pesqueiro sem características próprias como varas ou redes de pesca ao redor do navio. A suspeita aumenta ainda mais quando a equipe de abordagem não encontra cargas e passa a procurar o esconderijo das drogas.

Os britânicos usam duas embarcações semi-rígidas para a abordagem. Cada um leva uma equipe de abordagem com quatro tropas dos Commandos superarmados e especializados em operações de abordagem. Cada embarcação semi-rígida está equipada com uma metralhadora calibre 7,62mm e uma embarcação é usada para apoiar a outra. A fragata também apóia com canhão de 114mm, dois canhões automáticos de 30mm e o helicóptero Lynx.

As embarcações são lançadas além do horizonte para conseguir surpresa pois o processo demora. No início da perseguição as embarcações ficam escondidas atrás da fragata para se aproximarem sem levantar suspeitas. A presença só é revelada nos últimos minutos para realizar a abordagem. O helicóptero Lynx fica preparado no convés, mas pode voar a frente do navio coletando informações para a força abordagem. O Lynx também pode levar dois Commandos sniper sendo um equipado com fuzil anti-material.
 


Nas missões de abordagem são usadas Embarcações Tubulares Rígidas Híbrida. No caso de captura de prisioneiros (Captured Personnel - CPERS), um navio de apoio de combate precisa de módulos de cadeia para os prisioneiros. A foto é de uma equipe de fuzileiros italianos apoiados por um navio anfíbio.

Módulos da Crossover para missões anti-pirataria. O navio atua como navio mãe apoiando a operação de forças de abordagem, embarcações rápidas, helicópteros e drones.

A Holanda usava fragatas para patrulhar suas colônias no Caribe em missões anti-pirataria, anti-contrabando, estabilização e segurança. Eram navios caros de comprar e operar nesta função. A solução foi projetar os navios patrulha oceânica da classe Holland com o tamanho de uma fragata para operações de longo alcance e longa duração. Outra função é fazer transporte emergencial. O navio tem espaço adicional para 40 tropas além dos 54 tripulantes. Os navios podem ser modificados para atuar como escoltas adicionando sensores e armas.

Fragata ANZAC australiana. Um detalhe é a blindagem aplicada ao redor da ponte de comando. Os mísseis anti-navio deixaram a blindagem dos navios obsoleta. Agora a blindagem voltou a ter importância contra ameaças assimétricas como terroristas, piratas, drones e armas portáteis. A blindagem pode ser adicionada ao redor da propulsão para evitar a perda da mobilidade, no CIC, depósitos de munição para evitar uma explosão catastrófica e nas acomodações. Durante a Guerra das Malvinas, os tripulantes dos navios britânicos atingidos pelos canhões de 30mm viam que não tinham como se proteger se escondendo atrás de locais aparentemente resistentes.



Busca e salvamento

Busca e salvamento em alto mar seria outra missão de um navio de apoio de combate. Um bom exemplo é o voo 447 que caiu no meio do Atlântico em junho de 2009. A MB enviou as escoltas Constituição e a Jaceguai para apoiar as buscas. Foram apoiados pelo navio tanque Gastão Motta. Também atuaram o navio-patrulha Grajaú e a corveta Caboclo. Navios franceses também auxiliaram nas buscas.

Não havia necessidade de enviar navios tão sofisticados e sim navios mais simples com grande autonomia capazes de operar em alto mar como os navios de patrulha oceânicos classe Amazônia que não estavam disponíveis na época.

A missão mais comum é enviar um fragata para evacuação de doente em navios mercantes em alto mar ou atuar como base de reabastecimento de helicóptero para aumentar o raio de ação em missões de evacuação médica (EVAM).

Um tipo de missão de busca e salvamento de combate (CSAR) pré-planejada é a "lifeguard" ou "plane guard". São navios preposicionados nas rotas de aeronaves operando sobre o mar para apoiar incursões aéreas de longo alcance. O navio pode ser uma base para helicóptero CSAR apoiando aeronaves operando em terra. Na Segunda Guerra Mundial, a US Navy usava até submarinos em posição avançadas na frente de batalha na função de lifeguard. Durante a Guerra do Vietnã, contratorpedeiros e cruzadores da US Navy ficavam em posição avançada na costa do Vietnã do Norte para lançar helicópteros de resgate HH-3 ou HH-2 para resgatar pilotos abatidos.

O resgate do voo 447 foi apoiado por vários navios da MB. O local era no meio do Atlântico e precisava do apoio de navios de grande porte.


Navio Escola

O Navio Escola Brasil (U27) foi incorporado à Marinha do Brasil em 1986 e está chegando no fim da vida útil. Um navio de apoio de combate pode ser um dos substitutos aproveitando a modularidade para realizar mais uma missão. O navio escola usado anteriormente era um navio de transporte de tropas adaptados como o Custódio de Mello. O navio tem como missão secundária atuar como como navio-hospital para evacuação de baixas ou não-combatentes.

O NE Brasil foi baseado no casco da fragata classe Niterói com o armamento removido e o espaço interno modificado para alojar o pessoal adicional e instalar o equipamento necessário à instrução. O navio recebeu um Centro de Informações de Combate (CIC) equipado com Sistema de Controle Tático, Comando e Controle SICONTA. Os recursos de ensino a bordo incluem: Sistema de Simulação Tática e Treinamento SSTT-2; simulador nacionalizado de controle de avarias; compartimento de direção de tiro; compartimento para ensino de navegação com diversos equipamentos de repetição; auditório com 206 lugares; duas salas de aula; e circuito fechado de TV.

O navio pode levar mais de 150 guardas-marinha além de 32 oficiais e 219 praças. O NE Brasil passa de cinco a seis meses por ano no exterior, adestrando a turma de guardas-marinha saída da Escola Naval em dezembro do ano anterior.

Um navio de apoio de combate com um grande convés flexível pode ter a área utilizada para formaturas, recepções diplomáticas ou instrução. O local receberia os contêineres especializados com o SSTT, além de salas de aula, laboratórios e estúdio de TV. Parte da área poderia ser convertida em auditório. Com um ritmo operacional alto, mais de um navio seria necessário para receber os módulos de ensino e dividir a função de navio escolta.

Várias marinhas operam com navio escola. Até a Segunda Guerra Mundial eram os cruzadores obsoletos onde os cadetes treinavam todas as habilidades necessárias. Um navio que merece nota é o cruzador de treinamento Deutschland de 5.600 toneladas que foi operado pela Marinha alemã após a Segunda Guerra. O navio atuaria como navio multipropósito em tempo de guerra podendo atuar como transporte de tropas, navio hospital, lança minas e navio escolta.


O navio escola Brasil está chegando no fim da sua vida útil.

O novo navio escola da Coréia do Sul é o ROKS Hansando que entrou em serviço em 2021. O navio desloca 4.500 toneladas e pode apoiar 300 cadetes.

Ponte simulada a bordo do Hansando.
 

 

Voltar ao Sistemas de Armas                                 2021 ©Sistemas de Armas